Entre Ruínas (Vol. 2)

Capítulo 4

Encaro meu reflexo no espelho com um sorriso convencido. Não há ninguém em todo mundo que seja mais linda do que eu. Cada traço de descendência italiana que carrego de minha família, os olhos castanhos, a pele bronzeada, os lábios simétricos e grossos. Tudo em mim é divino.

O dourado do vestido escolhido por Vincent é magnífico. Seu busto até minha cintura é coberto de cristais, sem decote muito aparente, mas ainda assim o busto realça meus seios. A Saia é rodada longa e aberta em uma das pernas.

Vincent ama ver minhas pernas.

Com um salto alto branco para combinar com meu brinco de diamantes, dados por ele no meu aniversário.

Emma ajeita meu cabelo sorrindo animada. Ela o coloca atrás nas minhas costas, deixando a franja atrás da minha orelha para deixar o brinco aparente.

— Está linda!

Eu levanto a sobrancelha, deixando claro que a sua afirmativa é óbvia.

— Convencida, roubou a autoestima do planeta todo? — provoca rindo colocando um anel na meu dedo, enrugo a testa.

— O que é isso?

— Um anel?

— Você é lerda, mas nem tanto — acuso revirando os olhos.

— Vincent mandou para você. Acho que é um pedido — cantarola, bufo olhando o mesmo.

— Ele sabe que não me apego a ninguém, muito menos sinto amor. Não seria tão burro a esse ponto.

— Deve ser só um presente então — fala desanimada.

Com um suspiro volto a me apreciar diante do belo espelho do meu apartamento repassando o plano dessa noite.

Emma conseguiu a informação de que White estará no baile beneficente aqui em Nova York no imenso e belo hotel Esmeralda projetado em puro luxo. Não posso deixar que ele escape.

— Vai seduzir ele? — questiona Emma tomando seu remédio para dor.

— Sim, ninguém consegue resistir ao meu charme, e também ao meu cheiro, é claro.

Ela revira os olhos sorrindo, pega minha bolsa prateada de mão e me entrega. Pego meu celular e tiro uma foto no espelho mandando para Vincent.

— Um dos seguranças de Vincent estará te esperando lá embaixo.

— Como se eu precisasse — murmuro sorrindo.

— Você precisa levar ele para o quarto VIP número quatro, foi o que mandei preparar para você — avisa me entregando o cartão, guardei na bolsa assentindo — espero que dê tudo certo.

— Tem que dar, eu não posso ceder a rainha.

— Você não quer ceder, é diferente. Não vou julgar, não confia totalmente em mim até hoje, quem dirá alguém que conheceu a pouco tempo — concorda sentando no sofá e se servindo de café.

Me despeço da mais nova me retirando do quarto; o segurança de Vincent me esperava na frente do belo e grande carro preto. Enrugo a testa confusa com o homem, seus cabelos pretos penteados de forma que o quepe ficasse direito, lábios finos e olhos azuis cristalinos. Geralmente Vincent manda seu braço direito designar alguém da alta patente da empresa. Eu conheço cada rostinho naquele quartel de caçadores, mas não consigo reconhecer esse.

Paro na frente do homem com um terno elegante e o brasão de Lótus dos caçadores em seu peito. Analiso-o de cima a baixo bem devagar, tentando me recordar dele.

— Algum problema, Senhorita? — pergunta firme segurando a porta para mim.

— Muitos, mas nenhum deles você tem capacidade de resolver.