FAZIA TEMPO QUE EU NÃO ia para aquele lugar. A sala precisa me guardava memórias que agora eram engraçadas sobre o meu quinto ano. Foi aqui que eu conheci de verdade Remo Lupin. Foi aqui que eu troquei seus curativos, coloquei a sua camiseta e tive uma conversa esquisita sobre pertencer a um lugar. Era estranho que eu tivesse contado tanto para ele mesmo mal o conhecendo.
A sala estava do jeito que eu precisava, havia uma cama, um espelho e uma estante de livros. Eu não pretendia ler nada, mas olhar para ela me distraía.
Caminhei até o espelho e me olhei — não tinha feito isso nos últimos três dias. Nenhuma vez.
Eu usava um macacão jeans claro e uma blusa de manga longa vermelha, meu cabelo estava uma bagunça. Tentei amarrá-lo soltando duas mechas na frente. Não ficou muito legal.
Me sentei no chão apoiando minhas costas na cama, estava afundando em meus devaneios quando ouvi um barulho.
Tentei evitar que meu coração batesse rápido assim que visse Remus. Sabia que era ele.
— Me procurou no mapa de novo? — perguntei e ele me olhou de um jeito diferente das outras vezes.
— O mapa não mostra a sala precisa — ele caminhou para perto e se agachou na minha frente — Eu sinto muito.
— É, eu sei. — apoiei minha cabeça nas minhas mãos e ouvi ele se sentar do meu lado.
— Quer que eu saia?
Olhei para ele e acenei a cabeça dizendo que não.
— Quer chorar?
Fiz não de novo.
— Quer ficar em silêncio olhando para os livros?
Assenti.
Nós dois nos apoiamos na cama e ficamos olhando a estante por longos minutos. Era bom imaginar que o mundo era outro, mas eu não podia viver fora da realidade – por isso eu gostava tanto de Remus. Ele me trazia de volta para a realidade e me mostrava que ela não era tão ruim, mesmo que a vida não seja justa com ele, ele tem algo que faz você acreditar que tudo vai ficar bem.
A realidade me afetou pela primeira vez em quatro dias. Encostei minha cabeça no ombro dele, e sem que percebesse, as lágrimas começaram a cair até molhar o suéter de Remo. Senti seus braços darem a volta sobre mim e ficamos lá por tempo o suficiente para eu sentir o aperto no peito se desmanchar.
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Eu não percebi que tinha dormido, mas quando abri os olhos estava deitada na cama da sala precisa, e o mundo caía do lado de fora. Conseguia ouvir o barulho da chuva tão alto que estava com medo.
— Oi. — ele estava sentado no chão quando eu acordei — Está tudo bem?
Assenti algumas vezes e me sentei na cama. Ele se aproximou com um copo de água que tinha surgido do nada.
— Que horas são? — perguntei antes de beber a água.
— Já passa das meia-noite.
— Meu deus, Remo. Não devia ter me deixado dormir.
— Não podia te acordar, parecia que você não dormia direito há dias.
É verdade. Acho que dormi três horas por dia enquanto estava em casa.
— Você comeu? — perguntei.
— Eu que devia estar te fazendo essa pergunta.
— Isso não vem ao caso.
— Vem sim, e você precisa se alimentar.
— Como voltamos para o dormitório?
— Escondidos, é claro.
Dez minutos depois estávamos no corredor, eu segurando um prato com comida roubada da cozinha, e Remus segurando meu braço para que eu não tropeçasse no meio do caminho, já que não enxergava nada no escuro.
Paramos subitamente quando ouvimos um barulho do outro corredor, uma luz estava vindo de lá.
Corremos mais rápido para o outro lado do castelo e sem querer derrubei o prato fazendo um estrondo enorme.
— Estamos fritos!
— Não estamos não — ele se abaixou e pegou dois biscoitos — Regra dos cinco segundos.
— Quem está aí? — era a voz de Filch, esse homem não dormia não?
— Agora, corremos. — foi tudo o que ele disse antes de agarrar minha mão e sairmos correndo pelo castelo, eu devo ter tropeçado umas cinco vezes mas Remus me impediu de cair.
Em algum momento paramos de ouvir Filch, e soltei o ar de alívio quando paramos em frente a porta da torre da corvinal.
— Não acredito que conseguimos — do nada, uma luz surgiu atrás de nós. Era Filch com uma lanterna.
O que aconteceu com os castiçais que ele carregava?
— Detenção, mocinhos.
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BLEEDING SUN | REMUS LUPIN
Fanfiction[CONCLUÍDA] 𝐄𝐕𝐄𝐋𝐈𝐍𝐄 𝐂𝐎𝐋𝐋𝐈𝐍𝐒 se viu em um grande problema quando precisou ajudar 𝐑𝐄𝐌𝐔𝐒 𝐋𝐔𝐏𝐈𝐍 depois de uma de suas transformações. Agora, com a superproteção dos 𝐌𝐀𝐑𝐎𝐓𝐎𝐒 para impedir que a garota conte o que sabe, ela c...