Trinta dias se passaram. Charlie estava uma pilha de nervos, a carta da faculdade estava em suas mãos e ele não tinha aberto ainda. Suas mãos tremiam quando ele atendeu a vídeo-chamada de Nick.
– Oi.
– Oi.
– Nossa, você tá tremendo! – Nick riu. – Tenho certeza que passou.
– Eu estou muito nervoso! – Charlie berrou abrindo o envelope.
– Lê em voz alta, por favor.
– "É com grande satisfação que parabenizamos você por sua entrada na Faculdade.".
– Ihuuuuuul, você é o melhor! Meu nerdzinho!
– Eu passei! Eu passei! Eu vou desmaiar!
Charlie correu pela casa e encontrou seus pais, ele deu a notícia e o casal comemorou com ele. Nick ainda estava na chamada e adoro ver a reação do namorado. Eles tinham muito a fazer agora, faltava vinte de dias para o início do semestre e ele precisava organizar muita coisa.
– Char, agora você tem direito ao seu dormitório também, a partir do início do semestre, claro. Mas já estou com a lista de apartamentos para vermos.
– Vou pegar as economias que meus pais juntaram, fazer as malas e voar o mais rápido possível para te encontrar. Não aguento mais essa saudade.
– Estou sonhando com você aqui, Char. Já estou de malas prontas para mudarmos pro nosso cantinho. É surreal imaginar isso. – Disse sorrindo.
– Estamos mesmo indo morar juntos? Eu nunca pensei que isso aconteceria quando começamos.
De repente Charlie começou a chorar ao lembrar de tudo que viveram até o momento, ele estava sensível por conta da saudade que trucidava seu peito e tudo que mais queria era estar com Nick outra vez.
– Não chore, bebê. Estaremos juntos em breve e eu prometo Char, nunca mais ficaremos longe um do outro.
– Estou com muita saudade.
– Então venha amanhã mesmo, arrume tudo e venha, nós damos um jeito. – Nick disse fazendo Charlie sorrir.
– Eu tenho que organizar tudo, pegar meus documentos na escola, me despedir dos nossos amigos, até amanhã não dá tempo.
– Ajeitei tudo e venha o mais rápido possível.
– Tá bem, vou ter que desligar agora.
Charlie desligou e o celular e se jogou na cama gritando de felicidade, estava finalmente livre para encontrar Nick e grudar nele. Ele decidiu ir a escola dar a boa notícia e recolher os documentos necessários para sua matrícula.
Os pais não estavam mais em casa, portanto, ele teria que ir de ônibus. Charlie saiu de casa e foi caminhando até a parada do ônibus, mas havia algo estranho, ele notou um carro o seguindo. O garoto trocou de calçada e apressou o passo, o carro sumiu e ele respirou aliviado, mas ao voltar para a avenida principal foi encurralado em uma esquina.
– Oi, Charles. Saudade de você. – Era Lucca.
Charlie quase não reconheceu o garoto, estava mais magro, descabelado, com a aparência de quem não dormia há dias.
– Lucca?
– Entra no carro, Charlie. – Ele sacou uma arma e destravou apontando para Charlie.
Sem saída Charlie entrou.
– Você está louco, se acontecer alguma coisa comigo a polícia da cidade inteira vai atrás de você.
– E VOCÊ ACHA QUE EU TENHO MAIS ALGUMA COISA A PERDER? – Ele gritou parecendo descontrolado. – Depois da tua saída e do registro do boletim minha ficha ficou marcada novamente, eu fui demitido, despejado e sem comida. Eu estou morando nesse carro e isso é tudo que eu tenho.
– E você acha que eu deveria sentir pena? Você me atacou, me assediou, se Nick não tivesse aparece sabe-se lá o que mais você teria feito.
– NÃO FALA DESSE MERDINHA! Agora você vai morrer, nem ele e nem eu. E você vai para o inferno por ser tão pecador e mesquinho.
Charlie decidiu ficar calado, estava tremendo e com medo de atiçar ainda mais o ódio do outro. Ele viu Lucca atravessar a cidade e pegar a rodovia, não fazia ideia de para onde estavam indo, mas precisava pensar em algo para sair dali.
– Você sabe que eu não ia te forçar a nada, certo? Mas aí aquele merdinha tinha que aparecer para estragar as coisas. Você ia ceder, estava carente e sozinho. Eu só queria ter tido a chance de fazer você feliz Charles.
Lucca entrou numa estrada na terra as margens da rodovia que levava para fora da cidade e dirigiu mato a dentro.
– Para onde estamos indo?
– Eu sempre vinha aqui acampar com meu pai, conheço cada árvore desse lugar. Tem uma cabana mais na frente e ninguém sabe desse lugar. É perfeito.
Charlie engoliu em seco e apertou o banco do carro, suas mãos suavam enquanto pequenas lágrimas caiam de seus olhos. Estava com medo e assustado, Lucca estava armado, fora de controle e havia uma mochila no banco detrás. Cordas e uma algema no chão, aos pés de Charlie.
– Por favor me deixa voltar para casa.
– Não, agora é tarde demais. Você acabou com a minha vida, Nick acabou com a minha vida e eu vou tirar tudo dele e de você. – O olhar de Lucca era assustador.
O carro foi estacionado de qualquer jeito, Lucca pegou a mochila e puxou Charlie para fora do carro, pegou também a corda e as algemas. Ele empurrou Charlie para dentro da cabana ainda com a arma engatilhada e apontada para ele.
O lugar estava nojento havia lixo e poeira por todos os lados. Lucca jogou as coisas no chão e empurrou Charlie para algemá-lo e amarrá-lo.
– Por favor, não faz isso! Você vai ser preso.
– Já disse que não tenho nada a perder, Charlie. Vocês tiraram tudo de mm e tudo que eu queria era ficar com você. E agora, nada me impede de te beijar. – Ele riu descontrolado.
Charlie se arrastou pelo chão ficando o mais longe possível de Lucca e se pôs entre a parede e a chaminé. Lucca ficou de quatro apoios e engatinhou para cima de Charlie.
– Por favor, Lucca!
– Cala a boca!
Lucca segurou o rosto de Charlie e o beijou. Ele tentou, mas Charlie não retribuiu, o garoto se afastou e deferiu um tapa no rosto de Charles.
– Da próxima vez em beijar de volta, seu idiota mesquinho.
Lucca pegou a mochila e retirou os suprimentos que estavam nela, jogou um colchonete para Charlie e arrumou dele ao lado. Pôs as latas de comida em cima de mesa de centro que tinha ao lado e então o celular de Charlie tocou.
– Droga, esqueci de tirar teu celular, mas não é como se fosse conseguisse mexer. – Riu e pegou o aparelho no bolso de Charlie.
Ele jogou o aparelho do outro lado da sala e deixou ligado para Charlie ouvir as chamadas e mensagens, mas nunca responder.
Horas depois anoiteceu, Lucca deu comida na boca de Charlie enquanto o celular tocava insistentemente. O aparelho tocou e notificou o dia inteiro.
– Que inferno esse celular! – Lucca pegou o aparelho impaciente e silenciou. – Quinze ligações do papai e mais vinte e cinco de Nick. "Bebê, onde você está estamos preocupados." – Leu a mensagem forçando a voz.
Lágrimas caíram no rosto de Charlie enquanto ele imaginava o desespero da família e do namorado.
– Se você me soltar eu não te denuncio. Por favor, Lucca.
– NÃO!!!! Cala a porra da boca! Deita ai agora que nós vamos dormir juntos.
Charlie se deitou como pode, algemado e amarado ele mal podia relaxar. Lucca o abraçou e Charlie teve a certeza que não dormiria a noite toda.

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HEARTSTOPPER
FanfictionA história é uma continuação da série da Netflix. Não possui spoiler do terceiro livro/HQ. CHEGAMOS AO TOP #1 TANTAS VEZES QUE PERDI A CONTA