Isso não tem gosto bom!

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Mas nenhum de seus golpes parecia ter algum efeito, até que em um golpe ao saltar tentando lhe dar um chute, ele lhe segurou a perna, a força que ele usou era tremenda. Podia sentir a força no mesmo instante em que os dedos dele se fecharam sobre sua pele, e então no instante seguinte sentiu ele puxar seu corpo e com um único soco a joga-la a metros de distância. Seu corpo se chocou contra o chão, quicou e rolou mais alguns metros até que parasse. Sentia falta o fôlego faltar, parecia que todo o ar tinha sido arrancado de seus pulmões, e tinha quase certeza que havia quebrado o ombro esquerdo que havia batido contra o chão no primeiro impacto.

— Acho que apliquei força demais... faz tempo que não luto contra uma criatura tão medíocre... — A voz dele surgiu longe, mas mesmo que estivesse do outro lado da sala ela poderia sentir o cinismo e aquele toque sutil que indicava um sorriso. Teve dificuldades para se levantar, talvez alguma costela também tenha sido quebrada no processo. — Pelo jeito mesmo quando eu ainda não despertei completamente sou forte demais para você... Você não parece capaz de se movimentar pelo visto, então eu ganhei.

Vallerius diz se aproximando dela e parando bem a frente da mesma, a destra dele era erguida até que o toque frio a surpreendeu sobre seu pescoço. Era um toque gentil, ao contrário do que esperava dele, mas ainda sim frio quase como se um metal a tocasse, lhe causando um arrepio enquanto os dedos lhe tocavam a pele. Era estranho a gentileza, os dedos envolviam seu pescoço, o dedão deslizava por seu queixo, chegando até a ponta e por fim guiando para que ela erguesse os olhos e o encarasse enquanto os lábios se abriam, deixando a mostra suas presas, mas foi os olhos dele que a prenderam. Estavam vermelhos como sangue, brilhando no escuro de forma que aquela memória logo voltou a sua mente, aqueles mesmos olhos que lhe observaram durante toda a sua vida. O hálito frio de sua respiração acabou arrancando um suspiro da garota, percebendo que estava a prender a respiração até que a dor veio.

Sim sentiu primeiramente a dor, como se ele perfurasse sua carne, mas tão logo ela veio também desapareceu. O toque antes assustador se tornará prazeroso, um prazer estranho e incomum, algo que fosse mais semelhante seria o efeito do álcool misturado com um êxtase que desconhecia. Por fim sentiu o toque frio de seus lábios em seu pescoço se desfazer, a língua fria deslizava sobre a ferida e nem mesmo a ardência ou a dor de seu ombro parecia lhe incomodar. Ele se afastou com os lábios rubros enquanto a língua deslizava por eles, roubando até mesmo a pequena gota de sangue que poderia escapar de sua boca.

— Porque.... Você precisa... do meu sangue? — A pergunta saiu de forma sonhadora, lenta e pausada, quase se arrastando em seus lábios.

— Assim como vocês precisam de carne para sobreviver, eu preciso de sangue. Essa é minha natureza, fomos condenados a isso. Você logo irá aprender. Venha, precisa comer algo assim como beber, tomei só o suficiente para não me fazer entrar em furor. 

Ele então passou uma mão abaixo de seus braços, a espalmando no meio de suas costas e por fim a outra lhe segurava pelas pernas, passando a carregá-la. E a verdade era que estava sonsa demais para sentir qualquer coisa, até mesmo vergonha ou estranheza pelo gesto. Mal conseguiu perceber o caminho que faziam, mas quando notou estava sentada sobre uma cadeira, próximo a uma mesa. Aquela era a cozinha? Se perguntou por alguns instantes quando era posto à sua frente uma tigela, feita de algo que parecia ser madeira, e havia algo dentro que parecia ser carne.

— O que...?

— Carne de diabretes

— Carne de o que? Mas que droga é essa? — Perguntou, a mente mais confusa que antes e ao mesmo tempo sentia a adrenalina pulsar, causando uma dor em suas temporadas.

— É o tipo de carne que achará por aqui, não achou que eu fosse até a superfície para caçar pra você?

— Bem, porque eu já imaginava que você fosse ser um cretino? - Alessia disse levando o pedaço da carne até os lábios.

Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora