Capítulo 38

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O mês voou comigo correndo entre estudar coreano, dar atenção ao V, os finais de semana com o meu amor e a área de engenharia. Cheguei à conclusão de que se eu queria ficar na Coréia e viver aquele amor eu tinha que cavar meu lugar. Às vezes eu ficava na empresa trabalhando até às 11h, ou meia noite. Voltava tão cansada que apagava. Mal via os outros meninos. Acordava uma hora mais cedo pra estudar, afinal o exame era no mês seguinte. Era o único jeito de eu compensar as horas que eu me ausentava da engenharia quando estava com o V e poder estar com Namjoon sem me preocupar. Um dia quando cheguei estavam todos eles me esperando, parecia que iam fazer uma intervenção, e fizeram mesmo.

V: — Noona você emagreceu rápido demais

Jimim: — Você nem consegue ver filme ou conversar com a gente, cai no sono de cansaço.

Y: — Você está trabalhando demais.

Jin: — Precisa se alimentar melhor.

JK: — Melhor não malhar se estiver tão cansada assim.

J-Hope: — Fiz umas comprinhas e você vai ter que usar tudo.

RM: — Eu concordo com eles.

Começaram a abrir umas sacolas de onde tiraram umas seis latas diferentes de suplemetos, shakes, vitaminas,e whey. Tinha também barras de proteína e cereais, e pelo menos uns 20 potes de cápsulas de tudo quanto é vitamina e mineral. Além de pacotes de umas bebidinhas energéticas. Eu olhava praquilo tudo e comecei a rir. Eles continuavam sérios.

RM: — A gente escreveu tudo que você tem que comer no café da manhã e compramos uma bolsa pra você levar umas frutas pra comer ao longo do dia. Compramos dois copos pra shakes pra você levar o pó pra onde for, bastando completar com água. A lista tá na porta da geladeira. O V que fica a maior parte do dia com você tá com uma cópia e aqui está a outra pra você levar com você.

Olhei na direção da geladeira e lá estava um papel grande com uma lista imensa, e várias marcações coloridas. Eles estavam sérios mesmo.

Eu: — Meninos eu não tô tão magra assim e vocês sabem disso. Se me compararem com as outras mulheres vão ver que ainda sou até gorda perto delas

RM: — Não é gorda, e nem tá magra demais. A nossa preocupação é que você tá emagrecendo muito rápido por conta de estar nessa rotina louca. Por favor, tome os suplementos. Só estamos querendo seu bem. Caso não colabore você vai ficar de castigo.

Eu: — hein?

RM: — É, o JK que deu a ideia. Nada de você ir pra casa da sua amiga do curso aos sábados e só voltar na segunda de manhã. — fez olhar de quem não tinha culpa daquilo de jeito nenhum.

Olhei na direção do JK apertando os olhos. Essa era a desculpa que eu usava pra ir pra casa do Namjoon. Pelo visto eu estava encurralada.

Eu: — OK, serei uma boa menina e farei o que vocês mandam. Mas vocês lembram que eu não tomo leite né?

E começaram a falar todos ao mesmo tempo de cada suplemento que eu devia tomar. Nos dias que se seguiram era muito engraçado ver o V e eu com os papeis invertidos: agora era ele que me controlava pra tomar tudo certinho.

Na verdade aquilo me fez muito bem, me deu bastante disposição pra trabalhar e estudar com afinco. Só que no final do mês os funcionários da engenharia tiveram uma notícia grave. Boa parte dos trabalhos ali seria terceirizada para uma empresa de engenharia. Só algumas posições de contratação, fiscalização e análise de custos ficariam diretamente na Big Hit. Ficar na Coréia se tornou algo bem distante. Alguns dias depois conheci o responsável da terceirizada responsável por nos atender. E não suportei o cara. Só pensava em custos e zero em segurança das instalações. Com o grupo não tendo se apresentado quase todo o último ano, as contas não estavam boas e claro os custos eram uma preocupação. E como temia, quando faltava um mês para vencimento do meu contrato o PD me chamou para dar o aviso de encerramento do contrato, me entregou as informações do meu voo de volta e agradeceu formalmente a minha ajuda com tudo: com o V, desde o acidente no Brasil, no hospital e em casa, e também pela colaboração com a segurança e com a engenharia. Disse que se não fosse terceirizar tudo me contrataria pelo tempo total permitido aos estrangeiros, no caso três anos. Desculpou-se pelos danos que sofri com a alergia e com a mordida do V. Disse que a BigHit me devia muito e que minha falta seria sentida. Cumprimentei-o formalmente também agradecendo pelo tempo que passei ali e que tinha adorado conhecer a Coréia e que a levaria em meu coração. Ele me perguntou da prova de idioma.

Eu: — O exame é hoje à tarde.

PD: — Boa sorte.

Aquilo era o fim. Eu não tinha mais tempo. Não ia ver mais os meninos, minha nova família. Não estaria mais com meu amor, Namjoon. Fiquei arrasada, derrotada. Meu coração doía. Fui para o exame à tarde como um autômato. Não foi surpresa na semana seguinte ao pegar o resultado eu verificar que não passei. Como ia dar essa notícia ao Namjoon? "Amor, eu vou embora em menos de um mês". Tudo que me restava era aproveitar ao máximo o tempo que eu tinha ali. Eu tinha certeza que com a loucura da agenda deles Namjoon não estava acompanhando a data da minha partida já que tinha gente pra fazer isso, como eu. Minha rotina mudou a partir desse dia. Aproveitei ao máximo cada dia ao lado deles. Não perdia um ensaio sequer. Vê-los dançar era magnífico. Eu assistia tentando gravar na mente cada movimento, sobretudo de Namjoon, o charme que ele tinha nas suas performances. Queria também antes de ir ter mais certeza de como V estava e consegui convencê-lo a irmos a um abrigo infantil. Eram apenas 30 crianças, mas para cada uma parecia que brotava um adulto ao lado querendo tirar foto com V. Ele não só suportou a pressão como falou pro segurança que podia deixar ele ali que tudo estava sob controle. Foi lindo de ver V recuperado, curtindo as crianças e até a tietagem. Ao final o abracei parabenizando-o.

V: — Obrigada Noona por ter me ajudado até aqui. — e entendi que ele sabia que eu ia partir. Não contive o choro sentido e ele também não. Fomos os dois assim pra casa. Nunca soube por que V não comentou nada com ninguém. Primeiro pensei que ele talvez não achasse que era importante, depois pensei que ele educadamente tinha me deixado a vontade pra eu mesma falar com cada um, se existia outra razão eu realmente desconheço.

O Tempo da LeoaOnde histórias criam vida. Descubra agora