— Você parece bastante inteligente para saber que nada do que tente fazer dará certo... Você está em meu reino criança, um mundo em que vivo a mais de séculos e a menos que eu permita, você jamais conseguirá sair daqui ilesa... Na verdade mesmo agora em que não posso usar todos os meus poderes, você sequer sairia viva. Não seja imprudente em me comparar com aqueles com quem lutou até agora Alessia. Aqueles eram meros peões sendo jogados para serem mortos, se aqueles que jogam esse jogo muito antes de sua família surgir, estivessem em campo, você e nenhum outro ser teria vivido por mais de poucos segundos.
— O que quer dizer com isso? Que aqueles que foram mortos em batalha morreram em vão? Que somos apenas lixos descartados? — As palavras indignadas de Alessia soaram demonstrando o quanto ela discordava dele. Por fim o homem se levantou, caminhando lentamente em sua direção com certo descaso.
— Exato, Alessia. A menos que você fique mais forte, que tenha mais poder e que se torne algo mais... Você não será nada além de uma peça de tabuleiro que pode simplesmente ser jogado do desfiladeiro. Se for isso que deseja criança, eu posso simplesmente poupar o trabalho e beber seu sangue até que morra de uma vez. — O homem dizia parando bem a frente dela, deixando sua presença pesar sobre a mesma.
— E como posso confiar em você?
— Sério que ainda me fez essa pergunta? Talvez eu tenha te superestimado e não seja tão inteligente assim. Eu salvei sua vida ainda criança inúmeras vezes e sabe disso muito bem. Eu posso te dar aquilo que você busca, mas antes terá que entender que é um caminho sem volta. - Ele ergueu a destra, de forma a tocar sutilmente seu pescoço com as unhas, arranhando-o de leve.
— O que quer dizer? - Perguntava Alessia, mantendo os olhos a encara-lo, sustentando seu olhar e ignorando o toque dele sobre seu pescoço.
— A única forma de conseguir o que quer, o poder que eu tenho é se tornando igual a mim. Você terá que se tornar um... como chama? Caminhante da Noite não é? Somente assim conseguirá todo o seu potencial. - A mão dele passou a envolver seu pescoço, como se enfatizando as palavras proferidas. Ele aproximou seu rosto do dela, de forma que ela pudesse ver suas presas, como um lembrete. Alessia parecia impassível, sabia que naquele momento não deveria demonstrar receio ou duvidas.
— Não conhece uma forma de me tornar uma lupina? Talvez seja...
— Não... na verdade não é tão simples assim, criança. A magia que sua mãe lançou é muito poderosa, entretanto se fosse somente isso já teria se dissipado como ocorreu com seu irmão mais novo. No seu caso, claramente seu próprio poder está alimentando a magia, o que mostra o tamanho do seu potencial. A magia que dorme dentro de você é tamanha que está mantendo o feitiço que sua mãe lançou. E a única forma de acabar com isso seria com sua morte, não tem escolha, ou vive como humana e inútil, ou morre. Mas por esse caminho, você irá ir além da morte, morrerá mas para nascer novamente. Qual caminho irá escolher? — Os olhos dourados a encaravam, fixos, enquanto ele levava a mão sobre seu pescoço a tocar em seu rosto, segurando o queixo, fazendo seus rostos se aproximarem. Alessia engoliu em seco com a aproximação, não era de se envergonhar, mas sua presença a deixava intimidada, não tinha como negar isso.
Não era nenhuma novidade o que ele lhe dizia sobre a magia que lhe fora lançada, já havia imaginado aquela altura que algo pudesse ter ocorrido para torná-la permanente. Mas o fato de ser sua própria magia isso a intrigava, afinal de contas será que foi por isso que sua mãe havia lançado aquele poder? Não, aquilo não importava naquele momento. Se ele estivesse certo ela nunca conseguiria ter o poder que queria e ser tão forte quanto seus irmãos, afinal até mesmo Cornnell havia se tornado muito mais forte do que ela, mesmo que estivesse menos tentado a se envolver com as guerras. Não, não podia viver sua vida dependendo dos outros para protegê-la, jamais se perdoaria se decidisse viver sua vida trancada no castelo esperando o momento que seriam destruídos. Não, ou ela tentava com a única chance que tinha ali, ou morreria tentando, mas jamais iria voltar atrás, não agora. Ela se volta para ele, os olhos o encarando com determinação e ao mesmo tempo com certa descrença, não sabia se podia confiar nele totalmente, mas se sabia de algo era que se ele quisesse apenas matá-la ele já o teria feito.
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Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das Trevas
VampirosVocê já se perguntou por que o mundo possui monstros?Por que existem as trevas? Você já escutou o chamado dela? Alessia Galahti foi uma das poucas que escutou o chamado das trevas, e graças a um pacto feito por seu pai, ela é conduzida até uma anti...