Namorada

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Maraisa point of view

Namorada. 

Essa única palavra que saiu da boca de sei lá quem, fez com que eu me desmanchasse em lágrimas. 

Porra, eu tinha contado metade da minha vida pra ela, ela sabia que eu tinha decepções com isso, falou que sente algo por mim e depois nem me conta que namora. 

Eu dormi com ela, meu Deus, eu dormi com ela e ela namora. 

Ela namora! 

Meu coração que já estava recuperado foi acertado de novo, só que dessa vez se quebrou por inteiro. 

Eu estou me sentindo usada, essa mulher conseguiu pegar todos os meus sentimentos bons que eu havia criado por ela e os transformado em raiva. 

Eu nunca fui vingativa, acho que a vingança é algo desnecessário, mas eu sei que se eu tentasse, era capaz da pessoa acabar morta. Por isso que eu desconto tudo na bebida. 

Já não sei mais o que pensar, o que fazer ou que falar. Ela me deixou totalmente sem rumo, e ainda são oito da manhã. Eu não posso ir trabalhar nessa situação, as crianças não merecem me ver nesse estado. E também, eu acho que seria uma risco ver a cara da loira hoje. 

Liguei para a diretora e inventei que estava com gripe, assim ela me daria o dia de folga. 

Deitada novamente na minha cama, pensando em tudo que aconteceu em poucas horas, e como isso me afetou, eu já sabia que estava apaixonada por ela, mas achei que quando ela me decepcionasse seria com algo menor, não um namoro escondido. 

Quase pegando no sono novamente, duas batidas na porta da sala soou por todo apartamento. Maiara está na faculdade, Fernando jamais viria aqui sabendo que estou sozinha, se ele tiver amor a  vida dele é claro, Fernanda trabalhando e... Não. 

Levantei e caminhei até a porta, pude ver pelo olho mágico que era ela. Já não estava bom me machucar? Tem que vir até aqui e me ver com cara de choro? O choro que ela mesma causou. 

Bom, se eu ficar quieta ela vai ver que não tem ninguém aqui e vai embora. 

Ou eu acho que vai. 

- Abre Maraisa, eu sei que você tá aí. 

A voz rouca dela invadiu meus ouvidos me causando arrepios da cabeça aos pés, eu só queria poder abraça-la e sentir seu cheiro agora. 

- Marília... Eu... Eu não quero conversar agora, vai embora por favor!

Tentei disfarçar a voz de choro, o que foi em vão. 

- Ela atendeu o telefone não foi? 

Me sentei no chão, encostada na porta, eu podia sentir o cheiro do seu perfume dali, eu amo ela. Eu sei que eu amo a Marília. Poderia abrir a porta e aceitar ser sua amante mas eu não consigo, isso me estragaria, não iria conseguir me olhar no espelho sabendo que eu amo uma pessoa comprometida. 

- Sim...

Disse em meio de soluços. 

Marília point of view

Ali, sentada no chão gelado, eu estava pensando em como eu poderia estar quente nos braços de Maraisa agora, se eu não tivesse estragado tudo. Eu juro que estava sentindo ela ali, mas estava do outro lado da porta. 

Merda.

Se eu pelo menos pensasse, isso poderia não estar acontecendo. 

Tudo que me passa na minha cabeça agora, é o que essa filha da puta louca falou pra Maraisa, e por que eu levei ela pra cama? 

Não iria insistir nisso. Se ela quisesse me perdoar já teria aberto essa droga de porta que nos separa. 

- Porra, eu te amo tanto Maraisa! 

Foram as últimas palavras antes de levantar e sair dali. Eu estou errada, já sabia disso desde o momento em que Naiara entrou na minha casa. Realmente achei que ela me daria pelo menos a chance de me explicar, se bem que se tivesse sido ao contrário, eu me odiaria pelo resto da vida. 

Eu te amo. 

Essas palavras ficam rodando e rodando na minha cabeça. Por Deus, nunca achei que diria essas palavras para alguém de novo. E eu disse pra ela, eu sei que foi um momento péssimo, ela pode não ter escutado, mas eu amo essa mulher e não sei se vou parar de ama-la. 

E agora? Qual vai ser a graça de buscar Léo na escola? Pra quem eu vou fazer visitas surpresa no meio da noite? Deus, Quem eu vou abraçar e me sentir segura? 

Já dentro do meu carro, deixei com que as lágrimas escapassem dos meus olhos. Me sinto machucada, só por saber que eu a machuquei. Como pude ser tão burra? 

Cheguei em casa e fiz o que tinha medo, comecei a beber sem parar. Isso sempre foi um escape da realidade pra mim. Minha mãe briga comigo desde de nova porque pra ela, mulheres que bebem ou que fumam não são um exemplo. Então, eu me formei na faculdade, tive um filho e abri minha empresa. Fiz uma festa com toda família, bebi muito, e mostrei pra ela como uma mulher consegue ser foda fazendo a mesma coisa que os homens. 

Depois disso, eu fiquei bêbada e me assumi pra toda minha família que eu era lésbica sem nem ter beijado uma mulher. Metade da minha família me odeia, e a outra metade me respeita. Se isso me afeta? Nem um pouco, eu aprendi a ser sozinha desde o dia que abaixei a cabeça pra uma das agressões de Murilo. E isso só me fortaleceu. 

Mas agora estou me sentindo diferente. Maraisa foi a primeira pessoa que me deixou desse jeito, afetada. 

Sabe, eu gosto da solidão, é claro que tenho amigos se não acho que já estaria no ápice da depressão. Nunca fiz questão de ninguém na minha vida, e com certeza não vai ser agora que vou fazer. Se ela não tivesse mexido tanto comigo isso seria muito mais fácil. Eu vejo ela em literalmente tudo. Na minha cama, na cozinha, no sofá da sala, até no quarto do Léo. 

Eu me odeio. 

Me odeio por ter estragado tudo.

Me odeio por ter deixado a bebida me levar. 

Me odeio por ter deixado ela machucada. 

Eu sei que eu preciso de uma conversa, talvez um sermão, agora, e já tenho a pessoa certa pra me abraçar. Eu só não sei pedir isso a ela. E também, isso vai me custar algumas mudanças para.  


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Olaa, voltei, esse cap ficou meio ruim e curto pq não sabia mais o que colocar. É isso, me desculpem qualquer erro e não esqueçam das estrelinhas e comentem MUITO pq isso ajuda, beijoss!

Você e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora