26. blood

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ALGUMAS SEMANAS tinham passado desde que eu e Remus ouvimos a conversa de Regulus, e as coisas não tinham mudado tanto. Sirius estava tentando falar com o irmão, mas sem muito sucesso. Já eu e aluado, continuávamos na mesma. Na maior parte do tempo estávamos juntos, quase inseparáveis. Minha mãe perguntou sobre ele tantas vezes nas últimas cartas que já posso considerá-lo da família.

Mas, claro, não somos namorados. É estritamente físico. Sempre fomos atraídos um pelo outro, então faz bastante sentido para mim não nos envolvermos romanticamente.

No entanto, quando acordei aquele dia, senti uma mão em meu braço, tentando me fazer levantar da cama.

— Eve, Eve! — era Jade — Precisamos de você. Os meninos estão te chamando, é urgente!

Não me lembro de ter levantado tão rápido na minha vida — em um só instante eu estava saindo da torre da corvinal.

Encontrei James lá embaixo, e para o meu desespero, tinha sangue em sua camiseta. Ele deve ter visto o meu semblante preocupado, pois logo acrescentou:

— É Sirius.

No momento seguinte estávamos na sala precisa, que estava de novo como forma de enfermaria. Jade estava no meu encalço, ela também parecia um pouco preocupada.

— Eveline, cuide dele, por favor — Remus estava com os olhos cheios d'água.

Quando vi que ele estava prestes a chorar pela primeira vez na minha frente, me senti ainda mais preocupada do que quando o achei na casa dos gritos quase morto.

— O que houve?

— Eu... eu... — ele começou a se desesperar e colocou as mãos na cabeça, James tentou acalmá-lo.

Tentei me desvencilhar da imagem assustada de Remus e caminhei até Sirius em uma maca, tinha sangue por todo o lado.

— Sirius? Sirius? Consegue me ouvir?

Ele olhou para mim, parecia quase desacordado.

— S-sim...

— Ótimo, preciso que preste atenção em mim, tudo bem? Por favor, não desmaie.

Eu não iria saber o que fazer se ele desmaiasse.

Eu trabalhei o mais rápido que pude, tentei lembrar cada coisinha que minha mãe já me ensinou sobre primeiros socorros, mas agora eu tinha que ir além. Quando parei para ver o ferimento de verdade, consegui notar que era um corte na lateral do tronco, que ia do ombro e descia até o começo do quadril.

Eu não conseguia ouvir nada que acontecia ao meu redor, minha cabeça tinha virado uma máquina e agora tudo que eu sabia fazer era cuidar de Sirius até garantir que ele não morresse.

Quando coloquei todos os curativos que a sala me ofereceu e olhei para Sirius, quase chorei de alívio por ele ainda estar acordado. Mas eu não sabia se aquilo seria suficiente.

— Devia levá-lo a enfermaria. — Eu me voltei para os outros três meninos e a minha amiga, que não tinha dito uma palavra sequer desde que chegou.

— Não podemos... — James indagou, mas eu o interrompi.

— Podem sim. Dumbledore sabe. Falem com ele.

— Eveline — Pedro tentou me parar.

— Quando cuidei de Remus foi um milagre ele ter sobrevivido, o de Sirius consegue ser ainda pior. — senti uma pontada no peito ao ver a reação de Lupin — Levem ele para a enfermaria. Por favor.

Eles fizeram silêncio por alguns segundos.

— Como o tiramos daqui? — Remus disse olhando para baixo.

— Eu não sei. Mas terão que tirar duas pessoas.

Senti uma súbita fraqueza nas pernas e caí no chão apagando totalmente.

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Meus olhos estavam mais pesados do que o normal, senti um cheiro de camomila e hortelã quando consegui ter uma visão de onde estava.

— Eveline? — escutei a voz de Remus e sento a mão dele sobre a minha — Por favor, fala alguma coisa.

— Oi.

Tentei me apoiar em meus cotovelos para conseguir me sentar, Remus me ajudou durante tudo isso. Madame Pomfrey caminhou até mim e me entregou um copo.

— Vamos, mocinha. Beba, beba, beba!

Ela estava quase me fazendo engolir o copo, tive que fazer força para engolir todo o líquido transparente. Acho que era a coisa mais nojenta que já tinha colocado na minha boca.

— Acho que vou vomitar.

— Engula e não pense nisso! — ela saiu caminhando até a outra maca, era Sirius.

— Como ele está?

Remus olhou para baixo.

— Bem. — James respondeu — Ele vai ficar bem.

Fiz força para sair da cama, mas Remus me impediu e me colocou na cama de novo.

— Vai ficar a noite toda aqui.

— Foi só um desmaio...

— Não, não foi só um desmaio — ele estava evitando me olhar nos olhos — Se tentar sair daqui a Madame Pomfrey irá te caçar pela escola toda. Só fique aqui e por favor, descanse.

Eu sabia o que estava acontecendo. Eu sabia que ele estava se culpando por tudo isso — o ferimento de Sirius, o meu desmaio. E eu sabia o que viria a seguir.

Ele iria se isolar e se afastar de todos a sua volta para não ter que ver mais nenhum de nós machucados.

Mas eu não iria desistir dele.

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BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora