27. morning

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ASSIM QUE FUI LIBERADA da enfermaria e verifiquei como Sirius estava, fui atrás de Remus. Na noite anterior, ele ficou comigo até eu pegar no sono — na verdade, até Madame Pomfrey enxotá-lo para fora — e tinha desaparecido pela manhã. Se ele estava pensando que ia se esconder ou fugir de mim, é aí que ele se engana.

Procurei ele por toda a parte, mas só fui encontrá-lo na salinha onde estivemos quando Dumbledore nos interrompeu.

— Deveria ter procurado uma toca melhor — ele levantou o rosto.

— Está melhor?

— Estou. Desde ontem. — fechei a porta atrás de mim, e tomei fôlego antes de o perguntar: — O que diabos aconteceu, Remus?

Ele olhou para baixo, e para todos os outros lados para que não tivesse que olhar para mim.

— Remus, sou eu. Não precisa ter vergonha.

Ele estava sentado no chão, então eu me ajoelhei na sua frente e segurei seu rosto, fazendo com que ele me olhasse.

— Sirius estava na forma humana. Eu não consegui me controlar.

A aflição em meu peito só aumentava.

— Remus, não foi sua culpa.

— Eu quase o matei, Eveline.

— Não era você. — ele se desvencilhou das minhas mãos e se levantou — Não pode controlar o lobisomem, Remo. Não foi sua culpa.

Ele ficou olhando pela janela por um longo, longo tempo.

— Não importa o que eu ou os meninos dizer, não é? — me levantei e me mantive atrás do corpo dele — Você vai continuar achando que tem culpa por tudo.

Seus braços estavam cruzados e eu não conseguia ver seu rosto.

— Você sabe muito bem que eu não sou de desistir. Quer ficar recluso e afastar qualquer pessoa que tente se aproximar? Á vontade. Mas não pense que eu vou agir por alguma escolha que não for a minha.

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Jade estava quieta. Não tinha falado muito desde que viu Sirius naquele estado. Eu também não sabia o que dizer, já que ela sempre esclarecia que era um "lance carnal".

— Ele está bem, né?

— Sim. Ele está.

— Eu não sei o que devo fazer, Eve — ela virou-se para mim largando o pedaço pequeno de pão que estava comendo — Sabe, não sentimos nada um pelo o outro. Somos meio que... amigos? Eu deveria visitá-lo? Ficar lá segurando a mão dele?

— Por que não vai lá e pergunta isso para ele? — ela me encarou por uns segundos e se levantou.

— Está certa. Eu vou lá.

Ela era determinada, quando decidia algo ia lá e fazia. No instante seguinte ela já tinha saído do salão principal.

Não fiquei muito tempo sozinha, pois James tomou o assento ao meu lado.

— O que disse a ele?

Eu sabia sobre quem ele estava falando.

— O que ele disse para você?

— Nada, esse é o problema. — James ajeitou os óculos — Eu sei que ele vai ficar calado por uns dias por que, você sabe... mas ele está muito estranho.

— Talvez ele precise de tempo.

— É, pode ser...

Remus apareceu na entrada do salão, mas assim que nos viu, não deu um passo á frente. Simplesmente deu as costas e saiu andando.

— Kyle está te olhando. — James chamou a minha atenção, e olhei para a mesa da grifinória.

Kyle estava com os braços sobre os ombros de uma garota, parecia ter seguido em frente. Agradeci mentalmente por isso, não sabia como dar um "fora" educado nele.

— Ouviu as notícias? — Beth apareceu na minha frente.

— Quais?

— Aparentemente, teremos um baile pouco antes do natal. Teremos aulas de dança e tudo.

— Aulas de dança? — James fez uma careta — Mas aulas de dança com Lily... — sua expressão mudou instantaneamente.

— Por que não a convida com antecedência? — dei a ideia e ele sorriu.

— Eu te adoro por que estamos sempre pensando a mesmíssima coisa. — ele beijou minha cabeça antes de sair correndo para fora.

— E então? O que mais sobre esse baile? — estava tentando espairecer as ideias da minha cabeça.

— Aparentemente, só em pares. — Lauren estava muito desanimada — Eu não irei, pelo visto.

— Claro que vai.

— Até parece. Estou no meu sexto ano e nunca fui sequer convidada para um encontro. — ela deu uma mordida na torrada — Mas tudo bem, não ligo nada para essas coisas.

Eu e Beth nos olhamos.

Sabíamos que ela ligava sim para essas coisas, só não assumia.

Nunca entendi a razão para os meninos não convidarem Lauren para sair. Ela é inteligente, engraçada e linda. E até um pouco intimidante, mas não considero isso um defeito.

As meninas começaram a discutir que tipo de roupa usar para a ocasião, e eu apoiei o queixo em minha mão e entrei em devaneios.

Me perguntei se eu viria com Remus. As coisas estavam estranhas agora, mas isso não significava que tudo estava acabado, não é?

De qualquer forma, eu tinha muito mais com o que me preocupar do que com um baile.

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BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora