Capítulo 35

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Stella Lancellotti 

Tomo consciência assim que sinto um braço pesado pousar em minha cintura. Acaricio a mão quente sentindo as veias fortes e a pele macia. Me encolho dentro do abraço de Seth, acomodada com a bela roupa de cama macia e a quentura de seu corpo. 

Com os olhos fechados me permito sentir a agonia dentro do meu peito. A confusão me inunda e me absorve para dentro de um mar gelado. Os braços fortes me apertam e mesmo nesse frio consigo sentir o calor me rodear, me proteger. 

Sinto o fungar inconsciente em minha nuca e um leve sorriso toma meus lábios. Respiro fundo, de novo e de novo. Tendo a angústia tomada por um calor aconchegante. 

Meus olhos encontram um filete de luz vindo das cortinas fechadas. Fraco. Deve ser o início do pôr do sol. 

Não me lembro muito do que houve ontem a noite, mas não me importo também. Se eu não puder confiar em mim mesma, em quem vou confiar? 

— Obrigada por vir… — sussurrei abrindo um sorriso maior, ainda admirando a bela vista. — Espero que ele tenha se divertido…

Entrelacei minhas mãos nas suas e as admirei encantada. O filete de luz tocou em minha espada do outro lado do quarto e ofuscou meus olhos por poucos segundos. 

Franzi o cenho rindo fraco entendendo que não poderia ficar ali para sempre. O que eu poderia fazer? Seth parece cansado, deve ter usado muita magia e força para manter seu lobo ativo por tantas horas. 

O que eu poderia fazer por ele? Encaro meu celular na escrivaninha o pegando em seguida sem querer acordá-lo. Eu poderia mandar uma mensagem para AJ, mas deve estar cansado também. 

Olho ao redor tendo certeza que ninguém estava me vendo, muito menos o homem dormindo ao meu lado. 

— Que vergonhoso, Stella. 

Encaro a tela de busca e pesquisei rapidamente formas de ser romântica para o namorado. Namorado? Ele é meu namorado? Estamos namorando? 

Semicerro os olhos para o semideus por alguns segundos antes de continuar, mesmo que ainda pensando sobre isso. 

 — Cartas de amor? Idiota! Fazer uma serenata? Eu lá sei cantar! 

Sussurro olhando de relance para o homem que resmungou se aconchegando mais em mim. Continuo navegando por sites horríveis e vergonhosos.

— “Tente devolver o carinho…” “Reciprocidade é importante…” — leio baixo um pouco confusa. — Retribuir…

Seth já fez muitas coisas por mim. A principal é sempre fazer comidas que me lembram minha casa, a Itália. Seus pratos são deliciosos, as massas são as melhores e ele sempre faz do zero, é uma delícia. 

Cozinhar para ele talvez seja bom, mas o que? Não sei muito sobre ele, na verdade, ninguém sabe. Eu teria de ir até a cozinha ou…

— Não! Sem chance! Eu prefiro morrer! 

Bloqueio o celular rapidamente desistindo da ideia idiota, até sentir seu cheiro gostoso me tomar. 

— Tudo bem. Por você. — murmurei com um bico imenso nos lábios. 

É a pior ideia da minha vida. 

Me desvenciliei de Seth após muitas tentativas frustradas, até conseguir me erguer e espreguiçar. Aproveitei, tomei um banho rápido, fiz minha higiene e coloquei uma roupa confortável. 

Observei o semideus deitado com o cenho franzido e abraçando a minha almofada. Sorri caminhando até ele, aproximei meu rosto do seu e após muitos segundos admirando seu rosto emburrado depositei um selinho em seus lábios. 

Entre Ruínas (Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora