Já estávamos ali por aproximadamente 4 horas.
Comecei a avaliar a pessoa ao meu lado. Extremamente educado, inglês perfeito, melhor que o meu sem dúvida alguma. Bem ansioso, se mexia na cadeira o tempo todo, mas na situação em que estávamos não dava para culpá-lo. Contido, ele parecia saber que tinha um papel a cumprir e parecia muito sério nisso. Olhos puxados, que se arregalavam às vezes, lábios... Nossa que lábios, pareciam tão macios... As mãos grandes, bem cuidadas e refinadas. Aliás, que tudo: que peitoral, que braços, que pernas naquela bermuda cargo, wow que pernas... e Fui pega no flagra! Ele me olhou com um sorriso de sem graça e a mais linda covinha apareceu ali de um lado. Não acredito que ele me pegou comendo ele com os olhos eu podia morrer e ser enterrada naquela covinha. Com o rosto pegando fogo, engoli em seco olhei pra baixo pros joelhos dele e balbuciei:
— Seus joelhos! Você cortou os joelhos — eu apontei. Vou chamar uma enfermeira.Ele me cortou segurando meu braço e disse: "Por favor, não faça isso. Eu vou até o banheiro lavar".
Quando voltou trouxe dois copos de água. E me ofereceu um deles. Chequei os joelhos dele e só depois disse:
— Obrigada, sempre me esqueço de beber água.
RM: — Então seu nome é Nina...
— Na verdade meu nome é Karenina... Meus pais gostavam dos nomes russos, vai entender. Uso Nina pra encurtar. E você? RM? Não é alguma coisa Kim?— RM de Rap Monster — ele disse sem graça— meu nome é Kim Namjoon.
Eu: — Ah rapper então... Você e o V são parentes?
RM rindo: — Não, amigos. Todos nós nos tornamos muito próximos com a formação do grupo. O nome dele é Kim Tae-hyung. Kim é um sobrenome bem comum na Coréia do Sul.
E ele continuou falando dos outros:
—Jung Ho-seok foi o que deixou o celular comigo, pode chamá-lo de J-Hope. Aquele outro que você pediu pra trazer os sofás é o Min Yoon- Gi, mais conhecido como Suga. Os dois que choravam lá no hotel eram o Park Ji-mim e o Jeon Jung-kook, Jimim e JK pra encurtar. E o nosso mais velho é o Jin, Kim Seok-jin, que levou os dois pro quarto quando você sugeriu.
Eu: — Não sei se vou decorar tudo isso, eu mal me lembrava dos sobrenomes da instrução que o hotel nos dá diariamente. Ah e eu sou Karenina Silva, Silva é o sobrenome mais comum no Brasil.
RM : — E o que você faz? No hotel? Além de cuidar das pessoas sem nenhum juízo que causam acidentes?
Eu: — Ah... Eu estava ali por acaso, normalmente não lido com hóspedes. Sou engenheira civil, mas trabalho no hotel na área de compras e almoxarifado, então se as bebidas ou sabonete da sua suíte não são bons a culpa é minha.
RM: — Por que não trabalha na sua área?
Eu: — Mesmo quando trabalhava em empresas do ramo eu acabei indo pra área de negociação de contratos de compra de materiais para construção, fiquei bem pouco tempo diretamente nos projetos ou obra. Minha graduação em engenharia civil acabou não sendo minha paixão. Tive que escolher aos 16 anos o que ia fazer na faculdade e pouca ou nenhuma orientação sobre isso. Gostava de matemática e ia muito bem, sabia que deveria ser em exatas. Juntei meu interesse por desenho geométrico e cá estou. Hoje acho que deveria ter feito administração. Tentei minimizar isso fazendo um MBA em Gestão.
RM: — E, além disso, você fala inglês muito bem.
Eu: — E francês e espanhol, adoro aprender outros idiomas... Sei algumas poucas expressões em turco também. Foi o que me garantiu o emprego no hotel, estou tem uns seis meses lá.
RM fazendo cara de impressionado: — E você se mudou pra cá pra trabalhar aqui, ou você mora no Rio?
Eu: — Eu já estava morando aqui na cidade mesmo quando consegui o emprego no Hotel. Moro numa área bem afastada do Centro, mas bem pertinho da praia.
RM: — Dá pra ver pelo seu bronzeado.Eu ri: — "Acredite-me não estou tão bronzeada, é que você é bem branquinho". Ele também riu e respondeu: "Como vocês não passam mal debaixo desse sol? E esse calor?".Eu:—Quem disse que não passo mal?
E fomos interrompidos pela enfermeira que pediu que a acompanhássemos até o balcão da administração.
E assim começou o pesadelo da burocracia. Uma pessoa dali começou a me dizer que eles não sabiam ainda como iriam fazer pra operar o V porque como estrangeiro, ele não tinha o cartão do SUS e isso nunca tinha acontecido ali já que o hospital era bem novo. Inacreditável. Pela minha reação ela começou a engrossar o argumento dizendo que nem mesmo o passaporte dele foi apresentado. Ah eu virei uma fera. E contra-argumentei que estávamos ali há mais de 6 horas e que se eles precisavam do passaporte eu já teria mandado buscar no hotel faz tempo.
Expliquei com muita vergonha tudo pro RM e ele ligou pra alguém pedindo o passaporte e foi informado que o presidente da empresa deles (o chefe deles), um advogado, um oficial do consulado e um intérprete estavam lá e já iriam para o hospital com o passaporte solicitado.
Voltamos para nossos lugares e não demorou nem meia hora, começamos a notar a entrada de várias pessoas na sala onde o V estava. Depois da oitava pessoa (sim, eu contei) escutei alguém falar algo bem alto e duas pessoas saírem com seus celulares e rindo. Não me contive e entrei também. V estava quase gritando em coreano enquanto duas pessoas estavam ao lado dele tirando fotos. RM correu pra perto dele e eu comecei a botar um a um pra fora e cobrar da equipe do hospital uma postura mais profissional. Aquele monte de gente tinha entrado para tietar. Que vergonha! Mas a minha preocupação ali foi outra: a reação do V, eu já tinha visto aquilo antes e não parecia nada bom, ele estava apavorado.
Ia levando o médico e a enfermeira pra fora pra conversarmos e V me chamou dizendo: "Nuna, não deixe eles entrarem". Fui até ele, peguei a mão dele entre as minhas e disse:
— Não vou deixar! Achei que eles estavam vindo tratar você, me perdoa. — e o deixei ali com o RM tentando acalmá-lo.
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O Tempo da Leoa
FanfictionEsta é a história de uma mulher madura que por um acidente do destino acaba se envolvendo com o BTS e vai parar na Coreia do Sul. Ela acaba se apaixonando por um homem inatingível: mais novo, lindo, famoso, rico e pra piorar não a vê com bons olhos...