Mais algumas semanas haviam se passado, e a cada treino parecia que o sangue dele se tornava mais e mais parte de si. E ainda sim, parecia ser quase impossível controlar a ira, podia sentir ela tomando o controle de sua mente, dominando seu corpo, apesar de agora conseguir convocá-la. O que sempre a fazia lembrar o que Brenneth lhe dizia, havia duas ocasiões em que era muito arriscado para as crias de lupinos, uma era quando eles se transformavam a primeira vez, e em alguns casos durante a lua de sangue era comum os novatos perderem o controle dos lobos dentro de si, e se transformarem por uma noite em criaturas irracionais. Em alguns casos, gostam tanto dessa sensação que a abraçam e nunca mais retornam a seus lados humanos, tornando-se apenas feras. Talvez fosse por isso que era tão difícil para ela, porque jamais conseguiria sair do estado de um filhote. E tinha uma sensação bem semelhante quando isso acontecia e por isso temia tanto aquele poder, no início não se lembrava de nada, mas sempre sentia aquela onda de prazer e liberdade logo antes da ira dominar seu corpo. Eram poucas as vezes que conseguia manter a consciência por algum tempo, mas se tornava mais fácil retirá-la, mesmo que isso gastasse toda a sua energia. E aquele era um daqueles dias, sentiu um formigamento em seus pés e mãos quando despertou, estava caída, sentia seu corpo úmido de suor, o ar mal chegava a seus pulmões e sentia uma dor contra o peito.
— Você... disse... que ia... pegar leve... — Disse, tentando respirar a cada palavra, enquanto lutava contra aquela sensação de dormência. Tinha quase certeza que tinha uma costela quebrada, e pela falta de ar que sentia, ele certamente tinha lhe dado um golpe pesado.
— Desde quando eu pego leve Alessia? Seus movimentos estão mais lentos e você ainda não controla isso... Seu corpo também não está se curando... — Vallerius dizia com um tom impaciente, analisando-a enquanto parecia estudar seu corpo. — Não deveria ser você servir de alimento para mim e não o contrário? Seu corpo parece estar absorvendo muito rapidamente os efeitos do meu sangue.
— Como se eu quisesse beber essa coisa...Eu estou bem.. ainda não chegou o momento para beber, posso ficar mais uns dias sem.. — Dizia ela, mas ele não precisava lê-la para saber que era uma mentira, algo que ambos sabiam.
Aquela ação a muito tempo havia deixado de ser repugnante para ela, e era algo que por mais que a jovem gostava de repetir para si mesma, seu corpo respondia com prazer ao beber por qualquer gota que fosse do sangue do Vampyr. Algo que ela tentava esconder de todas as maneiras, já não bastava as formas que ele buscava de irritá-la, se desse mais isso ele jamais a deixaria em paz. Sentou-se sentindo a dor na lateral esquerda de seu corpo e agora tinha certeza que uma de suas costelas estava quebrada.
— Beba... e depois vá tomar um banho, não adianta forçar mais seu corpo por essa noite... — Disse ele com um tom brando, se colocou ao lado dela, olhando a mesma de cima. Ele lhe estendeu o pulso, o qual o sangue já começava a pingar, seu corpo se moveu por instinto, indo em direção ao sangue, mas apenas por uma fração de segundos, logo em seguida se segurando e desviando os olhos do local.
— Eu não acho que preciso beber mais sangue Vallerius... preciso apenas de um tempo para descansar e logo meu corpo vai se recuperar.
— Apenas beba... — As palavras dele saiam como um comando, o braço sendo posto à sua frente enquanto ele se agachava bem a sua frente. Talvez pelas palavras dele, duras e diretas, ou o fato de ter a visão do sangue tão próximo, mas precisou de todo seu autocontrole para se levantar e sair. - Ora... para isso consegue ter controle, mas não consegue controlar a própria raiva? Alessia, você por acaso é masoquista e gosta de apanhar?
— Sério, Vallerius? Com certeza eu gostaria de estar fazendo outra coisa...
— Então beba o sangue...
— Já disse que não preciso... Precisamos estipular uma forma melhor caso contrário... — Vallerius não deixou que ela terminasse, estava impaciente, se levantou tão rápido que quando Alessia percebeu uma das mãos dele pairava sobre seu pescoço enquanto a outra segurava sua mão contra a parede o qual suas costas colidiu.
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Vínculos de Sangue - Cronicas dos Filhos das Trevas
VampireVocê já se perguntou por que o mundo possui monstros?Por que existem as trevas? Você já escutou o chamado dela? Alessia Galahti foi uma das poucas que escutou o chamado das trevas, e graças a um pacto feito por seu pai, ela é conduzida até uma anti...