22. stop looking at me!

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ERA CEDO QUANDO EU ME levantei. A detenção tinha acabado há algumas semanas agora, mas eu continuava enfaixando a minha mão até as marcas desaparecerem totalmente.

Aquele tipo de castigo deveria ter acabado junto com a pré-história.

Na maior parte do tempo, Kyle dividiu a sala conosco. Ele foi liberado da sessão de tortura um pouco antes de mim e Remus, que passamos mais dois dias tendo que aturar Filch.

A razão para eu ter acordado tão cedo é que Remus estava voltando de mais uma transformação junto com os meninos, queria saber se eles estavam inteiros.

Me sentei na escada que levava até o segundo andar e esperei algum sinal deles.

— O que está fazendo acordada? — Remus  surgiu do nada.

— Estava esperando você. — me levantei — Onde estão os outros?

— Foram dormir — assenti.

— Vem, anda.

Puxei sua mão e fomos até a sala precisa, quando abrimos a porta a imagem era a mesma da última vez em que estivemos lá: uma cama, um espelho e uma estante com livros. A única diferença é que tinha uma bandeja com comida sobre a cama e uma caixa de primeiros socorros.

Para meu alívio, Lupin não estava tão machucado.

— Se senta — ele obedeceu.

Ele parecia tão cansado que tentei agilizar o processo de limpar os ferimentos e colocar os curativos. Enquanto eu estava parada na sua frente ele estava com a cabeça inclinada me olhando de um jeito estranho, que me deixou vermelha com toda a certeza.

— Para.

— O que? — ele disse baixo, sua voz estava rouca.

— Não é pra me olhar desse jeito.

— De que jeito? — ele continuou me olhando do mesmo jeito.

— Não me faça te dar mais um tapa, Remus.

Ele sorriu mas não parou de me olhar.

Quando terminei, deixei que ele comesse em paz. Ele se jogou na cama e eu me sentei ao seu lado, esperando ele falar ou fazer alguma coisa.

— Não precisava ter acordado cedo por minha causa.

— Se falar algo assim de novo eu vou bater em você. — ele juntou as sobrancelhas em uma expressão confusa — Precisa parar de negar tudo que as pessoas que o amam fazem por você. É ridículo, de verdade.

Ele me encarou ainda mais dessa vez, de um jeito três vezes mais esquisito.

— O que foi? — perguntei.

— Nada.

— Nada?

— Nada.

Me levantei impaciente, estava ficando cansada disso.

— Você tem algo para me dizer, Remo?

— O que você quer que eu diga? — ele se sentou na cama.

— Eu não sei! Você tem agido estranho desde o começo do semestre. Eu tento não criar coisas na minha cabeça, mas é difícil quando fica implicando com Kyle, quando faz de tudo para ficar perto de mim e especialmente quando me olha desse jeito.

BLEEDING SUN | REMUS LUPINOnde histórias criam vida. Descubra agora