O Tempo da Leoa

Capítulo 52

Por uma semana inteira fizemos tudo juntos. E foi maravilhoso. Na volta para Seul ele disse que iria ficar comigo na minha casa aquela noite que de manhã ele voltava pra casa do grupo, mas tinha o aniversário do Tete e eu iria entregar o colete. Na casa quando chegamos já havia balões e chapeuzinhos além de um bolo de morango na mesa, mas já sem os morangos da cobertura. Com certeza o aniversariante já comeu todos. Todos estavam ali menos V.

Eu: — V? Cadê você? Trouxe seu presente.

V: — Já vou Noona — destrancou a porta do quarto e saiu com um prato só de morangos lá de dentro. — Noona esse dois aqui você pode comer. — os outros só olhavam.

Eu: — Pode comer Tete. — tive que rir ele nem insistiu e enfiou os dois na boca.

Peguei o embrulho e dei pra ele. Abriu o pacote com olhos arregalados e começou a chorar quando viu que era o colete.

V: — Você comprou o colete, obrigada Noona. Onde você achou?

Eu: — Eu que fiz Tete. Vamos ver se ficou bom em você. — ele fazia as caras de espanto e satisfação mais fofas que existem

V: — Você que fez!? Ficou perfeito, adorei! E foi desfilando e mostrando seu colete pra todo mundo.

Depois de cantarmos parabéns eu disse a RM que iria embora de taxi que não precisava que ele fosse me levar

RM: — Eu preciso — ele me disse no ouvido — é que nessa semana foi tudo tão bom, mas tão bom que eu não tô preparado pra largar você ainda.

E é nessas horas que o coração apaixonado fica quentinho.

Mais um ano começava e o frio estava muito intenso. RM foi malhar comigo algumas vezes como tinha dito, todos retomaram a rotina de praticar as coreografias. As mesmas moças estavam lá como abelha no mel. Eu agora entrava na sala, sorria e cumprimentava a todos, e me sentava em um canto para assistir. Sendo de propósito ou não todos os meninos vinham falar comigo, cada um tinha um assunto, e RM com sorriso no rosto não foi diferente. O planejamento deste ano continha muitas viagens e a viagem aos EUA era a mais longa, de aproximadamente um mês. Incluía entre shows e programas de TV duas premiações às quais o grupo participaria. Shows eram 4 em duas cidades diferentes, fora os outros compromissos seriam mais duas cidades. Outra viagem que faríamos era para a Austrália com dois shows, alguns programas de TV e algumas gravações em locações por lá. As outras viagens eram menores em tempo e complexidade, mas ainda assim nos tirariam da Coreia por meses se somado tudo. Com alguns pequenos intervalos. O trabalho da engenharia estava a todo vapor com tantos shows previstos. Já na segurança estávamos começando a trabalhar nos planos de segurança que contemplavam as coreografias, o veículo que os levava por uma volta pelos estádios e até o gancho em que um deles se penduraria para meu total desespero.

Antes de tudo isso eu estava estudando para o exame de coreano que seria em meados de fevereiro e dessa vez eu passei. Quando contei do resultado pro RM por mensagem, ele me mandou flores no trabalho com um cartãozinho que dizia: "Por que eu nunca te mandei flores antes?".No começo de março eu viajei para a Austrália, uma semana antes do show. Precisava supervisionar a montagem no estádio. Como eu estava sofrendo com o frio foi bom estar em um lugar quente. De manhã cedo eu aproveitava um pouco do sol, me cuidando claro, dando passeios na praia. Dois dias antes do show o grupo chegou e pude matar as saudades de RM. Eles também foram a praia um dia, mas tivemos que manter uma certa distância. Afinal eles são ídolos e eu staff. Filmaram algumas cenas deles tentando surfar e fazendo graça. A Austrália é um país de gente muito bonita e havia muito que se admirar. Eu vi a cara de insatisfação de Namjoon no ensaio quando eu estava em um grupo predominantemente masculino de engenheiros, técnicos e responsáveis pela montagem. Alguns daqueles homens eram bem bonitos mesmo, mas eu só tinha olhos pro meu Nam. Queria olhar pra ele, mandar um beijo, dar um tchauzinho, mas não podia. Quando ele estava no backstage eu mandei uma mensagem "estou na Austrália e quero meu Koala" me referindo ao personagem dele. Naquele dia mais tarde depois do show ele foi pro meu quarto. No segundo dia de show eles iriam fazer uma live logo depois e assim só o vi brevemente no hotel antes de começarem. Haveria dois dias de gravação em locações ali e depois eu iria embora. Eles só iriam alguns dias depois já que tinham dois programas para participar. Na locação para onde fomos havia um mundo de pessoas trabalhando e acabei encontrando um brasileiro. Como é natural ficamos conversando bastante e o cara acabou me convidando para tomar uma cerveja que eu recusei com pena, pois ele de fato parecia estar só sendo simpático mesmo. RM tinha visto a gente conversando e naquele dia à noite me questionou. Ele ouviu tudo e meio triste me perguntou:

RM: — Você queria ir encontrar com ele?

Eu: — Não Nam, porque aí eu não teria tempo de estar aqui com você e amanhã eu já vou embora e você fica. Vou ficar com saudades. Tendo que escolher, é claro que eu escolho estar com você. — ele pegou um cachinho meu e sorriu satisfeito

RM: — Você está mais parecida agora com quando nos conhecemos no Brasil, você sente falta do Sol não é?

Eu: — Sinto sim. Por isso preciso de você pra me esquentar — E ali ficamos juntos até dar a hora de ir no dia seguinte. 

Voltei para o frio intenso de Seul e por três dias não tinha Namjoon pra me aquecer. Comecei a ter tosse e quando eles voltaram eu não podia ficar perto deles, não podia arriscar que eles ficassem doentes. A gente só se falava por telefone ou mensagem. Assim uma semana passou e já tinha que partir pros EUA cuidar da montagem do show por lá. Fazia então duas semanas que a gente não se tocava e uma em que não nos víamos. Eu estava ansiosa no Hotel quando eles chegaram e eu não era a única. A tal cantora que fez uma colaboração com RM também estava ali. Coincidência ou não eu não gostei, claro. Para piorar ela estava hospedada, não estava só de passagem. Eu vi quando se cumprimentaram, a mulher não se segurava com Namjoon. Usava um macacão colado ao corpo todo de paetês que realçava sua bunda e que todos olhavam.