Charlie estava encarando a janela há trinta minutos, fazia um mês que Nick tinha viajado e ele ainda não tinha consegui ir visita-lo por conta de grana. Tao e Isaac queria doar suas economias para ajuda-lo, mas o garoto rejeitou. Seu pai estava passando por um momento difícil, Nick queria custear sua passagem, mas ele disse que faria isso sozinho.
A família de Charlie estava economizando para quando ele também fosse para a faculdade, não dava para exigir muito deles. O garoto viu um anúncio de emprego e se candidatou a vaga, era num lanchonete que pagava super mal, mas se trabalhasse duas semanas conseguiria completar o dinheiro.
– Charlie! – O professor chamou.
– Senhor?
– O diretor está lhe chamando em sua sala.
Um burburinho encheu o ambiente e algumas risadinhas, mas Charlie nem se importou.
– O que será? – Tao sussurrou.
– Não faço ideia.
Charlie cruzou a escola e entrou na sala da secretária, a mulher o recebeu sorrindo e o guiou até o gabinete onde o direitor ficava.
– Bom dia, Sr. Spring, sente-se.
– Bom dia.
– Há algumas semanas, antes mesmo do início das aulas, você me enviou um e-mail perguntando se aluno com boletim A tinham possibilidade de encerrar o ano letivo mais rápido ou saltar um ano.
Charlie se sobressaltou. Ele tinha esquecido completamente desse e-mail. Depois da partida de Nick tudo ficou tão triste e desanimado, Charlie quase saía de casa, só quando Tao, Elle e Isaac o arrastavam para a noite de cinema.
– Sim, eu lembro.
– Bom, eu conversei com o conselho estudantil, apresentei seus boletins e o conselho entrou em contato com o Ministério. A escola já fez isso uma vez antes e acho que podemos fazer de novo, tendo em vista suas notas e a motivação. – O homem bebeu um gole de água e voltou a falar. – Sei que Nicolas Nelson já está na faculdade e sei sobre o relacionamento de vocês. Bom, o amor é mesmo a força mais poderosa que o mundo possui. Você vai cursar o segundo ano em horário regular e fará provas semanalmente sobre os conteúdos do próximo semestre, se você se manter com notas A encerramos o seu ano letivo seis meses antes do previsto e assim você vai para NYU.
O próximo vestibular seria exatamente no fim do semestre. Se Charlie fosse aprovado estaria com Nick bem antes do esperado.
– Meu Deus! Eu vou estudar muito, Sr. Vou manter as minhas médias e passarei em todas as provas.
– Eu torço para isso, Sr. Spring.
Charlie encontrou seu professor de Artes no caminho de volta, aproveitou que já era o intervalo e lhe contou a novidade.
– Fico muito feliz por vocês, Charlie. – Disse Sr. Ajayi. – Fico feliz que você tenha encontrado o amor e esse tenha sido recíproco.
– E tá sendo difícil ficar longe dele. Meu Deus, como é difícil. – Lamentou-se o garoto.
– Ei, você não pode condicionar a sua felicidade a Nick, por mais que o ame tem que se amar primeiro e ser feliz com a sua companhia. Não o ponha num pedestal, ele é humano, pode errar com você em algum momento. Tenha isso em mente para não se tornar tão frágil emocionalmente. O ame com tudo, intensamente, dá mesma forma que eu vejo que ele faz, mas viva. Tenha a sua vida. Dessa forma você não sobrecarrega o relacionamento e nem impõe como responsabilidade dele a sua felicidade e bem-estar. – Disse o professor.
– Nossa...
– Pense sobre isso.
O resto do dia foi tranquilo, as palavras do Sr. Ajayi naõ saíram da mente de Charlie. Ele ligou para Nick e contou sobre a novidade.
"Isso é perfeito, Charlie. Eu estou tão feliz. Eu estou explodindo de felicidade, meu amor. Seis meses a menos de saudade."
"Sim, amor. Eu tô muito feliz. Eu me candidatei a um emprego de meio período, em duas semanas terei dinheiro suficiente para comprar as passagens."
"Eu posso comprar as passagens, amor, já falei."
"Nick, eu vou trabalhar. Tenho que me manter ocupado, tenho que viver, que começar a ter a minha independência. Eu preciso ocupar a minha mente."
"Como você está, bebê? Parece triste."
"Bom, eu estava muito triste, mas conversei com o Sr. Ajayi e ele me aconselhou a ser mais independente emocionalmente, não posso jogar o peso da minha felicidade em cima de você e nem exigir nada. O nosso é recíproco e eu quero te fazer feliz, mas quero que você esteja feliz aí com a sua nova realidade. Eu te amo muito, Nick."
"Nossa.... Como você amadureceu em tão pouco tempo. Estou orgulhoso de você, meu amor. Estou me adaptando, mas sinto muito a sua falta. Adoraria dividir meu quarto e a minha nova realidade com você. Te amo, bebê."
Charlie contou como seria sua nova rotina de estudo e os dois estabeleceram horários para conversar.
No dia seguinte o mais novo acordou cedo para ir até a lanchonete onde pretendia trabalhar.
– Bom dia! –Disse aos pais. – Pai, pode me dar uma carona até a lanchonete Duda's?
– Claro, filho, mas o que você vai fazer lá a essa hora?
– Vou para uma entrevista de emprego. Tem uma vaga de atendente de meio período e eu vou me candidatar para custear as minhas visitas a Nick. Preciso manter minha mente ocupada também.
– Filho, mas...
– Mãe, eu que vocês estão economizando, não posso exigir mais nada. Meu namoro é minha responsabilidade, não posso sobrecarregar Nick. Ah, eu tenho uma novidade.
Charlie contou a conversa que teve com o diretor da escola.
– Charlie, isso é muito bom. Fico orgulhoso de saber que com suas notas o colégio consegue te ajudar a concluir mais rápido. –Disse o pai abraçando o garoto.
– Ser nerd tem as suas vantagens. – Disse Tori da porta. – Estou feliz por vocês, sei que Nick deve estar saltitante com essa notícia.
– Ele está.
– Estou orgulhosa de você, Charlie. – Disse a mãe do garoto indo abraçá-lo. – Você está amadurecendo.
Charlie chegou a lanchonete e se candidatou a vaga, o gerente disse que a entrevista seria em alguns minutos. O homem de meia idade o levou até o seu escritório e o indicou a cadeira.
– Charles Spring, muito prazer. O que você estava dizendo?
O garoto explicou a sua situação na escola e futuramente faculdade, explicou seu objetivo de duas semanas e disse que após a viagem continuaria trabalhando.
– ... Mas durante os seis meses eu viajarei pelo menos um fim de semana por mês. –Explicou.
– Eu já vi muitas razões pelas quais se trabalhar e desde a da bíblia, onde Jacó trabalhou 14 anos por Raquel, eu nunca mais tinha visto algo parecido. A vaga é sua, garoto.
– Obrigado!
Charlie pegou um táxi e voltou para casa, era terça-feira e ele iniciaria no dia seguinte. Em poucas dias estaria com Nick e tudo faria sentido novamente, tudo se encaixaria, tudo ficaria bem.Nick ouviu batidas na porta do quarto e a voz de Tom do outro lado. Ele deu alguns passos arrastados até conseguir abrir.
– E ai jogador de rúgbi, hoje tem festa de boas-vindas, você não vai? – Perguntou sorrindo, parecia meio alcoolizado.
– E ai, cara, eu acho que vou ficar por aqui mesmo.
– Qual é novato? Você está na faculdade, venha comemorar um pouco. – Disse.
– É cara, vamos lá. – Disse outro garoto no corredor.
Nick avaliou por alguns segundos. Não faria nada de errado e nem voltaria muito tarde. Ele decidiu que seria legal conhecer mais pessoas. Ele rapidamente mandou uma mensagem para Charlie avisando onde estaria, vestiu uma camisa e a jaqueta.
– Vamos lá.
– É isso aí! – Os garotos gritaram.
A festa estava lotada. Jovens adultos dançavam e gritavam para todos os lados, Nick ficou assustado com a quantidade de álcool e drogas num mesmo ambiente.
– Se mistura, conhece a galera, os meninos do rúgbi estão aqui. – Disse Tom aos gritos indo na direção da pista de dança;
Nick concordou com a cabeça e saiu em direção ao bar. Ele sentou no primeiro banco disponível e pediu água.
– Uau, um universitário tomando água na festa de "Boas-vindas", isso é algo que não se vê todo dia. – Disse uma garota ao lado.
Nick ficou surpreso ao notar que era a garota do avião. Ele sorriu e pareceu envergonhado.
– Eu não bebo álcool. Me considero novo demais e como sou atleta, evito. –Explicou.
A garota fez uma expressão de surpresa e brindou com o seu como de Whisky.
– Com foi o primeiro mês?
– Foi bem difícil, mas estou me adaptando. É normal outra festa de "boas-vindas"? – A garota riu.
– Toda semana tem festa de "boas-vindas", você estava focado demais para perceber. Os universitários arranjam qualquer motivos para encher a cara.
– Nossa, isso deve ser péssimo no dia seguinte.
– Você acostuma. E ai, tá feliz com o curso? O que você cursa?
– Arquitetura.
– Uau, por essa eu não esperava.
– Mas eu sou atleta do time de rúgbi. Esse é o meu foco.
– Imaginei mesmo, você é enorme e muito forte. – Nick corou. – Você não me disse seu nome, garoto do rúgbi.
– Nick. Nick Nelson.
– Lilian Collin, o prazer é todo meu.
– Bom, Lilian, eu já vou indo embora. Obrigado pela conversa, mas essas festas aqui não são para mim.
– Calma. – Ela segurou o braço de Nick, que já estava ficando de pé. – Fica mais um pouco.
– Eu preciso acordar cedo amanhã, aproveite a festa. – Disse soltando seu braço.
– Espero te ver em breve.
– A gente se vê por aí.– Disse caminhando em direção a saída.
Nick cruzou o campus a passos lentos, ele estava observando as poucas estrelas visíveis no céu e pensava em Charlie.
– E ai, Nick. – Disse Alisson voltando da festa. – Não gostou da festa também?
– Não faz muito o meu estilo.
– É, nem o meu. Essa galera adora beber e se pegar, as festas são programadas com esse intuito.
– Eu não tenho esse intuito.
– Nem eu, já tenho a minha gata. Ela chega no próximo semestre e eu estou muito animado com isso. Meu irmão também namora, o namorado dele está em outra universidade e tem sido muito difícil pra eles.
– Meu namorado está no último ano, ele vem para NYU também. Estou esperando...
– E está com saudades pelo visto. – Alisson riu e Nick também. – Eu sei bem como é isso, cara.
– Mas vamos conseguir, juntos.
– Não tenho dúvida.
Os garotos entraram no prédio e cada um foi para o seu quarto. Nick estava feliz de ter feito uma boa amizade. Ele enviou uma mensagem a Charlie antes de dormir e avisou que já estava de volta ao alojamento.
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HEARTSTOPPER
FanfictionA história é uma continuação da série da Netflix. Não possui spoiler do terceiro livro/HQ. CHEGAMOS AO TOP #1 TANTAS VEZES QUE PERDI A CONTA