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  ESTRANHEI QUE A SALA estava quase totalmente vazia, não havia ninguém lá além de Remo. Ele ergueu as sobrancelhas quando me viu.

— Oi. — ele disse baixo.

— Oi. — respondi — Vim trazer minhas anotações para você. Onde está Pedro?

— Mandei ele para a aula logo depois que vocês saíram, eu sabia que os meninos iam matar aula.

Tentei segurar a risada.

— Você os conhece muito bem pelo visto.

— Obrigada pelas anotações, mesmo.

— Não precisa agradecer. Na verdade você deu sorte por ter conseguido escapar da aula hoje — fechei os olhos quando percebi o que tinha falado — Quero dizer, não sorte pelo machucado mas...

— Eu entendi o que quis dizer, Slughorn fica excepcionalmente animado nas terças. — ele sorriu.

— Não é? Parece até que toma energético ou algo do tipo.

Um silêncio recaiu sobre a sala depois que terminamos de falar.

— Como você sabe dessas coisas? — ele apontou para si mesmo — Quando você me achou, fez uns feitiços. Você sabia bem o que estava fazendo.

— Minha mãe é enfermeira, quero dizer, uma enfermeira trouxa. Ela me ensinou os primeiros socorros desde que eu tinha oito. Quando descobri que era bruxa, uma das primeiras coisas que fiz foi aprender feitiços medicinais pra ficar mais fácil.

— E o que estava fazendo lá naquela hora?

— Perdi uma aposta. Uma aposta estúpida, devo dizer.

— Você é mesmo corajosa, a casa dos gritos pode ser bem assustadora.

O rosto dele se tornou mais frio, como se sua mente tivesse ido para um lugar não tão bom e agradável.

— Posso te fazer uma pergunta? — ele hesitou um pouco antes de assentir, mas desisti da pergunta que eu ia fazer quando vi seus olhos — Você conta tudo aos seus amigos?

— Sim. Bem, quase tudo. Tem horas que eu prefiro não incomodá-los com certas coisas.

— Você não gosta de se sentir um peso para eles — Remo assentiu — Sei bem como é.

— Você se sente um peso para quem?

Me sentei na ponta da cama.

— Minha família. Tenho mais três irmãos, e de certa forma nunca me senti muito bem-vinda. Fico a maior parte do tempo tentando provar que mereço um lugar na minha família.

— Porquê?

Balancei os ombros — É ridículo. Sei que meus pais me amam, mas todos os meus irmãos tem laços tão fortes uns com os outros e eu sempre fui diferente. Não só pela questão de ser a única bruxa, ou ser a mais nova, mas nunca senti que me encaixava lá. Nunca senti que me encaixava em lugar algum. É como...

— Como uma busca incansável para encontrar seu lugar no mundo.

— Exatamente.

— É, eu entendo bem você.

— E seus pais? — perguntei, mas quis me matar logo em seguida. Quem faz uma pergunta íntima dessas para alguém?

— Não falo muito com eles, só por cartas.

— Desculpa por essa pergunta, foi insensível.

— Não precisa se desculpar. Na verdade, preciso da sua ajuda.

BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora