Major O'Donnell
Eu deveria estar pulando de alegria, agarrado ao meu Lian na minha cama. Sentindo o cheiro delicioso dos seus cabelos jogados no meu peito. Poderia estar conversando baixinho com ele, ou apenas vendo-o dormir.
Infelizmente, me encontro jogado no meu sofá observando as fumaças do meu café puro dançarem no ar.
Foi um dia complicado para mim. Após chegarmos da festa de Omar, eu pensei que tudo mudaria e recuperaríamos o tempo perdido, mas não. Lian pediu um tempo a sós enquanto seguia para seu quarto e se trancava por quase o dia todo.
Tentei entender o que tinha acontecido e ele só me pediu para confiar, que não era minha culpa. Só precisava de um tempo sozinho.
Então, recebi um telefonema da delegacia. O homem que procurávamos estava sendo perseguido em um parque que foi fechado e cercado. Diaz estava de ressaca e não atendia o celular.
Chamei Lian e ele me seguiu sem dizer uma palavra que não fosse sobre o caso ou minha segurança. Como se tudo tivesse voltado a ser como antes.
Foquei no meu trabalho tentando ignorar a agonia no meu peito. O medo dele acabar terminando tudo por seja lá qual for o motivo estava me dominando.
Passamos algumas horas dentro do parque com muitas árvores e pouco campo aberto. É mais usado para caminhadas. O que ajuda-o já que era um lobo.
O único problema é que demoramos horas para achá-lo, mesmo estando com um lobo bem do meu lado me ajudando. Lian não usou seu olfato em momento nenhum, na verdade, nenhuma de suas habilidades foram usadas.
Quando finalmente o encontramos, o lobo em forma humana estava com o olhar perdido, alternando-a a todos os lados. Com as nossas armas em punho, ele tentou nos atacar, mas Lian atirou para imobiliza-ló antes de mim.
O que fez o dia ficar ainda mais confuso foi o que o lobo descontrolado falou para ele enquanto Lian enfiava uma seringa em seu pescoço.
"— Eu não posso ser pego por você! Não você! Não me toque, seu imundo! Vai matar, meu lobo! Me solta, seu Apodrecido. Você não pode me toc-"
Em pouco tempo sua consciência se perdeu e Lian ligou para a Guarda Real. Continuei o olhando com as sobrancelhas franzidas, mesmo depois de confirmar que viriam buscá-lo, ele permaneceu sem me falar nada.
Bufei e me encostei em uma árvore. Olhando para o lobo fardado e com luvas pretas nas mãos.
Entregamos o lobo para a Guarda Real e a ficha do caso. Assinei os papéis aos olhos do lobo e seguimos juntos para casa.
Ele não vai mesmo me falar nada sobre o que aconteceu? Do por que aquele lobo o chamou de Apodrecido? Por que parecia que tinha uma doença contagiosa e fosse passar para o outro?
A vontade avassaladora de confrontar ele está me dominando. Eu confio nele, mas do que ele está me protegendo? Por que parece que é dele?
Levanto o olhar para o movimento de sua porta saindo do meu devaneio. Um Lian de moletom maior que ele me olha confuso. Os cabelos bagunçados e os olhinhos inchados me fazem perceber que ele dormiu.
Seus pés com meia caminham até mim parando na entrada da cozinha.
— Não dormiu? — pergunta tampando a boca para bocejar com a mão coberta por uma luva.
— Não consegui dormir. — murmuro.
— Tomando café essa hora, não vai mesmo. — acusa se aproximando e retirando a xícara da minha mão, colocando na mesinha de centro. — Amanhã vamos na cede da Guarda Real. Vão querer nossos depoimentos, então não durma muito tarde, Gege.
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Entre Ruínas (Vol. 2)
RomanceE se seu companheiro de alma for o motivo da sua queda, você o aceitaria como seu? Após a última batalha contra as bruxas, os lobos se preparam para a nova guerra que é inevitável. Agora a luta é contra os demônios que anseiam a poderosa magia que o...