BLEEDING SUN | REMUS LUPIN

14. christmas

AJUDEI MINHA MÃE A organizar a casa. Eu adorava colocar os enfeites de natal por toda a parte. Meus irmãos deviam chegar às sete, mas eles sempre vinham mais cedo que o combinado.

— Quem era o garoto? — minha falou de repente enquanto tirava uns biscoitos do forno.

— Quem? — tentei me fazer de desentendida.

— O garoto que você abraçou. Era bem bonito. — ela fez uma cara maliciosa.

— Mãe!

— Ora, estou falando sério. É seu namorado?

— Não! — neguei rápido — Somos amigos.

— Sei.

— É sério. Só amigos.

— Mas ele é bonito — revirei os olhos e olhei para ela — É, não é?

— Sim, ele é. — sorri — Mas isso não significa nada.

— Por que não o convidou para vir para cá?

— Está brincando? Eu vi a cara que o papai fez quando eu abracei Remus. Se ele estivesse aqui papai já o teria constrangido de quinhentas formas diferentes.

— Ele supera, é por que você é a mais nova. O bebê dele.

— O bebê dele é o Peter. Sério, ele comprou uma bicicleta pra ele no ano passado. E Peter tem 22 anos.

Minha mãe riu.

— É diferente. Sei que as vezes você se sente fora da família, como se não fizesse parte por ser diferente. — ela estendeu um prato com os biscoitos para mim — Mas nós amamos você. Cada partezinha de você. Os seus irmãos adoraram você desde que te viram na maternidade pela primeira vez. Eu e seu pai te amamos desde que soubemos que você existia aqui dentro — ela apontou para a própria barriga e eu tentei não ficar vermelha — Sempre queremos você por perto. E se esse garoto for importante para você, queremos ele aqui também.

— Somos só amigos, mãe. — esclareci de novo e ela riu.

— Por enquanto.

Desisti de tentar convencê-la do contrário.

⋆⋅⋅⋅⊱∘──────∘⊰⋅⋅⋅⋆

Meus irmãos haviam chegado um pouco mais cedo para ajudar minha mãe com a comida. Peter era um cozinheiro de mão cheia, talvez tenha herdado o talento da minha mãe.

Ele trouxe sua namorada, Ashley. Eu não sabia se gostava ou não dela, ela parecia tanto com Kate Bryce que me dava nos nervos. Já não bastava ter que aturar ela na escola, tinha que aturar um clone na minha própria casa?

Lucas passou por mim e deu um beijo na minha cabeça. Ele era o segundo mais velho de nós, me tratava como um bebê na maior parte do tempo.

Me aproximei do meu pai e de Dylan na sala.

— Qual é a pauta? — me sentei ao lado do meu pai.

— Dylan estava contando que quase não dormiu a noite toda com os gritos de algum animal — meu pai arrumou os óculos. — Já falei que morar no meio do nada não vai dar certo.

— É um bom lugar, gosto da natureza e estar em contato com ela. — disse meu irmão passando a mão por entre os cabelos.

— Que animal era? — perguntei.

— A julgar pelo lugar que ele mora só pode ser um lobisomem. — Peter surgiu do nada e arrancou algumas risadas.

— Ele realmente só pode viver em uma realidade paralela, porque lobisomens não existem. — minha mãe falou se sentando conosco.

Tentei não expressar muita coisa na minha face. Ah, se eles soubessem que existem os lobisomens, sereias e todos os outros seres místicos que estavam nos contos antigos.

— Nunca entendi esse lance de lobisomem. — Ashley falou ajeitando seu longo cabelo preto.

— São homens que se transformam em lobos nas noites de lua cheia. — falei, tomando cuidado para não falar mais do que devia.

— Doze vezes ao ano. — meu pai acrescentou — Teve uma lua cheia semana passada, sua mãe tentou tirar fotos mas não conseguiu. — minha mãe fez um biquinho triste.

— Semana passada? — franzi o cenho.

— Sim. Estava tão grande que pensei que fosse explodir! — mamãe acrescentou.

Minha mente voou até Remus por algum motivo. Ele tinha sumido na semana passada e voltado machucado. Mas isso não significava nada, não é?

— Que dia? — meu pai me olhou — Que dia foi a lua cheia?

— Na quinta-feira.

Pensei no dia que encontrei Remus quase morto na casa dos gritos. Lembrei da noite anterior, Madelyn estava na janela olhando para a lua.

A lua cheia.

Não, não pode ser.

Não pode ser real.

Remus era um lobisomem.

⋆⋅⋅⋅⊱∘──────∘⊰⋅⋅⋅⋆