Reencontro II

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Charlie estava ansioso para o seu primeiro dia de trabalho, ele chegou cedo para esperar a troca de turno. O gerente se chamava Garry, parecia um cara legal.

– Oi Charles, boa tarde. Seja bem-vindo. Eu vou te apresentar a equipe, vamos. – O homem o guiou para detrás do balcão e chamou os atendentes até a cozinha, mas antes fez a gentileza de lhe entregar o fardamento novo e mostrar onde ele poderia guardar seus itens pessoais.

– Boa tarde, Garry.

– Pessoal, esse é o Charles Spring, ele vai trabalhar durante meio período conosco.

Charles tem um objetivo muito nobre e eu conto com vocês para ajudá-lo no desenvolvimento das suas atividades aqui no Duda's. Hoje ele vai ficar no balcão e no atendimento as mesas e ao longo das semanas ele vai fazer um rodízio para conhecer todas as funções. Luca, você fica responsável por ele. Luca era o balconista, Charles sorriu para o garoto e se apresentou.

– Muito prazer.

– Oi Charles, o prazer é meu. Pode ficar tranquilo que eu vou te ajudar.

– Obrigado, vou me esforçar para aprender rápido.

O horário de pico estava para começar, algumas pessoas que trabalhavam por perto almoçavam no Duda's e a lanchonete logo ficou cheia. Charles ia de mesa em mesa anotando pedidos e levando-os ao balcão, em seguida passava para a cozinha. Luca recebia os pagamentos e entregava os pedidos.

Eles criaram um sincronismo e o trabalho fluiu. Ás 20 h o pai de Charles foi buscá-lo.

– Eu ainda fico até as 22 h, obrigado por hoje, você se saiu muito bem. – Disse Luca.

– Eu que agradeço a paciência, troquei alguns pedidos, me atrapalhei com as bandejas... – Sorriu envergonhado.

– Para um iniciante você foi ótimo, eu já treinei alguns e posso dizer.

– Fico feliz com isso. Até amanhã.

– Boa noite, Charles.

A rotina de Charlie estava bem apertada, além das aulas ele estava estudando o dobro para as provas no fim do semestre e o vestibular no mesmo período. Precisava se manter focado nos estudos e agora no trabalho.

Mensagem:

"Ei, você anda tão sumido. Está bem? Quase não nos vemos no último mês." – Era Elle.

"Oi amiga, desculpe. Minha vida está uma loucura. Você sabe sobre as provas e agora tenho menos tempo livre por conta do trabalho no Duda's, mas estou muito feliz."

"Você está tão adulto, Charlie. É lindo tudo que está fazendo para estar com Nick, ele tem muita sorte de ter você."

"Ele faria o mesmo, sei o quanto está sofrendo com a distância. Até Sarah se preocupou com a tristeza dele. Eu tenho sorte de tê-lo."

"Uau, isso é lindo. Boa noite, sei que está cansado. Amanhã nos falamos mais. Beijo."

"Beijo, boa noite."

Charlie guardou o celular e fechou os olhos relaxando no banco.

– E como foi o primeiro dia? – Seu pai perguntou sorrindo.

O garoto sentia-se muito grato por ter aquele homem como seu pai. Sentia-se grato por Nick, por ter encontrado o amor e a reciprocidade nele. Tudo valeria a pena.

– Foi muito bom, eu me atrapalhei um pouco, mas o meu colega disse que eu fui muito bem para um iniciante. – Disse genuinamente feliz.

As semanas passaram voando, com a rotina acelerada Charlie só pensava em ver Nick. Ele recebeu seu pagamento semanal e comprou as passagens para sexta-feira, passaria o final de semana com Nick. Era pouquíssimo tempo tendo em vista a saudade e a quantidade de dias que não se viam, mas era tudo que eles tinham. A próxima viagem seria de Nick, ele viria 15 dias depois. Tentaria manter esse fluxo de visitas para amenizar a saudade, a experiência de um mês foi péssima.







Nick estava saindo do seu quarto, era sexta-feira e Charlie chegaria de viagem em algumas horas. Esse era o dia mais feliz desde a sua chegada ao campus. Ele chegou a sala de aula com um sorriso no rosto, Alisson apontou de longe e sorriu de volta.

– Deixa eu adivinhar, seu namorado está vindo te ver? – Nick sorriu abertamente.

– Está assim tão óbvio?

– Muito óbvio. – Alisson riu. – Você sabia que a maioria dos universitários recebe as visitas em seus quartos?

– Ele chega hoje. É o dia mais feliz desde que cheguei aqui. E não, eu não sabia. Achei que fosse proibido.

– Eu superentendo você, fico da mesma forma quando Kath vem. – Comentou Alisson. – Proibido é, mas raramente temos vistoria. Eu arriscaria, mas se quiserem privacidade...

– Eu fico com a privacidade. – Nick corou. – Mas eu quero te apresentar pra ele, assim quando ele vier no próximo semestre terá um amigo também.

– Claro, vai ser um prazer. Quando Kath vier seremos nó quatro contra NYU. – Os garotos riram da piada. – Que horas você vai buscá-lo?

– Só tenho aula no período da manhã, consegui alterar o roteiro da tarde. Acabando o primeiro tempo vou direto para o aeroporto buscá-lo.

Nick estava muito entusiasmado com a chegada de Charlie, alugou um quarto próximo para que os dois pudessem ficar juntos e a vontade. Lógico que o levaria ao seu dormitório, mas o plano era ficar agarradinha com ele e não soltar mais.

A aula de matemática avançada foi um sofrimento. Apesar de ter melhorado muito na matéria, Nick ainda tinha dificuldades. Aprendeu a gostar de matemática com Charlie, mas não era de longe bom como o namorado.

A manhã inteira foi maçante quando o professor dispensou os alunos Nick correu em direção a porta de saída. Ele andava a passos rápidos na direção do prédio de alojamento masculino quando sentiu seu braço ser puxado por alguém.

– Aonde vai com tanta pressa? – Era Lilian.

– Oi Lilian, tudo bem?

– Oi gatinho do rúgbi. Está melhorando agora. E aí, tá fugindo pra onde? –Nick corou e soltou-se do aperto da garota.

– Vou ao aeroporto buscar meu namorado. – A garota ergueu as sobrancelhas. – Podemos conversar depois? Estou atrasado.

– Claro. – Ela sorriu, mas não parecia feliz. – Posso ter a sua atenção quando ele não estiver aqui.

Nick não soube o que responder, apenas acenou e saiu. Basicamente ignorou o comentário idiota da garota. Ele tinha uma prioridade. Não estava na faculdade a procura de nada além de uma carreira, ele já tinha Charlie e Charlie era tudo que ele queria.

Chegou ao aeroporto bem na hora do desembarque, quase atrasado. O atleta correu pelo saguão em direção ao portão correto tentando não chamar muito atenção. O telão marcava o horário do desembarque de Charlie e Nick estava ansioso, eufórico e suando de tensão. Ele não tirava os olhos da saída até que viu seu pequeno Charlie olhando para todos os lados freneticamente. Ele procurou mais um pouco até que seus olhos pararam em Nick e ele sorriu. Charlie correu. Nick correu. Charlie soltou a mala e pulou nos braços de Nick que estava pronto para lhe segurar. Não havia mais distância, nem problemas, nem faculdade e nem saudade. Charlie chegou e tudo estava perfeito para Nick.

– Oi.

– Oi.

Os dois sorriram e se beijaram em seguida. Algumas pessoas em volta aplaudiram outras olhavam torto, eles se afastaram envergonhados.

– Saudade não define o que eu tô sentido, bebê. Como eu senti sua falta, parece que tem um buraco no meu coração. – Disse Nick beijando Charlie novamente.

– Eu esperei tanto por esse momento, amor. Meu Nick... – Charlie acariciou o rosto do namorado enquanto pequenas lágrimas caíam de seus olhos. – Eu te amo demais.

– Eu te amo muito, Char. Vem, vamos sair daqui.

HEARTSTOPPEROnde histórias criam vida. Descubra agora