07. black lake

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ESTUDAR COM REMUS ERA calmo. Sério, calmo mesmo. O garoto nem pensava em desistir e ir vender balinha no sinal como eu fazia a cada cinco minutos. Eu estava ajudando ele mas ele me ajudava muito também, o ruim de ser uma pessoa apressada e ansiosa é que as vezes deixo detalhes importantes passar.

Estávamos perto do lago negro, em uma pedra que estranhamente parecia uma mesa de um certo ângulo. Era um lugar bom para estudar, onde pudéssemos fazer barulho sem que a Madame Pince tentasse nos exilar do cômodo.

O céu estava escurecendo, já devia estar quase na hora do jantar.

— Caramba, está tarde. Falta meia hora para o jantar, é melhor irmos. — ele disse olhando o relógio.

— Eu quero tanto comer. Acho que hoje eu me transformo no ursinho pooh — juntei minhas coisas ouvindo ele rir.

— Conhece o ursinho pooh?

— Claro que conheço, quem não conhece o personagem de desenho animado mais icônico de todos os tempos?

— Ah, agora você exagerou. O personagem mais icônico de desenho animado é a branca de neve — arregalei os olhos — Sim, eu gosto da branca de neve. Esse é meu desvio de caráter.

— Não vai me dizer que sabe as músicas também?

— Sei cantar "O meu príncipe vai chegar" de cabo a rabo — eu não conseguia acreditar que Remo Lupin, um dos marotos, era um fã da branca de neve.

— Aurora é superior á Branca.

— Caramba, encontrei seu primeiro defeito — ele colocou a mão no peito fazendo drama — Nem sequer as músicas da Aurora são tão boas assim.

— "Era Uma Vez Um Sonho" deixa o filme da Branca de Neve no chinelo.

— Você assistiu o filme errado, então — ele virou-se para mim caminhando de costas enquanto falava me olhando — Dá pra acreditar que a maioria dos alunos daqui não tem ideia de quem são elas? É literalmente outro mundo.

— Nunca agradeci tanto por ser nascida-trouxa.

— Eu também, pela minha parte trouxa — ele sorriu, e fomos disputando qual das princesas ganhava até chegar perto do salão.

— Até que enfim! O que estávamos fazendo? — James perguntou, mas perdeu a atenção olhando para Lily Evans que passou por nós ao lado de duas meninas da lufa-lufa.

— Se você olhasse um pouco mais ela ia sentir seu olho atravessar ela como uma faca — falei estalando os dedos na frente dele para que ele recuperasse a atenção.

— Ah, você! Quanto tempo.

— Ele só notou que estou aqui agora? — olhei para Remo.

— É o que o amor faz com as pessoas, deixa elas cego — Lupin disse apontando para James.

— De fato.

— Parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui, por favor — ele tirou os óculos — onde estavam?

— Estudando. — Remo respondeu e James revirou os olhos passando seus braços pelo meus ombros e o de Lupin.

— Vocês são as pessoas mais chatas que eu já conheci, por isso que preciso da ajuda de vocês segunda-feira.

— Porque? — perguntamos ao mesmo tempo.

— Temos teste de Poções. Preciso de cola.

— Os testes não são orais? — Remo questionou.

— Não esse, vai ser totalmente teórico. Eu posso até te passar cola, mas vai ser difícil enganar o professor Slughorn.

— Não se meta nessa — Remo aconselhou tirando Potter do seu ombro — James vai acabar se metendo em confusão e te levando junto.

— Que amigão você é, hein?!

— Olha, se quiser podemos estudar juntos.

James o olhou sério e depois soltou uma gargalhada atraindo olhos de todo o salão.

— Estamos no segundo semestre, Remus, estudar? Para quê!

— Para passar de ano? — sugeri.

— Por favor! As N.O.M.S só são em junho. Bobos são vocês que estão estudando de agora.

— Você vai reprovar se continuar por esse caminho — Lupin o avisou.

— Ah, meu amigo. Você ainda não conhece as delícias da vida. Um pouquinho de adrenalina é tudo de bom.

— Não, obrigado.

— Vai me passar cola? — James me encarou.

— Vou pensar no seu caso.

— Ela é mais legal do que você. — James disse antes de sair andando em direção á garota ruiva que entrava de novo no salão.

— Não se mete nisso, tô falando sério.

— Fugir de confusão não é o meu forte, mas vou tentar — dei uma piscadela e olhei para a mesa da corvinal, Madelyn acenava para mim — Vou indo, até depois.

— Até! E obri... — encarei ele com a cara séria e ele passou a mão pelo cabelo — Até amanhã.

— Até.

Voltei para a mesa da corvinal e minha amiga deu um puxão na minha capa.

— O que estava fazendo com Remus? Pensei que seu namorado fosse Sirius Black. — dei um tapa na cabeça dela.

— Para de gracinha, só estou ajudando ele.

— Ajudando com o quê exatamente? A movimentar a língua? — bati nela de novo — Pra que essa violência?

— A julgar pelo seu bom humor posso dizer que sair correndo da aula hoje deve ter sido para treinar a língua de um certo alguém da lufa-lufa.

Ela sorriu e mordeu a batata frita.

— É que eu aproveito a vida, sabe.

— Lá vem ela de novo, por que você acha que eu não aproveito a vida?

— Eveline, por favor, você fica estudando o dia todo, não quebra uma regrinha se quer. E da única vez que quebrou nem sequer contou para gente. O que aconteceu na casa dos gritos?

— Eu já disse que nada aconteceu. Chega desse assunto.

Ela revirou os olhos.

— Um dia, você vai estar velha, e vai reclamar porque não aproveitou o tempo da escola o suficiente.

Comecei a me servir e olhei para o outro lado do salão, Remus estava rindo ao lado dos colegas da grifinória.

Se minha amiga soubesse quantas regras eu quebrei só por causa de um garoto que eu mal conheço, ela jamais diria que eu não aproveito o suficiente o tempo da escola.

Balancei a cabeça tentando tirar esses pensamentos.

— Sábado uma turma vai até hogsmeade para comprar umas coisas na dedos-de-mel. Se você quiser vir. — Madelyn disse se levantando.

A minha resposta imediata seria não, mas estava cansada dos mesmos comentários de sempre.

— Tá legal. Eu vou.

Ela sorriu como quem tinha ganhado alguma coisa.

— Ótimo! — ela beijou minha bochecha — Tenho que ir.

— Mas o jantar acabou de começar...

— Tchauzinho! — ela saiu correndo.

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BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora