A Poderosa Lança

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— Alessia, isso é sério... Se você se alimenta de sangue... como espera que você viva? Seria Sangue animal também? — As palavras de Serghei lhe chamaram a atenção, ele certamente estava preocupado com aquilo.

— De certa forma... Mas não por muito tempo... O sangue animal serve apenas para saciar momentaneamente minha sede... entretanto, quanto mais tempo eu demoro para beber sangue humano maior a capacidade de perder o controle de mim mesma... Como aqueles que vocês viram no campo de batalha... são como animais irracionais... quanto mais novos, menos controle eles têm sobre si. Se lembram do filho do meio do mercante de peixe? Aquele que a mulher se deitou com um dos filhos do general para conseguir um guerreiro e assim melhorar a vida da família? Por não ter sido orientado corretamente, treinado e vistoriado... quando chegou na idade, o massacre que ocorreu quando veio a lua nova... Com os vampyrs não é diferente. Quando somos transformados, não temos noção do que somos, quem somos, o que somos, a única coisa que importa é aplacar a sede... E se neste momento não conseguirmos controlar... então somos dominados por ela.

— Como sempre, nunca facilita as coisas para mim não é? Como vou manter você alimentada?

— Poderia dar seu pin... digo, seu sangue para ela... — Disse Cornnell enquanto mastigava alguma coisa, começando a rir com alguma coisa que decididamente Alessia não queria saber. O que afinal havia acontecido com ele? Parecia ter se tornado um garoto tão vulgar ao contrário do rapaz travesso e tímido que conhecerá.

— Vocês têm prisioneiros de guerra, não tem? Apenas me dê eles, não preciso matá-los pra me alimentar, posso sobreviver tomando algumas doses de sangue... além do mais, aposto que depois de alguns dias eles facilmente vão se tornar dóceis, e contarão tudo que precisarem saber... O que me diz meu irmão?

— O pensamento não me agrada... mas acho que não temos uma solução imediata... Vou falar com meu pai sobre isso... Bem, parece que agora vou ter que ser sua babá... não vai poder andar livremente pelo castelo... não até se acostumarem com você..

— Ah só pode estar brincando não é? Você tá de gozação com a minha cara...

— Essas foram as ordens do rei, lembra? Além do mais, seria bom também você trabalhar com alguns relatórios com informações úteis... Assim vai mostrar ao conselho que não foi um erro te manter viva e que é confiável.

Não que estivesse feliz com aquela ideia, mas sabia que apenas o tempo lhe ajudaria em relação com o restante do castelo. Entretanto não esperava que aquilo começaria como algo tão chato, se tinha uma coisa que detestava era ter que ficar sentada durante a noite com um papiro e pena na mão fazendo relatórios. Começava descrevendo como funcionava sua sociedade, ou como havia aprendido enquanto estava com Vallerius, enquanto as palavras dele surgiam em sua mente, quase como um lembrete do seu dever... "Você terá que destruir toda a sua família ou tomar controle dela" Mas não desejava nenhum desses dois, não desejava governar as terras, e muito menos ter que usurpar seu pai do trono para acabar com aquilo tudo, mas de toda forma iria esperar por algum tempo e vê o que conseguia fazer. Logo os dias se tornavam semanas, e Alessia se via presa dentro daquele quarto, alguns passava sozinha, a maioria das vezes Serghei e Cornnell a visitavam, seu irmão mais velho passava mais tempo com ela, servindo de alimento para a mesma quando não trazia algum prisioneiro para que ela se alimentasse.

— Serio... Serghei, eu entendo o por que querem me deixar aqui trancada... Mas eu vou enlouquecer aqui! Fala com meu pai, eu não ligo se colocarem uma coleira com um selo magico em mim, mas eu juro se eu continuar trancada dentro desse quarto como se fosse um sarcofago não vou me importar em começar a arrancar algumas gargantas

—Continua impaciente não é? Você sabe que não é tão simples assim Alessia, eles não confiam em você ainda para que eu te tire daqui.

— Não me interessa Serghei... Dê um jeito! De o cu se quiser, não me importo!

Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora