12. something else

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O FERIADO DE NATAL SE aproximava, algumas semanas tinham se passado desde o mal entendido entre Remus e Kate e agora a neve caía deixando hogwarts ainda mais fria. Estava saindo da aula de transfiguração acompanhada das minhas colegas de quarto quando dei de cara com James.

— Ei! — ele veio pulando até mim — Muito obrigado pela cola, passei com um b+!

— Uau! — peguei a folha de suas mãos e olhei para ela — Acho que formamos uma boa dupla.

— Eu também acho. Você é a inteligência e eu sou a beleza.

— Ela definitivamente é a beleza e você é só o aproveitador. — Remus surgiu do nosso lado — Oi.

— Oi, recebeu sua nota do teste? — ele assentiu, mas não falou nada — Então?

— Algo como um... — ele levantou a folha — A+.

— Não acredito que tirou mais do que eu! — tomei o papel de sua mão — Seu idiota! Vou acabar com você nas N.O.M.S.

— Veremos. — ele tomou a folha da minha mão.

— Ah não, eles estão fazendo isso de novo? — Sirius perguntou a James apontando para eu e Remus.

— Fazendo o que?

— A competição por notas. Sinceramente, eu odeio vocês, nerds. — ele jogou o cabelo para trás e encarou Jade que estava conversando com Lauren, Beth e mais um garoto da lufa-lufa.

Dei um tapa na nuca dele.

— Qual é!

— Nem pense nisso! — apontei para o rosto dele — O que vão fazer nesse fim de semana?

— Algo entre dormir e comer. — Pedro falou mais alto, ele estava se tornando mais falante perto de mim.

— Eu vou estudar, você vem? — Remus dirigiu seu olhar até mim.

— Com certeza. E segunda feira eu vou te destruir no teste de feitiços. — peguei na ponta da sua gravata e a puxei deixando-a apertada em volta do pescoço dele, ele riu enquanto a afrouxava de novo — Já compraram seus presentes de Natal?

Observei Remus se retrair ao meu lado.

— Já, vai ser muito legal, a mãe do James faz o melhor ensopado do mundo inteirinho. — Sirius falou enquanto James fingia jogar uma mecha do cabelo para trás — Estou elogiando sua mãe, não você.

— Dá na mesma. — James arrumou os óculos.

— E você? — me voltei para Remus, ele me encarou e balançou o lábio sem emitir som algum.

— Bem, eu... já falei com meus pais. Vou para casa no Natal.

— Anime-se, Remo. É Natal! Nada pode dar errado quando está nevando.

— É, você deve estar certa. — ele ajustou a alça da mochila em seu ombro.

— Eu sempre estou. — sorri — Agora, vamos comer. Por favor. Estou morta de fome.

⋆⋅⋅⋅⊱∘──────∘⊰⋅⋅⋅⋆

Quando acordei no dia seguinte, parecia que tinha dormido sobre uma pedra. Minhas costas estavam doloridas e o meu cabelo parecia um ninho. Fiz o maior esforço do mundo para levantar e colocar minhas roupas, a caminhada até o salão principal foi tão lenta que mal tive tempo para comer.

— Anda logo, criatura. — Lauren começou a me arrastar pelo braço.

Entramos na sala e tomamos nossos assentos, era aula com a grifinória hoje então virei para trás para ver as mesas do fundo — onde os meninos sempre ficavam, mas estavam vazias.

— Abram o livro na página 74. — a professora de transfiguração pediu.

Talvez eles estivessem atrasados, mas Remus não permitiria.

No meio da aula, o barulho da porta me avisou que alguém havia chegado. Quando olhei de novo para trás pude ver os quatro chegando, estavam sérios, mas quando reparei mais no último a entrar pude ver que Remo estava com alguns arranhões na face e na mão.

Ele me olhou, mas desviou rápido o suficiente para eu não fazer nenhuma pergunta.

Esperei ansiosamente a aula terminar para perguntar o que diabos tinha acontecido para ele estar com esses machucados.

Assim que a aula acabou eu me levantei e segurei meus livros, corri atrás deles e puxei Sirius e Remus pelas mangas de suas capas os levando para um canto do corredor.

— O que houve com vocês?

— Nada. — falaram juntos — só dormimos demais. — Remus disse essa parte.

— Não esperam que eu acredite nisso, não é? — eles se entreolharam e suspiraram.

— Não é nada. Não precisa se preocupar.

Olhei nos olhos dele. Eu sabia que havia alho errado, algo que eles não estavam me contado. Mas talvez não fôssemos tão amigos assim, não ao ponto de ele compartilhar comigo o que estava acontecendo.

— Certo.

Comecei a andar rápido pois sabia que eles estavam me olhando.

Passei o resto do dia pensativa e fugindo dos olhares furtivos dos marotos, não conseguia pensar em mais nada. Eu sabia que eles tinham segredos, afinal, na noite em que achei Remus algo muito grave tinha acontecido para ele estar lá. Não fiz mais perguntas sobre esse assunto porque sabia que eles não me contariam de maneira alguma, e também porque Remus parecia especialmente magoado quando eu tocava no assunto.

Ouvi um barulho na janela e pude ver Florence, minha coruja. Ela segurava uma carta no bico que com toda certeza era da minha mãe.

— Obrigada, Flo. Te levo comida mais tarde, ok? — ela me deu uma bocadinha antes de sair. Quem vê até pensa que ela passa fome.

Abri a carta e comecei a ler a letra perfeitamente redonda da minha mãe.

"Querida Eveline,

Estamos preparando tudo em casa para o Natal, gostaríamos que estivesse aqui para montar a árvore com a gente. Peter trouxe a noiva para passar o feriado conosco, e ela tem sido agradável até agora. Seu pai tentou comprar os presentes sozinhos e virou um desastre, pedi para que ele comprasse um relógio de bolso e ele chegou aqui com um relógio. Um relógio de verdade. Daqueles grandes, que ocupam um terço da sala. Acabei indo comprar sozinha. Ele sente saudades, estamos ansiosos para vê-la.

Com amor,
mamãe."

Respirei fundo quando fechei a carta, eu gostava dos feriados em casa mas era difícil ter que aturar as perguntas sobre o internato. Os únicos que sabiam que eu era uma bruxa eram minha mãe, meu pai e o meu irmão mais velho, Dylan.

As perguntas não eram a única coisa que me incomodavam. Eu sempre me senti deslocada na minha própria casa, meus irmãos estavam construindo suas famílias, meus pais estavam tão orgulhosos que mal notavam a minha existência. Acho que ter passado tanto tempo fora de casa desde os onze anos pode ter me tornado uma figura mais distante, como um parente que você raramente vê ou conhece.

Tentei dormir, mas não conseguia. Algo impedia minha mente de descansar. Ou melhor, alguém.

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BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora