13. family

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AS COISAS ESTAVAM ESTRANHAS entre mim e Remus. Continuávamos nos encontrando para estudar na pedra em frente ao lago mas ficávamos em um silêncio mortal na maior parte do tempo. Eu não perguntava mais sobre os ferimentos e ele também não falava mais sobre nada. Parecia ter ficado mais quieto depois daquele dia.

As vezes eu sentia ele me olhar enquanto eu lia ou escrevia qualquer coisa, mas ele não dizia uma palavra sequer.

— Tem algum papel aí? — ele perguntou e eu ergui a cabeça, ele estava com a mão na testa.

— O que houve? — no mesmo instante ele tirou a mão da testa e eu vi sangue.

— O corte se abriu de novo. — me levantei rápido e comecei a esvaziar a minha bolsa.

— Só um minuto. Está doendo muito?

Ele assentiu, no fundo da bolsa consegui achar algumas ataduras que eu não sabia de onde tinham surgido. Caminhei até ele e puxei seu rosto para cima, para eu ter uma visão ampla do corte.

Limpei ele com um lenço, e agradeci quando o sangue parou de escorrer. Coloquei as ataduras por cima e as prendi.

Ele estava me olhando de um jeito esquisito.

— O que foi? Bateu a cabeça também?

Voltei para a minha bolsa e comecei a organizá-la de novo.

— Eveline...

Não o respondi.

— Eveline.

— O que foi? — virei-me para ele — O que você quer? Sei que não quer me contar nada. Não vou insistir para que me conte também. Mas não é normal essa quantidade de ferimentos do dia para a noite.

Sua expressão se tornou triste, e me senti um pouco culpada.

— Sei que quer saber, mas acredite em mim, é melhor que não saiba.

— Você sabe que eu não...

— Não vai contar para ninguém? Eu sei que não vai. Mas há uma razão para que eu não te conte.

— O que? Quer me proteger? — falei ironicamente.

Ele se calou.

— Está tentando me proteger? — juntei as sobrancelhas, eu estava realmente confusa — Porque diabos precisa me proteger, Remus?

— Eveline, não.

— Por que você estava lá naquele dia? — perguntei, mais uma vez.

Ele se calou de novo.

Respirei fundo antes de falar:

— Você sabe muito bem que eu não preciso e nem quero proteção alguma. Entendo que tenha coisas que não queira me contar, mas me preocupo quando te vejo com um único arranhão porque me lembro do dia em que você quase morreu nos meus braços.

Eu não sabia de onde aquilo estava vindo, nem sabia que eu sentia todas aquelas coisas, mas não me arrependia do que estava dizendo.

— Se acha que de algum jeito irei me afastar de você quando descobrir o que está acontecendo, é aí que você se engana. Não abandono as pessoas que gosto, nunca.

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Estava na hora de ir para o trem, e eu queria muito tirar um tempo da escola. Tinha feito minhas malas com três dias de antecedência, e tentei me ocupar nos últimos dias estudando, ou vendo o treino de quadribol de Beth.

BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora