28. blue or pink?

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SIRIUS TINHA SIDO LIBERADO da enfermaria alguns dias depois, ele levou umas broncas de Madame Pomfrey já que a mentira que tiveram que inventar era que "os quatro patetas entraram na floresta proibida e foram atacados por criaturas ainda não identificadas". Tudo que eu sabia era que Dumbledore pediu para que o assunto não saísse da enfermaria.

Eu não tinha falado com Remus desde então. Se ele precisava de um tempo, que o tivesse. Mas eu não queria desistir do que tínhamos. Da amizade que tínhamos.

Estava a caminho para a aula de poções quando senti um puxão no meu braço e logo fui apertada entre os braços de alguém.

— Muito obrigado. — Era Sirius.

— O que foi? — eu ri enquanto nos afastávamos.

— Você salvou a minha vida.

Revirei os olhos — Eu consegui mais tempo, os créditos são a Madame Pomfrey.

— Só aceite o maldito elogio, Collins — ele passou o braço pelos meus ombros — Tem falado com Remus?

Fiquei calada, era uma resposta.

— Ele é um idiota as vezes, mas ele vai voltar ao normal. Ele sempre volta.

— Eu sei. — tentei forçar um sorriso.

Eu sabia que ele voltaria. Mas era estranho passar os dias sem falar com ele.

— E caso ele não volte, dou uma surra nele para voltar — ele beijou minha cabeça e saiu correndo pelo corredor.

Estava maluquinho para abrir o ferimento de novo.

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Abracei meus joelhos enquanto lia um artigo publicado no profeta diário sobre os rumores de uma possível segunda guerra bruxa. Odiava como eles tratavam tudo como uma "informalidade" quando pessoas já estavam desaparecendo ou morrendo.

As meninas estavam dormindo, e eu não podia falar sobre aquilo com ninguém. Havia mandado uma carta para mamãe mais cedo, mas de qualquer forma, eu jamais a contaria sobre como as coisas estavam feias no mundo bruxo, e nem como isso poderia afetar o mundo trouxa se a coisa ficasse ainda mais feia do que já estava.

Eu não conseguia dormir, não tinha um pingo de sono. Me levantei e coloquei minhas pantufas e saí do quarto, caminhando para perto da lareira na sala comunal da minha casa. Estava vazia, peguei um pôster sobre a mesinha de centro, era sobre o baile.

Baile de inverno.

Aconteceria no último dia de novembro, e a escola toda estava morrendo de ansiedade para o tal baile. Não era muito comum essas festividades em Hogwarts.

Se fosse outros tempos, eu também estaria ansiosa.

— Ah, pensei que aqui estava vazio — quase pulei na poltrona quando vi Madelyn aos pés da escada.

Ela estava diferente, eu a observava de vez em quando, mas era estranho. Ela realmente foi para o grupo de Kate e agora tinha virado uma de suas marionetes. Me perguntei várias vezes sobre como ela permitiu chegar até esse ponto. Nunca pensei que a veria sendo o capacho de alguém.

— Bem, não está. — foi tudo o que eu disse antes de olhar para o pôster de novo.

— Você vai? — ela perguntou, dando uns dois passos para a frente.

— Não sei. — eu realmente não sabia — E você?

— Kate me arranjou um par. — revirei os olhos assim que ela terminou de falar.

Madelyn conseguiria um par sem precisar fazer nada. Ela sabia muito bem que não precisava dos favores de Kate Bryce.

— Só não sei qual vestido usar. — ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha — Tenho um azul bebê e um rosa.

Eu não queria voltar a ser amiga dela, eu sabia que essa fase já tinha ido embora. Mas isso significava que eu não podia falar com ela? Ou ao menos ser gentil, mesmo ela não merecendo?

— Rosa. — disse quando ela já estava voltando a subir as escadas — Rosa fica perfeito em você.

Ela deu um curto sorriso, e voltou a subir as escadas.

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Mais dias de passaram. Agora, faltava menos de uma semana para o baile de inverno. Pela primeira vez na vida eu quis matar Dumbledore por deixar algo assim acontecer em Hogwarts. Não aguentava mais ver tantos casais felizes por todo o lado.

Estava perto do lago depois das aulas, jogando pedrinhas para o mais longe que eu conseguia.

— Precisa ajeitar a postura. — me virei rápido e vi Remus atrás de mim — Só levantar os ombros mais um pouco, e assim ela vai mais longe.

— Não acredito que essa vai ser a primeira coisa que vai me dizer depois de quase um mês.

— Desculpe — ele deu alguns passos para mais perto — Não foi fácil.

— Você entende agora?

Queria dizer de novo que ele não era o monstro que se tornava nas noites de lua cheia, mas não queria deixá-lo envergonhado de novo.

— Eu quero voltar ao normal — ele disse baixo, sua voz parecia estar mais rouca — Quero falar sobre a guerra, estudar em cima daquela pedra e discutir sobre princesas de novo, de novo e de novo.

Tentei conter o sorriso idiota que estava abrindo involuntariamente em meu rosto.

— Mas eu pensei bem durante todo esse tempo. E acho melhor a gente não ter... mais aquilo.

Franzi o cenho.

— Acho que fomos impulsivos. Me desculpo, fui eu que comecei — não acreditei que ele estava falando dos beijos — Quero que sejamos tudo aquilo que éramos no começo. Podemos fazer isso?

Eu travei.

Eu não fazia ideia do que dizer.

Então eu balancei a cabeça.

Afirmando o que ele disse.

— Ótimo. — suas bochechas estavam vermelhas, e em um passe rápido ele me prendeu em seus braços — Senti sua falta, Eve.

Eu senti sua falta também. Era o que eu queria dizer, mas nenhuma palavra saía da minha boca.

Nenhuma palavra saía da minha boca porque eu estava apaixonada.

Eu estava apaixonada por Remus Lupin.

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BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora