Capítulo 12

574 55 23
                                    

Seth Blomwood

Após o choque que meu corpo levou, dei passagem para a Loba. Seus pesinhos descalços caminharam sorrateiramente pelo quarto avaliando tudo. Suas madeixas platinadas dançavam em suas costas com os movimentos, acariciando a seda cara.

Ela virou para mim e sentou no recamier da cama.

Sua beleza italiana, ainda bela e atraente, permanecia mesmo com os cabelos brancos e olhos vermelhos. Uma pele de bronze que parecia tão macia.

Os rubis mais lindos que já vi na vida me encaram por alguns segundos antes de olhar para suas mãozinhas em cima de seu colo. Parecia envergonhada.

Desculpe, Mezzo.

Demorei um tempo para acalmar-me do impacto profundo que levei no coração. Sentei ao seu lado confuso, mas sem tirar os olhos dela.

— Por que me pede desculpa?

Pela forma que estou agindo. — Os rubis recaem em mim, tremo um pouco. — Não devia provocá-lo assim. Tratá-lo dessa forma.

Demoro um pouco para entender suas palavras, por me perder dentro das joias de seus olhos. Me lembro do que houve a pouco tempo atrás.

— Está tudo bem. Sou seu companheiro, pode fazer o que quiser.

Não. — nega balançando as madeixas platinadas. — Exatamente por ser meu companheiro eu não devo agir assim. Você é especial, não deve ser tratado como os outros com quem já estive.

Mordo o lábio suspirando e abaixando a cabeça.

Desde que conheci Stella, estou aprendendo a lidar com os gostos do meu lobo. Gosto de ver as crianças correrem para mim animadas, gosto de saber que os animais em minhas reservas estão seguros e que o mundo está melhor a cada dia.

Mas eu odeio saber que ela já esteve ou deseja estar nos braços de outro.

Seus dedinhos tocam meu queixo e o levantam acariciando o lugar.

Não se preocupe, não deixarei ninguém me tocar mais. — sussurra com um sorriso doce. Engoli em seco assentindo, ignorando o pulsar forte do meu coração. — Não quero outras mãos em mim, só as suas.

— Também quero suas mãos em mim. — revelo em sussurro. A loba sorri lindo, os olhos vermelhos brilhando — Mas não é obrigada a fazer isso.

Eu sei, mezzo. — seu sorriso me faz perder a razão por alguns segundos, me aproximo dela. — Meu lado humano está lutando contra o fio que nos liga. Não acredita que você é nosso e nós somos tua.

Seus dedinhos caminham delicadamente por minha pele, toca minha nuca e faz um carinho gostoso em meus cabelos. Deito a cabeça um pouco para trás, deliciado. Ela ri baixinho.

— Eu a entendo. — sussurro quase sem voz.

Eu também, mas estou muito magoada com ela. — revela suspirando. — Vivemos muita coisa, fizemos muita coisa, mas nada me magoa mais que vê-la negar você.

— Ela me aceitou também. — lembro deitando a cabeça em sua mão.

Por que não via saída. Ela deve aceitar você por completo, como merece.

Entre Ruínas (Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora