Eles voltaram à mesma posição que estavam a momentos atrás, não o analisou uma segunda vez, apenas avançou em sua direção e quando estava a pouco metros de distância a jovem saltou, dando um mortal para a frente. Seu corpo deu um giro e puxando os joelhos sobre o peito, esticou a perna direita na direção dele, enquanto a esquerda ia para a frente do próprio corpo. Não esperou o corpo descer para dar um segundo golpe com a esquerda ao retrair a outra. Vallerius defendeu os dois golpes facilmente usando ambas as mãos, e não parecia nada surpreso, mesmo ela estando com a velocidade maior do que antes. Pousou sobre o chão com a perna direita, girando o corpo para a frente, um pouco antes de quase o punho dele passar por sua cabeça.
— Isso está começando a ficar tedioso... será que vou ter que socar sua cara toda até que finalmente você se solte? Eu lhe dei o suficiente para não acabar sendo morta garota, mas se não me entregar o que eu quero... terei que de fato fazer você desejar voltar pro colo do seu pai.
Alessia se afastou, de fato estava controlando a ira dentro de si, estava sempre controlando-a para que não a consumisse dês do primeiro dia que ela despertou. Somente quando perdia o controle de si que ela acaba por libertar aquela fera, pois sabia que aquilo se tornava completamente insano, uma fera sem nenhuma inibição. Sabia que ele era forte, mesmo após lhe dar um pouco de sangue podia sentir o poder, então se ele subjugar a fera que dormia dentro de si, talvez então ele realmente poderia lhe ajudar a ir além. Ela então abaixou os punhos, fechou os olhos lentamente e respirou. Puxou o ar uma primeira vez, deixando que este preenchesse os pulmões buscando aquilo que estava adormecido dentro de si. A cada vez que o ar fluía, sua mente ia mais fundo, deixando que as memórias aterradoras tomassem conta de tudo e somente um sentimento se mantinha. Primeiro a morte de Faer, por fim todas as vezes que seu pai a subestimou, assim como negou a ela de ir ao encontro de seu destino. Todos os anos de treinamento que passou, pelas dores e dias de frio, mas o que perpetuou foi a memória de sua mãe. E aquilo queimou como palha dentro de si, sentindo aquela onda invadir seu corpo, alterando sua respiração, invadindo sua mente tentando controlá-la e foi nesse instante que Alessia começou a refrear aquele sentimento, tentando contê-lo.
— Pare de limitar sua raiva... sinta-a, deixe que ela flua dentro de você criança. Seu pai foi muito burro ao limita-la e não a ensinou a usar todo o seu potencial. Isso que está dentro de você faz parte de quem você é, e enquanto não entender isso, sempre será uma fraca, inútil, incapaz sequer de servir para um bom casamento, sabe por que? Seu clã está fadado e tudo por que você é imprestável.
— Por que.... você... não... cala... essa BOCA! — Era como se ele implorasse por uma surra, e a cada palavra era como se incentivava a onda de raiva até o momento que explodiu, deixando que aquela fúria tomasse conta de todo o seu ser. E então a última coisa que se lembrava era de ter se lançado sobre ele, em uma velocidade tão grande que mal notou o espaço se estreitando entre eles,mas foi apenas por um instante e por fim, perdeu completamente sua consciência.
Acordou no que parecia ter sido horas depois, seu corpo doía como se estivesse sido atropelada por três carroças e cinco cavalos. Deveria ter tomado uma baita surra para se sentir tão dolorosa daquela forma e mesmo com o poder do sangue vampírico sobre seu corpo, parecia que ainda tinha que por muita coisa no lugar. A luz que surgia do além da janela do quarto indicava que estava no início da tarde, e seu estômago estava completamente vazio. Se quisesse comer alguma coisa que não fosse aquela carne estranha, o melhor seria voltar para a superfície e caçar alguma coisa para comer. Ainda sentindo o corpo doer, andou lentamente pelos corredores, e como no dia anterior não teve sinal de Vallerius, de forma que sozinha achou novamente o caminho para o grande salão onde estava o trono. O lugar parecia completamente vazio, era quase como se ele não existisse e se não fosse pelas dores que sentia no corpo, juraria que os dois últimos dias foram apenas um sonho estranho. Ainda não entendia como aquele castelo funcionava, de forma que ao passar pelo centro e olhar para cima podia ver a armadura sobre o teto, os braços e pernas abertas como se estivesse prestes a cair sobre sua cabeça e por fim mais a frente estava a estranha porta pelo qual havia entrado a no outro dia. Ao contrário do que havia visto antes a imagem que se movia como sombras a sua frente era a de um reino sendo construído a partir das trevas, como se o vortex que estava no centro do enorme portão a alguns metros acima estivesse cuspindo as sombras.
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Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das Trevas
VampireVocê já se perguntou por que o mundo possui monstros?Por que existem as trevas? Você já escutou o chamado dela? Alessia Galahti foi uma das poucas que escutou o chamado das trevas, e graças a um pacto feito por seu pai, ela é conduzida até uma anti...