Minha cabeça doía, era uma dor latente que parecia embaralhar minhas memórias... Por que? justamente aquelas memórias? Lembrava de ter perdido a consciência e depois ao despertar ter me encontrado em uma espécie de prisão, ou algo do tipo em um lugar totalmente diferente.
Senti a terra abaixo de meu corpo, meus dedos se enterrando em meio a terra e pedra e pouco a pouco consegui recobrar a consciência, me levantando e me pondo de pé. Eu não estava mais perdida em minhas lembranças, eu estava no que deveria ter sido um salão circular mas que agora não passava de uma catacumba em ruínas. Não havia um ponto de luz em volta, mas ainda sim conseguia ver com clareza, atrás de mim estava uma antiga tumba feita de pedra presa a parede, ou um dia havia sido. Me levantei, notando somente agora que estava nua, meus passos oscilando enquanto minha cabeça continuava a doer, cada vez mais. Ando até o túmulo aberto, meus olhos notam o desenho do que parecia ser um antigo selo, por que? Quanto tempo?
— Arghhhh.... — Minha cabeça latejava, enquanto as memórias pulavam sobre meus olhos... Um reino destruído, chamas e escombros por todos os lados, a frente um homem jovem, de cabelos curtos e castanhos a encarava. Vertia sangue de uma ferida feita por sua espada, que perfurava seu peito, o corpo jazia morto a sua frente e a mera lembrança contaminava todo seu corpo com uma onda de raiva e ódio. Mas por que? Quem era aquele? O que estava havendo?
Ainda cambaleando ando em círculos até perceber uma pequena corrente de ar. Percebo que apesar dos escombros se me aperta consigo me esgueirar pelos cantos. Estava fraca demais para usar minhas habilidades, precisava de mais... mais sangue... aquela ardência em minha garganta me acompanhava junto com o latejar de memórias que lutavam para tomar minha consciência de novo. Logo o caminho se torna uma escalada e parece que durou uma eternidade até que finalmente o ar se tornava mais forte, mas puro para enfim sair, o céu noturno caindo sobre minha cabeça. Parecia ser os escombros do que um dia fora um castelo, boa parte dele não passava apenas de entulhos e pedras e certamente a passagem pelo qual vim era um antigo corredor que havia sido soterrado.
Outra onda de dor percorreu todo o meu ser enquanto, continuei cambaleando, andando a esmo sem saber para onde ia. Em algum momento adentrei a floresta, percorrendo os caminhos obscuros até perceber uma luz, um ponto ao longe perdido e conforme fui me aproximando fui percebendo que ia se tornando maior? Seria o dia amanhecendo? E foi com uma certa surpresa que percebi casas ao longe, iluminadas por uma forte tocha acima, escutava risos aqui e acolá, a luz forte era estranha, de uma cor surreal, não parecia vir de um fogo. Precisei de mais alguns metros para entender que aquele era um estranho vilarejo, perdido no meio da floresta, mas ao mesmo tempo não era um vilarejo qualquer, havia algumas coisas que desconhecia e logo não faltou muito para me deparar com um humano.
O rapaz me olhava assustado, falando uma língua que desconhecia, mas aquilo não importava, apenas aquele delicioso bater, aquele calor vermelho que surgia de suas veias e o delicioso cheiro que vinha dele. Aquela ardência começava a tomar conta de mim, minha visão se tornou turva, tomada pela sede e foi somente quando senti aquela doce sensação preencher minha mente, minha garganta e meu ser. E foi somente quando senti o calor do sangue descendo pela minha garganta que as coisas começaram a fazer sentido novamente, e por fim as lembranças voltaram a dominar minha mente.
Mas quando elas voltaram não estavam na ordem devida, estavam embaralhadas e confusas... elas me levaram quando eu retornei ao forte, a neve caia em uma tempestade, mas isso não dificultava meus passos, havia sangue, meu sangue, e a ferida não cicatrizou, o que indicava que eu estava fraca, mas não conseguia lembrar se a missão havia sido bem sucedida afinal... o que havia acontecido?
Caminhei pela estrada, a noite fria não me incomodava, mas sentia que se eu não chegasse até o amanhecer eu estaria enrascada. Logo meus pés batiam sobre a estrada de terra que levava até os portões do forte e não precisava de muito para ver tochas beirando a estrada. Caminhei até que uma flecha atingiu o solo bem a frente dos meus pés, chamando minha atenção, além do que a mensagem de que era um ataque de aviso.
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Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das Trevas
VampirosVocê já se perguntou por que o mundo possui monstros?Por que existem as trevas? Você já escutou o chamado dela? Alessia Galahti foi uma das poucas que escutou o chamado das trevas, e graças a um pacto feito por seu pai, ela é conduzida até uma anti...