Capítulo 16

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Seth Blomwood

Nunca tive problemas com meu trabalho desde que decidi ser aquele que zela pelo mundo ao qual meus pais ajudaram a criar.

Eu não podia dar nada a ninguém, mas agora posso dar conforto e segurança a bilhões de pessoas, sem contar nos animais que venceram a extinção graças aos funcionários da Supernova.

Nunca tive problemas ao me concentrar no trabalho. Comandar quase o mundo inteiro exigi da minha pessoa total comprometimento e foco, já que todas essas vidas dependem de mim.

Entretanto, eu não consigo focar.

Não quando seu cheiro está em cada canto do meu apartamento. Mesmo dentro do meu escritório onde Stella nunca pisou, sinto o cheiro doce grudado em mim.

Não importa o que eu faça, ela está em tudo que me envolve.

Minha pele exala a essência dela.

Stella foi se deitar mais cedo hoje. Disse que está entediada e que meu trabalho é como uma fila de banco. Suga suas energias.

Eu não sei o que quis dizer, nunca estive em uma fila de banco.

Entretanto a entendo. Desde que aceitou me proteger das trevas, a caçadora precisa estar comigo em cada reunião, inauguração, jantares e muitas outras coisas que a entediam.

Vivia uma vida agitada caçando demônios e extraindo sangue pra aquele filho da p- mãe. Então minha vida para ela é realmente chata, já que não pode fazer ninguém sangrar ou gritar de dor até a morte.

Não me surpreende que queira libertar meu lobo com tanto afinco. Não é difícil de imaginar o que ele pode dar a ela que eu não posso.

Ele é inteiro, a única parte em mim que pode amar ela. Se ao menos nós dois pudéssemos viver unidos como um só, ela não precisaria se esforçar para tê-lo.

Suspiro me encostando na cadeira do meu escritório, tendo a vista da cidade de New York. O céu quase não mostra as estrelas brilhantes no cosmos, mas o olho de Hórus me deixa aproveitar a imensidão dele.

É lindo. Será que Stella já olhou para o universo? Já aproveitou a visão dos corpos celestes de perto? Eu adoraria que minha metade pudesse ver a beleza que aprecio agora.

— Não está mais trabalhando, Mezzo?

Encaro a loba de cabelos brancos caminhar elegante até mim, perdendo a vista do universo e focando na linda mulher vestida em um roupão de seda.

Seus dedos tocam minha testa tirando uma mecha que sempre teima em cair perto dos meus olhos. Suspiro com a aproximação.

Estou começando a ficar viciado no cheiro de morangos.

— Estava. Decidi parar um pouco. — ela sorri se sentando de lado no meu colo, enquanto encara a janela grande a nossa frente.

— É uma bela vista. — concordo ainda a observando. — o que está atormentando você?

— O que?

— Mezzo. — chama com manha, suspiro deitando a cabeça. — somos companheiros, conectamos por alma. Sinto que tem algo o atormentando, te deixando inquieto. — mordo o lábio, encarando os rubis dos olhos dela. — Pode me contar qualquer coisa.

Molho os meus lábios deitando a cabeça na cadeira. Olho para o universo de novo, recebendo um carinho na nuca por ela, meus pelos se arrepiam.

— Ela ainda está tentando tê-lo.

— Sim, não somos do tipo que desistimos fácil do que queremos. Não aceitamos mais perder. — sinto seus lábios tocarem meu nariz e suspiro fechando os olhos. — Está incomodado por que acha que ela está mais conectada com ele do que com você?

Entre Ruínas (Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora