Quando eu encontrei Ezequiel, tinha entorno de sete para oito anos. Meu rosto que sempre foi de uma cor bronzeada se encontrava pálido, cheio de cortes com dificuldade de cura pelas minhas condições. Lábios roxos pelo frio da febre de toda noite chuvosa que eu passava abraçada ao meu corpo, procurando me esquentar.
Meus pés tinham feridas não curadas, que estavam inflamadas por andar descalça. Minhas roupas de dormir rasgadas e finas, foi o que eu estava usando quando o massacre aconteceu. Minha barriga doendo de fome e sede, podia-se ver claramente alguns dos meus ossos colados a pele.
Na minha mão, um pequeno broche de ouro em formato de morango, seus detalhes que faziam as sementes são de pequenos diamantes. Eu o segurava como se fosse minha vida, meu coração pulsando na minha mão, eu precisava proteger ele com todas as minhas forças como eu não pude proteger quem me deu ele.
A última vez que me senti fraca dessa forma foi quando fui envenenada por sangue de demônio. Esse veneno inibi as habilidades de cura e força, me deixando fraca a ponto de nem conseguir andar em poucos dias.
Um humano suporta por no mínimo dois dias. Minha última eu suportei por duas semanas, podia sentir minha magia lupina lutar contra o veneno nas minhas veias.
Vincent cuidou de mim todos os dias, me ajudando a lutar contra o veneno enquanto Baltazar, seu médico druida particular, cuidava de providenciar um antídoto.
Ele disse que era impossível haver um antídoto para isso, mas meu chefe disse que, ou ele fazia um antídoto ou Vincent faria um rombo em sua cabeça.
Ele o fez, mas o antídoto leva tempo para fazer e só serve em seres sobrenaturais. O que é ruim para os caçadores humanos, como Emma, um corte de veneno e ela morre, sem dúvida alguma.
Olho para a mais nova nos meus braços ainda sangrando na cabeça, respiro fundo revirando os olhos. É exatamente isso que acontece quando se é teimosa.
A humana nunca foi de me obedecer a todo momento. Tem vezes que o faz, por ter me escolhido como mentora, outras vezes ela só me ignora e faz aquilo que acha certo para me "proteger".
A mais nova colocou na cabeça que precisa me proteger para ficar quite comigo por ter salvo sua vida. Ela não precisa fazer isso, meus atos foram totalmente egoístas, em nenhum momento eu quis proteger ela.
Só estava sendo atacada pelo demônio que eu precisava. Então foi pura sorte dela, e azar o meu, que agora tenho que evitar sua morte toda caçada que está ao meu lado.
Arrumo ela nos mesmos. Consigo sentir meu corpo já começar a enfraquecer, mas nada que eu não pudesse lidar.
Eu continuei seguindo as pessoas a minha frente, com Francis do meu lado sempre avaliando a condição de Emma em meus braços.
— O impacto foi muito forte — comenta o ruivo suspirando — eu nem consegui reagir quando ela foi jogada na árvore.
— Sombras são muito rápidas quando querem, mesmo se reagisse não chegaria a tempo para pegar ela.
— Você mudou — murmura, levanto uma sobrancelha — está mais...
— Gostosa? — corto abrindo um sorriso malicioso.
O lobo alfa fica com as bochechas avermelhadas, mas da um sorriso de canto como se já imaginasse algo assim vindo de mim.
— Eu sou como o vinho, fico mais gostosa a cada ano.
Passei minha língua levemente entre meus lábios como se pudesse sentir o gosto da bebida neles. Francis os olhou e engoliu em seco cortando o contato visual, mordi meu lábio inferior avaliando seu corpo.
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Entre Ruínas (Vol. 2)
RomanceE se seu companheiro de alma for o motivo da sua queda, você o aceitaria como seu? Após a última batalha contra as bruxas, os lobos se preparam para a nova guerra que é inevitável. Agora a luta é contra os demônios que anseiam a poderosa magia que o...