Entre Ruínas (Vol. 2)

Capítulo 6

Seth Blomwood

Quando eu era criança tinha muitas dúvidas sobre o mundo em que nasci e os sentimentos que todos ao meu redor demonstravam. Mesmo que meus pais tenham me ensinado como lidar com as emoções dos outros, eu ainda conseguia magoar ou fazer alguém chorar com minhas palavras.

Minha boca agia como uma navalha, saia cortando as pessoas ao meu redor. Eu as fazia sangrar enquanto sorriam e diziam estar tudo tudo bem por saber da minha condição.

Ao longo da minha vida eu me dediquei a nunca mais cortar alguém dessa forma. Tracei o objetivo de tornar o mundo um lugar onde todos possam sorrir e se sentir amados, acolhidos. Sentir a felicidade transbordar de seu peito.

Como está transbordando das crianças órfãs na minha frente. Os olhos curiosos com cada item dentro do novo orfanato da Supernova, um lugar seguro e divertido para acolher cada uma delas.

Eu nunca soube o que é ser órfão, mas com base em meus estudos muitas crianças se sentem abandonadas, ou ficam tristes demais pela perda de seus pais então um lugar acolhedor e confortável é o que necessitam.

Sendo assim, abri mais um orfanato para não haver muitas crianças tumultuadas e brigando por espaço. Aqui elas estariam seguras e cada uma terá um quarto. Seu próprio espaço, ainda mais as meninas que precisam de privacidade dependendo da sua idade.

Aqui será um bom lugar para eles.

— Senhor Blomwood.

Me atento ao garoto no meus pés. Seu nome é Harry, cabelos lisos e grandes, sobrancelhas expressivas e olhos castanhos com detalhes únicos. Na sua ficha diz que ele tem nove anos e perdeu seus pais a três meses em um acidente de carro.

— Sim, senhor Tate?

O garotinho sorri abraçado a um coelho de pelúcia ligado a sua vida antes da perda.

— Pode me chamar de Harry, senhor Blomwood — pede, assenti concordando com seu pedido.

— Algum problema, Harry?

— Disse no seu discurso que todos nós temos vaga nas escolas da Supernova — comenta abraçando mais o coelho.

— Sim, todos vocês iram ter uma ótima educação. Assim poderá trilhar seu próprio destino com grande sucesso e terá uma vida feliz e confortável.

— Sabe se na escola Supernova tem aula de artes? Mamãe, sempre quis me colocar nessa escola, mas disseram que eu não era qualificado — conta apertando os lábios um no outro — ela era uma ótima artista e eu queria ser também.

— Temos todo tipo de artes na Supernova, pode escolher o que quiser fazer — o menino sorri abertamente com minhas palavras.

— Obrigada, Senhor Blomwood.

Harry iria sair em direção das outras crianças, mas o chamei de novo.

— Sabe em qual cede sua mãe tentou lhe matricular?

O garoto fica pensativo por alguns segundos, antes de responder.

— Ah, sim. Foi na terceira cede, senhor.

— Lembra o nome de quem lhe atendeu?