36. shut up and drive!

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ACHO QUE NUNCA TINHA visto Remus tão relaxado em toda a minha vida. Eu tinha ficado receosa com a situação como um todo. Eu sabia que minha família ia amá-lo assim que o conhecessem, mas era esquisito. Eu nunca tinha levado alguém em casa antes, imaginei que ficariam agindo como cachorros raivosos em cima dele.

— Gostou dos chocolates mesmo, em? — minha mãe viu Remus comer e ficar com a boca toda suja.

— Ele é viciado nisso, mãe — entreguei um guardanapo para ele — Tem um chocolate belga que vende no centro de Londres. Podemos ir comprar lá antes de voltarmos para a escola.

— Por favor. — pediu ele, ainda mastigando o resto do doce.

— Você é alto, em? — Peter mencionou.

— Foi uma das primeiras coisas que Eve me disse — me lembrei de quando falei com ele pela primeira vez depois de ajudá-lo com os ferimentos.

Eles começaram a conversar sobre futebol, e me surpreendi ao ouvir Remus debater com tantos argumentos. Eu não fazia ideia de que ele gostava de esporte trouxa. Ouvi um barulho no andar de cima e subi, encontrando minha coruja com uma carta no bico.

— O que acha de jogarmos quadribol na casa do James? Venham, os dois! — li a carta de Sirius.

Voltei para o andar de baixo.

— Sirius quer que a gente vá para a casa da James — me sentei á mesa.

— Por que?

— Parece que James comprou um jogo novo... algo assim — não queria ter que explicar o que era quadribol para os meus irmãos.

— Quem são esses? — minha mãe serviu o meu prato.

— São nossos amigos.

— Você nunca tinha falado deles — Lucas se esticou na cadeira.

— Eles são legais.

— Sirius é um pouquinho dramático, mas é legal — sorri enquanto Remus se debulhava diante da torta de maçã.

— Sabe o que a gente podia fazer? — Dylan levantou apontando para mim.

— O que?

— Te ensinar a dirigir.

Quase engasguei com o suco.

— Está falando sério?

— Claro! A gente não tem nada pra fazer mesmo.

— Foi por isso que cortou a grama mais cedo? — minha mãe olhou para o meu irmão.

— Bem...

— Você sabe dirigir, Remo? — Lucas perguntou.

— É...

— Pronto, ensinamos aos dois! Peter, vá pegar o seu carro — Dylan assumiu sua posição de liderança e colocou ordem em todo mundo.

Ouvi minha mãe rir quando eu estava entrando no carro, toda nervosa. Remus estava no outro carro, com Lucas mostrando o que devia fazer. Não era meu plano de natal aprender a dirigir, mas cá estamos nós.

— Está pronta? — Dylan disse, depois de explicar sobre a marcha e onde eu devia pisar.

— Por incrível que pareça, sim.

E dei partida. Claro que comigo e Remus tinha que virar uma competição, então eu peguei no tranco e tentei aprender o mais rápido que pude.

— Você tá roubando! — eu gritei para Remus da janela.

— Isso não é um jogo, Eve — ele gritou de volta.

— Então para de passar na minha frente!

— É a rota! — pisei no acelerador e meu irmão segurou as laterais do banco quando eu deixei Remus comendo poeira.

— Gostou do ventinho, querido? — perguntei, e ele pisou no acelerador também.

O campo atrás da minha casa estava virando uma pista de corrida.

— Isso é um sonho, tô deixando o Lucas comendo poeira — meu irmão ergueu os braços no ar e eu ri.

— Sonho destruído, irmãozinho? — a voz do meu outro irmão ecoou no carro ao lado, e eles ultrapassaram a gente de novo.

— Desgraçado!

Eles nem perceberam que eu e o meu namorado estávamos dirigindo muito bem para iniciantes. Quando paramos os carros, Peter correu até nós segurando a mão da sua namorada.

— Tem poeira até lá em casa, mamãe vai matar vocês!

— Você não podia ter me ultrapassado daquele jeito, sabia? — bati no ombro de Remus.

— Ah, e você podia?

— Exatamente! — bati nele de novo.

— Se controla, mulher!

Foi aí que bati nele mesmo, ouvindo meus irmãos rirem enquanto caminhávamos para casa.

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— Eles gostaram de mim? — Remus perguntou quando estava me arrumando para irmos para a casa de James.

— Claro que gostaram. Confie em mim, Peter não deixaria um estranho dirigir o carro dele.

Meu namorado sorriu e ajeitou a camiseta em seu corpo.

— Eu gostei deles também. Muito.

— Que bom. Porque tenho certeza absoluta que mamãe vai querer você aqui todos os anos.

Fiquei feliz ao vê-lo daquele jeito. Nunca tinha percebido o quanto Remus sentia falta da família, e era importante para mim que ele soubesse que ele tem uma aqui agora.

— Acho que está na hora de ir.

— Espera aí — peguei a minha bolsa — Pronto, vamos.

E partimos para a casa de James Potter.


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BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora