Entre Ruínas (Vol. 2)

Capítulo 49

Benjamin Evans

A ponta do meu dedo traça delicadamente sua pele bronzeada e quente, desenhando seus contornos com carinho e apreciação. Sinto cada batida forte do meu coração dentro do peito, como um aviso do quanto isso é perigoso. Essa sensação de familiaridade desde que meus olhos cruzaram com sua soberba e bom gosto.

A mão firme do meu marido apertou-me no ombro, enquanto um café quente e sem açúcar foi posto em minha visão. Com um sorriso eu aceitei seu gesto enquanto ele se sentava no braço da poltrona que eu me encontrava ainda com os olhos na jovem italiana.

— Alguma mudança? — Questiona fazendo um carinho rápido na mão da mais nova deitada.

— Nenhuma ainda. — Respondo após um longo gole com um suspiro frustrado pela situação. — É frustrante ter que esperar por uma mínima mudança.

— Eu sei, baby. — Murmurou acariciando agora meus cabelos. Deito minha cabeça em seu corpo aceitando o carinho. — Não vamos nos preocupar tanto. Stella é uma loba e é uma mulher forte, vai sair dessa rápido. Fazem só três dias.

— Tem razão, mas ela vai perder os desfiles. — comento para descontrair. Steve ri fraco beijando o topo da minha cabeça. — Seth mal está falando com as pessoas, só se preocupa com ela e com sua saúde. Fico um pouco preocupado com ele também, mal está comendo.

— Ele não sabe ainda lidar com os sentimentos, é normal. Tem mais alguma coisa te incomodando, não é? — abaixei a cabeça, olhando para o copo em minhas mãos. — Pode conversar comigo sobre qualquer coisa, querido. Eu cuido de você.

— Eu sei. — respondo beijando sua coxa e me deitando melhor em seu corpo. — É que tudo relacionado a ela é muito delicado. Não quero te colocar na linha de frente de algo tão perigoso.

— Se você está na linha de frente, eu também estou.

Sorri abertamente olhando para seus olhos azuis que me fazem suspirar sempre. Respiro fundo admirando a beleza da loba na cama confortável do quarto lilás de Atenas. Pego na mão quente, e a acaricio sentindo o sangue correr pelas veias aparentes.

— Após ela ter convulsão na sala com Joseph e desmaiar, trouxemos ela até o hospital para fazer alguns exames. — começo a explicar com um sussurro baixo, sabendo que ele ouviria. — Eu paguei para que os exames fossem confidenciais porque eu tinha uma suspeita clara sobre a Stella. E eu estava certo, a RM dela mostrou selos poderosos em seu cérebro, tão poderosos que ficou marcas evidentes nele.

— Selos? Como o do ventre dela?

— Sim, amor. Selos fortes o suficientes para causar uma marca interna em seu corpo. — Respiro fundo balançando a cabeça. — Ela era uma criança quando os colocaram. Sabe o quanto doi? — pergunto retoricamente. Meu marido abaixa a cabeça ainda olhando nos meus olhos. — Foi o avô dela. O feiticeiro batizado. Por que ele faria isso com ela? O que ela sabe que não pode saber que sabe?

— Ela conta da família como pessoas amorosas e protetoras, talvez fosse o único caminho deles.

— Eu não conseguiria... — murmurei negando com a cabeça bebendo mais do meu café. — Só de pensar em Scott ou Ryan sentindo uma dor dessas... Não quero nem pensar nisso...

— Não pense. — pede voltando a olhar para a jovem à nossa frente. — Acha que ela está assim por que um selo foi rompido?

— Não pode ser rompido sem que seja o executor do selo ou um outro feiticeiro batizado. É outra coisa, talvez uma memória que ela prendeu demais e seu emocional não suportou lembrar. É uma válvula de escape.

— Sabia que eles ainda estão na floresta? — pergunta divertido.

Sorrio ao perceber que está mudando de assunto por que quero chorar. Ninguém me conhece tão bem quanto ele. Nem minhas irmãs, por incrível que pareça.