Pacto de Sangue

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Pararam sobre o pátio circular, cada um dos oponentes parava de um lado do círculo enquanto os outros circulavam o ambiente. Foi nesse momento que o homem de cabelos escuros olhou para Alessia, o sorriso soturno surgiu em seus lábios enquanto apontava para ela.

— E você dama? Não vai lutar?

— Eu irei apenas acompanhar meu irmão... se ele não passar, por qual motivo eu iria lutar? Simplesmente vou embora com ele.

— Que isso doçura... Aposto que pode me trazer ao menos um pouco de diversão...

Por alguns segundos Alessia pensou em aceitar a ideia, talvez como Cornnell havia dito mais cedo, ela estava precisando socar alguém. Ignorou o homem por fim, tendo a luta no centro tendo seu início e a tomar a atenção de todos. A mulher era rápida, e foi precisa em se defender do ataque de seu irmão, a lança vibrou em contato com o metal, mas ela não se afastou, muito pelo contrário usou a aproximação para repelir Cornnell. Estocou com a ponta da lança, atingindo por vezes a espada do rapaz, e quando o mesmo achou que pegaria uma brecha da mulher, aproveitando um dos momentos que a lança recuou a mesma girou o corpo para o lado, escapando do ataque dele. Isso havia sido algo simples se não fosse pelo fato de que o braço esquerdo de Cornnell acabou saindo ferido. Não havia notado uma única mudança em nada, e era quase impossível da forma como ela havia girado o corpo a lança ter conseguido atingir seu braço, e o cortado, mas o sangue estava ali, podia sentir o cheiro dele, pungente, causando aquela velha ardência intermitente em sua garganta. Cornnell também parecia surpresa, olhando com certa curiosidade para o lança da mulher e logo depois para ela.

— Uhhh... que arma interessante... Ela parece combinar bem com você... traiçoeira...

— Ora, está sendo gentil , mas você ainda não me mostrou do que é capaz não é?

— De fato, não mostrei, me desculpe essa descortesia...

— Você não vai querer ver... — Balbuciava Alessia, respirando fundo e cruzando os braços, já prevendo o que viria a seguir. Cornnell não levava luta nenhuma a sério, talvez a dos campos de batalha reais, mas esse não era o caso, e sabia o que viria a seguir.

A verdade era que Cornnell conseguia ser tão ágil quando Alessia, ao contrário de Serghei por sua altura que chegava a ser desajeitado, os outros dois eram baixos e ágeis, mas o rapaz havia adquirido uma habilidade ímpar com as mãos de toda forma, se Cornnell não fosse um príncipe, certamente seria um bandido. Agora ele parava de segurar sua espada com as duas mãos, passando a segurá-la com apenas uma, enquanto tomava uma postura mais relaxada. Espada e lança voltaram a se chocar mais algumas vezes, e a cada instante ele parecia estar mais rápido, o que pegou a garota desprevenida por seu novo ritmo, tendo a coxa cortada, ao mesmo tempo que usava a outra mão para deslizar pela lança dela, desviando do contra ataque. Ela continuava tentando acompanhá-lo, até que ao tentar acerta-lo sobre o joelho, mirando sua perna, ele estacou, diminuindo seu ritmo e desviando o ataque. Aquela mudança de ritmo começava a irritar a mulher, estava claro, afinal o pior de tudo era o sorriso soturno no rosto de Cornnell e aquele ar de que não estava levando a sério. E então novamente, como em um lapso de um breve instante enquanto ela puxava a lança para cima, Alessia pôde ver que ela parecia se deformar, quase como se sua firmeza se transformasse em corda e um corte se fez na coxa de seu irmão.

— Arghh... — Cornnell soltou um gemido, mas não era exatamente o gemido que ela esperava, apesar de claramente ele sentir dor no corte, o gemido saiu contido, rouco apesar dele mal fazer esforço para contê-lo, havia um ar descarado nele, carregado de tesão.

— Ah... esqueci de mencionar... o imprestável do meu irmão é um tanto quanto... masoquista... e isso se torna extremamente desagradavel quando você quer dar uma surra nele. — Alessia disse com desgosto em sua voz, e um leve toque de vergonha pelos atos indecorosos de seu irmão. E naquele momento era possível notar que sim, ele estava gostando daquilo de uma maneira que não deveria.

Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora