Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das Trevas

As dores do passado

Ele observou-a por um longo tempo, o silêncio reinou no salão e ela sabia que ele estava medindo o que devia fazer e o que era mais correto. Ele mesmo se levantou, caminhou até ela, atravessando o círculo de magia e retirando ele mesmo as algemas. Ele estava próximo, podia sentir o cheiro do cansaço dele, e pode perceber o quanto exausto ele tava daquilo tudo, e por um instante, no momento em que seus olhos se encontraram, ela pode sentir uma pequena fagulha do carinho que antes ele tinha por si. Agora solta, ele voltou a se afastar e a sentar-se sobre o trono, enquanto isso todos os outros passaram a observar.

— Eu aprendi tudo sobre eles, ao menos de onde vieram, porque vieram e como vivem, suas regras, fraquezas, seus medos... seus poderes... A muito tempo um deles se tornou o que eles chama de Filhos das Trevas... A maioria dos Vampyr possuem quase os mesmo poderes, mas quanto mais antigos, mais forte seus poderes são, alguns preferem dominar certas áreas... Talvez tenha conhecido alguns deles, mais difíceis de matar que os normais, aqueles que não agem como animais... Uma pele mais resistente, uma força muito além, alguns que podem mudar de forma para animais noturnos... ou que possuem um poder mental a ponto de encantar ou controlar alguns soldados... Nesse caso, eu fui transformada por um pária, um que pode controlar as sombras... mas não apenas controlar, dependendo do seu poder... do quanto tenha bebido do que chamam de Vale das sombras, você pode se tornar um com ela, se fundir a ela... alguns dizem, até mesmo podem moldar a forma das sombras, mudar sua cor, textura, torna-lo a sua imagem...

E claro que quanto mais ela falava sobre os manipuladores de sombras, mais ela moldava as sombras à volta deles, podia sentir o arrepio subir pela espinha de seus corpos. Entretanto, a todo momento Alessia manteve seus olhos sobre os de seu pai, os braços se cruzaram, o observava a cada palavra dita, tentando captar qualquer reação.

— Usavam tais vampyrs para aterrorizar territórios, assassinatos de outros poderosos... eles eram conhecidos principalmente por seu poder assassino... e por isso eram temidos. Um manipulador das sombras, ao viver e beber do Vale por muito tempo, poderia se tornar extremamente perigoso, beirando o poder de um demônio. E foi o que eles conseguiram criar. Aquele ser se tornou tão poderoso, que nem mesmo seus criadores conseguiram matá-lo, e então ao se unir, decidiram prendê-lo dentro do mundo sombrio... e o selo de entrada estava perdido dentro do castelo.

— E foi você que liberou o selo... por isso que estão atrás de você? — Dessa vez a pergunta não veio de seu pai, ou de seus primos, mas do rapaz de cabelos espetados que até então evitava de olhar em seus olhos.

— Não esta errado seu raciocínio... mas não. Eles estão atrás de mim por que eu sou uma manipuladora das sombras... E que todos haviam sido mortos, após o selo ter sido feito. Eles querem saber por que... E como... Anos atrás, quando eu ainda era uma menina, na primeira noite quando meus terrores noturnos voltaram... Eles sentiram e vieram descobrir o que aconteceu, quem fez o pacto com a criatura que dormia nas sombras...Não é? Meu pai? — E nesse momento os olhos de Gregori se abriram como se pela primeira vez ele conseguisse compreender todo o quadro, Alessia não sabia dizer se ele estava surpreso por que não sabia de nada, ou por ela saber sobre o pacto.

— Saiam! Todos vocês saiam. - A voz do rei preencheu todo o salão com uma grande surpresa e resignação todos obedeceram o rei com desconfiança. Pessoa por pessoa, passo por passo cada um saiu daquele lugar deixando apenas ambos, um encarando o outro. Por fim o portão foi fechado e longos minutos se passaram enquanto pai e filha se encaravam. — Sua mãe havia me dito... na mesma noite em que eu fiz... em que... eu selei nosso destino... Glenda encontrou você na sala de estudos, mas estava fria, fraca... e quando Leah a tocou ela sentiu... foi como se tocasse em uma boneca fria, sem vontade e sem vida. Brigamos aquela noite, e noite após noite enquanto seus pesadelos acordavam quase todo o castelo com seus gritos. Você murmurava em sonhos algo sobre olhos famintos, sangue e desespero... Eu achei que ficaria tudo bem depois que essa guerra terminasse... Eu devia ter escutado Leah naquela época, ela havia sonhado duas noites antes de perdermos tudo... nossas terras seria banhada em sangue, nossos filhos seriam caçados e mortos pelo que eram e que seu destino estava selado, por isso ela usou magia antiga para tornar você e seu irmão humanos... para tentar evitar seu destino...