09. peace?

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QUANDO ENTREI NO QUARTO dei de frente com Madelyn. Joguei o meu casaco sobre a minha cama, cruzei os braços e encarei ela.

—  Me desculpe. — ela pediu e eu revirei os olhos — Sério, Eveline, mas eu precisava fazer aquilo.

— Precisava? O que diabos é tão importante com Kate Bryce?

— Eu... eu queria que você saísse um pouco da rotina...

— Aí me tranca em um porão? Qual é a sua, Madelyn?

— Tá, tá! — ela se levantou e começou a mexer as mãos tentando se explicar — Eu estou tentando ser amiga dela, ela pediu para fazermos isso, e eu pensei que seria bom para você sentir um pouquinho de adrenalina...

— Fez isso para se aproximar dela?

— Eu...

— FEZ ISSO PARA SE APROXIMAR DELA?

— SIM! SIM! EU FIZ!

Eu conseguia sentir a raiva percorrendo todo o meu corpo.

— Você ouviu o jeito que aquela garota falou do Thomas? Como se ele não fosse nada. Passou pela sua cabeça que ele pode ter desistido de sair com ela para ficar com você?

— Eu não gosto de Thomas.

— Mas é amiga dele, devia pelo menos defendê-lo quando ele não está.

— Ele é grandinho para se defender sozinho!

— Então se elas falassem algo ruim sobre mim, você não me defenderia?

Ela se calou no mesmo instante.

— Ah meu deus. Elas já falaram sobre mim.

— Eve...

— O que elas disseram? Vamos lá, não quer ser parte do grupinho? Espero que seja corajosa o suficiente para falar na minha cara o que elas disseram.

— Eve...

— Não ouse me chamar de Eve! — gritei.

— Você está exagerando.

— Você acha que isso é exagero? Vamos avaliar a situação, Madelyn. Você me trancou em um porão para fazer amizade com outra menina, uma bem mau caráter por sinal, e além de tudo tem a coragem de dizer que estou exagerando.

— Não foi assim tão ruim, você já está aqui.

— Não é só isso que me incomoda, sabia? Os comentários que você faz sobre o quanto eu sou entediante por não ser igual a você tem me irritado há anos e eu nunca falei nada porque sabia que seu ego era sensível demais ao ponto de me odiar pelo resto da sua vida por que reclamei de uma das suas piadinhas.

O rosto dela ficou vermelho.

— Sou amiga da Kate. Você não pode julgá-la, nem sequer a conhece.

— Eu também sou sua amiga. Disse isso pra ela quando ela começou a falar mal de mim?

Ela se calou novamente.

— Quer saber, eu cansei. Chega.

— O que você quer dizer?

— Você se arrepende? — dei um passo na direção dela — se arrepende de verdade pelo que fez, ou só se arrepende porque eu não achei graça na sua brincadeirinha?

— Eveline...

— Me responde!

Um silêncio tomou conta do quarto, e eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Nunca tinha brigado assim com ninguém na minha vida.

Mas ela não se arrependia, eu conseguia ver, sentir e até ouvir. O silêncio dizia muito mais do que as palavras que ela disse nos últimos cinco minutos.

— Certo. Eu entendi — me afastei dela e peguei meu casaco de novo — Vou pedir transferência do dormitório, por que não convida seu novo grupo para vir para cá?

Ela abaixou o rosto enquanto eu saía do quarto, e bati a porta com força o suficiente para os outros alunos ouvirem da sala comunal.

Eu me sentia mal, mas também sentia um peso saindo de cima do peito quando eu saí daquele quarto.

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— Eu sinto muito — Lupin falou baixo ao meu lado.

— Tudo bem. Já pedi para me transferirem de dormitório, com sorte até o fim do dia não precisarei mais vê-la.

— Quer realmente romper a amizade?

— Acho que já faz um bom tempo que eu quero, só não tinha coragem para fazer isso.

— Precisava de um estopim.

— Exatamente. — encarei o lago a nossa frente, no fim de tarde ficava muito bonito — Bom, mas vamos estudar. Não quero mais pensar nisso.

— Tudo bem.

Me pus em meus joelhos e coloquei meu caderno e minha pena sobre a pedra, começamos por história da magia e tentei me distrair explicando para ele cada tópico do assunto. Estava tudo indo bem até uma vassoura quase acertar a nossa cabeça e pousar dentro do lago.

— O que diabos foi isso? — me levantei com ajuda de Remus.

— Aposto todas as minhas fichas que é Sirius naquela vassoura.

No mesmo instante, um corpo se ergueu na água e pude ver a cabeleira escura de Sirius e a roupa ensopada. Ele passou as mãos sobre o rosto removendo o cabelo e falou:

— Acertei vocês?

Remo olhou para mim e disse:

— Eu mencionei que você nunca mais terá paz na sua vida?

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BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora