Capítulo 20

349 48 3
                                    

Seth Blomwood

Ser a esperança de toda a Terra é desgastante, viver é doloroso. Estar de pé enquanto sou arrebentado de dentro para fora e aguentar isso sem reclamar por que todos dependem de mim para viver, é torturante.

Me senti a vida toda ser cortado, fatiado. Nunca gritei ou chorei por isso. Nem mesmo como um bebê recém-nascido no meio de uma batalha.

A dor era parte de mim. Eu a suportava como ninguém, mas hoje estamos nos estranhando. Hoje eu sinto que a dor quer me matar de novo, como já matou milhares de vezes.

A razão para meu peito estar tão apertado e minha garganta tão fechada, está no meio de uma pista de dança a quase uma hora.

Seu rosto bronzeado está com as bochechas vermelhas. Os olhos fechados e o suor descendo pela testa. Seu corpo mexendo no ritmo da música. Duas mãos masculinas com veias visíveis colocadas em sua cintura, enquanto segue os movimentos de seus quadris.

O homem continua se aproximando dela. O rosto no seu pescoço chamando-a atenção. Stella se vira quase cambaleando, se não a conhecesse diria que está bêbada. Ela sorri de lado para o moreno que cola o nariz no dela.

Engulo em seco quando ela se aproxima para beija-lo, mas soltei o ar aliviado. Sua mão empurrou o rosto do rapaz e ela rio alto saindo da pista de dança e seguindo para as escadas da área VIP.

Me virei esperando que ela subisse, já que eu estou no mezanino da sala olhando-a de cima. Stella chega na sala VIP rindo atoa enquanto se apoia nas paredes. Ela passa o olhar pelo local, um bico insatisfeito nascendo em seus lábios avermelhados.

Sorri de lado para a imagem. Raramente Stella está tão transparente. É sempre tão pronta e decidida, tão determinada e misteriosa.

Seus olhos encontram os meus e ela da um sorriso. Anda com um pouco de dificuldade até mim, seu sorriso grande indo de orelha a orelha.

A caçadora joga os braços no meu ombro e eu a seguro evitando que caia. Sua risada é alta enquanto aperta meu pescoço, quase me sufocando. Sinto seu nariz roçar na minha pele como se procurasse algo incessantemente, ri com a cosquinha que o ato fez.

— Você está bem? — pergunto tentando fazê-la parar de me cheirar, faz muita cosquinha.

— É tão cheiroso... — murmura contra meu pescoço. Engulo em seco com as bochechas começando a queimar. — Seth...

Fecho os olhos rapidamente para seu sussurro em meu ouvido. Stella me solta devagar após beijar meu pescoço, me arrepiando. Seus olhos de tom café se cruzam com os meus, enquanto um sorriso lindo nascia em seus lábios.

— Está feliz?

— Muito. — murmura encostando o nariz no meu.

Aperto um pouco sua cintura tentando fazer esse momento durar mais. Assim que ela sentir vontade de ficar com outras pessoas, essa dor vai se tornar insuportável até mesmo para mim.

Hoje eu gostaria de voltar a não sentir nada. Seria mais fácil.

— Por que não desce e dança comigo? — questiona com um bico nos lábios.

Por que não me sinto confortável num lugar cheio desses. São tantos pensamentos e emoções. Tanta gente se tocando, me tocando. Essa música ensurdecedora com batidas tão brutas.

Entre Ruínas (Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora