Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das Trevas

Conhecendo o inimigo

Vallerius esperava paciente em pé sobre o centro, os cabelos estavam presos com uma faixa enquanto a roupa havia sido trocada. Não estava mais sujo de sangue, usava uma calça de couro curtido e uma camisa branca, que parecia deixar sua pele ainda mais escura apesar do leve tom pálido. Logo ela se postou à frente do mesmo, se prontificando para o combate.

— Hoje não irei despertar a ira dentro de você, está na hora de eu lhe ensinar melhor sobre a nossa natureza e conforme for ficando mais forte, melhor irá controlar sua raiva interna.

Ao dizer isso, ele não esperou que Alessia o atacasse, mas investiu contra ela em um soco rápido. Claro que a pegou desprevenida, mas o golpe fora fraco, em compensação ao que já recebera dele.

— Os livros antigos contam que, o primeiro de nós, Cain, o primeiro assassino foi amaldiçoado. Os velhotes diziam que no livro de Henouch fora dito que quando Cain matou seu irmão Abel, em sua raiva e inveja ele bebeu do sangue de seu próprio irmão direto do coração que ainda batia. E então ele ganhou a marca da maldição, sem conseguir jamais morrer ou descansar, a destruição pelas chamas sagradas e pela sagrada luz do sol. Mas sua maior punição foi por ter bebido do sangue de seu irmão, Cain e suas crias estariam fadados a se alimentar de sangue humano por toda a eternidade, sem jamais conseguir saciar a sede incessante que os dominaria e os transformaria em animais.

— Isso quer dizer que as únicas formas de matar um Vampyr é por fogo e sol? - Disse ela se ajeitando e atacando-o, desviando de um chute alto que ele lhe dava.

— De certa forma, fogo principalmente para aqueles que vivem no mundo das sombras é algo extremamente ruim, e nos afeta com muito mais facilidade do que os outros vampiros. O corpo precisa ser completamente queimado para que mate um Vampyr... Mas há outras maneiras, destruir seu coração e arrancar sua cabeça... itens sagrados, manuseados por pessoas que possuem fé verdadeira, assim como armas sagradas criadas por criaturas divinas... - Vallerius continuava a contar sobre os ensinamentos enquanto continuava a defender-se dos ataques de Alessia, falando calmamente enquanto se movia.

"Quanto mais velho um Vampyr for, mais forte ele é, e isso vai muito além dos séculos vivido ou de quanto sangue ele bebeu. Mas quanto mais se vive, mais conhecimento e maestria tem sobre seus poderes, e por isso a comunidade vampírica tem regras rígidas quanto a hierarquia de comando que é regida principalmente por seu tempo como um deles. A verdade é que graças aqueles merdinhas dos Anciãos ninguém nunca chegou muito além do que os próprios limites dos que estão no comando, dizem eles que não devemos cruzar certas linhas e libertar algo que não conhecemos... Mas a verdade é que eles tremem de medo de serem superados por outras criaturas..."

— E por isso foi preso aqui? —Perguntou Alessia enquanto se recuperava de um golpe sobre seu estômago, ele não parecia sequer cansado enquanto lutava contra ela, nem sequer chegava a parecer que respirava diferente.

— Manipuladores das sombras eram tolerados até certo ponto, mas nisso pode se dizer que somos parecidos. Eu busquei por mais, busquei poder no Vale do Erebo, me tornei tão forte que eles não conseguiram me matar... Me enfraqueceram para que pudessem me prender aqui...

— E você precisa de mim para conseguir sair daqui e enfrentá-los, certo? Então por que não me transformar logo?

— Se deseja se matar de uma vez eu posso fazer esse favor, deseja tanto assim a morte criança? — Perguntou com um sorriso debochado no rosto, nesse momento segurando o punho dela, torcendo o braço da mesma em suas costas enquanto a outra mão se colocava sobre seu pescoço. A boca dele colava contra sua orelha enquanto, as garras arranhando seu pescoço lhe causando um pequeno arrepio. — Jovens vampiros recém transformados são incontroláveis. Um humano comum quando se transforma é tão irracional quanto um filhote de lupino. Se não se controlar será consumido pela sede de sangue, e você já possui algo dentro de você que é incontrolável... se eu a transformar antes que aprenda a controlar seus instintos certamente será dominada e acabará morta. E por isso que eu tenho que treiná-la, não preciso de uma besta incontrolável e irracional, preciso de uma guerreira, e você também precisa.