Capítulo 13

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Stella Lancelotti

Quando mais nova eu odiava ir nos eventos que minha família era convidada. Eu era muito pequena e não entendia nada do que os homens de negócios diziam para o meu pai, meus tios e meu avô.

O homem, de cabelo grisalho e bigode estiloso, sempre pedia para minha mãe me tirar de perto deles, e me levar até os salgados já que eu odiava tudo que fosse doce.

Passei parte da minha infância calada e quieta quando outras pessoas estavam perto de mim. Seus olhares de julgamentos eram desconfortáveis e me faziam odiar cada parte minha.

Pela Lua, como eu odiava espelhos.

Hoje, minha aparência é aquilo que eu mais amo em mim. O meu tom de pele amorenado como o bronze. Meu queixo fino e elegante. O olhar de tons café intimidante que aperfeiçoei por anos. Nariz reto e pequeno, mas sempre se metendo em coisas grandes.

E tem os meus lábios que manchados de batom vermelho fazem qualquer um perder a voz.

Ainda assim, sendo completamente perfeita, não consigo fazer o lobo de Seth despertar novamente.

Bufo bebendo meu drink quando mais um velho se junta a mesa para conversar com o homem ao meu lado.

Seth é realmente filho do Sol, todos nesse lugar parecem viver ao redor dele. Orbitando e desejando se aproximar mais da sua luz, do seu calor.

Eles nunca ouviram a história de Ícaro?

— Não vai me ameaçar de novo se eu sentar ao seu lado, vai?

Abri um sorriso franzindo o cenho para o platinado. Elliot se sentou, vestindo um terno caríssimo e sofisticado, cheirava a perfume caro e portava em seu pulso um relógio velho, mas lindo, de ouro.

Seus olhos esmeraldas pareciam marejados, franzi o cenho.

— Não vou matá-lo se me fizer companhia. — ele tenta sorri, suspirando e assentindo. — Tudo bem?

— Claro. — mente. Sou boa em descrever pessoas, ele está muito mal. Trêmulo. — Como está sendo sua noite? Genevieve sabe organizar um evento de gala como ninguém.

— Tive o prazer de conhecê-la, uma mulher formidável. — elogio de verdade. Elliot concorda. — Pretende levar algo hoje? Talvez um presente amoleça o coração do seu amigo.

O homem engoliu em seco, rio nasalado trincando o maxilar. Suas esmeraldas marejaram e minha mão fechou com a visão. Estranhei.

— Nenhum presente no mundo pode amolecê-lo. — murmura sorrindo de boca fechada. Ele tenta camuflar a dor com sorrisos.

Com um suspiro, mudo o rumo de nossa conversa tentando distraí-lo. Elliot tem um ótimo sendo de humor e de moda. É o tipo de pessoa que só fica sem assunto quando dorme, sempre tem uma resposta e é extremamente divertido.

Mas se segura muito.

Seu riso é alto, mas abaixa quando percebe.

Gesticula muito com as mãos, mas para quando percebe.

Ama cores vivas, mas usa as neutras.

Seus olhos sempre percorrem ao redor, com receio. Um lobo que se esconde para não mostrar quem realmente é por dentro.

— Quer comer algo?

— Lembrou que eu existo? — Seth suspira e quase faz um bico. — Tudo bem, eu entendo que é um homem ocupado. Me traga algo doce, de preferência.

Ele assente e gesticula para o garçom. Conversa alguns segundos e o rapaz sai nos deixando a sós.

— Vai comprar algo, primo?

Entre Ruínas (Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora