Capítulo 89

57 15 4
                                    

Olhei pra RM que estava com as mãos nos bolsos e na maior parte do tempo só nos observou.

RM: — Acho que foi tudo bem, né? Ele tá tentando...

Eu: — É. Ele vai ficar bem.

RM: — Vai sim, não se preocupe.

Eu: — E você, você vai ficar bem? Aliás, você está bem?

RM: — Vem cá. — ele respirou fundo e me puxou pro sofá — Nina, é muito difícil te responder isso. Parece um pesadelo. Se eu disser que estou bem, que vou ficar bem, você vai acreditar? A mim, parece que se eu disser isso estou diminuindo o que a gente tem, o quanto nos amamos. Se eu disser que estou arrasado, que não tenho ideia de como vai ser depois... Parece perda de tempo e ainda vou te deixar preocupada e te conhecendo, se sentindo culpada. Tenho tentado me concentrar no presente. Na perfeição do que tenho agora. Sabe, me pego feliz de observar suas pequenas manias: o jeito que você lava a louça separando cada coisinha, ou quando vai pegar nossas roupas pra lavar e arruma tudo antes, separando tudo, por cor, por tipo. E quando você passa creme no corpo. Já percebi que você não gosta de excesso, tem que espalhar bem. Seu ritual de se estalar de manhã, desde o nosso primeiro dia. Quando você fala consigo mesma quando está lendo alguma coisa. Como você descasca e tira todos os fiapos da tangerina antes de comer, mas são todos os fiapos mesmo — ele me olhava com tom de irritação, mas rindo — O jeito que você se mexe na cama. Uma meia dúzia de vezes você me atropelou — ele ria— acho que você nem sabe disso, você deitou em cima de mim, parecia uma macaquinha. O jeito com que toda vez que acabo de me arrumar, antes da gente sair você me dá um beijinho e enfia o nariz no meu pescoço e dá uma cheirada. Quando você olha pra ver se meus cadarços estão bem amarrados e quando acha que não estão você dá mais um nó. Essas pequenas coisas que completam meu mundo. — ele respirou pesadamente — Eu não sei se eu tô bem, só espero estar fazendo o meu melhor. Mas é tão difícil... Parece que nada é suficiente... Eu te amo tanto... — e a voz dele falhou.

Eu: — Também te amo demais. Não se cobre tanto, você tem o direito de errar ou fraquejar, sabia? Ninguém sabe o jeito correto de lidar com isso. Só quero que me diga o que você está sentindo, ou se há algo que eu possa fazer.

Ele estava com o rosto colado no meu, as lágrimas rolavam em nós dois, ele pegou uma mecha dos meus cabelos, ficou brincando com um cachinho. Lembrei-me da mecha que peguei quando cortei o cabelo e que coloquei amarrada com um laço de fita junto com a carta que deixei pro Nam.

E: — Eu sempre vou ter mais um "eu te amo" pra dizer a você. Também terei sempre um conselho pra você não se desesperar e viver sua vida de forma plena e feliz mas o que eu realmente preciso que você ouça e que acredite é no quanto você me fez e ainda faz feliz. Por sua causa eu posso dizer que tive uma vida maravilhosa e conheci a felicidade e o amor. Antes de você eu não achava que isso era possível pra mim, eu espero que eu tenha te dado tanto amor quanto recebi. Só isso me importa. Entendeu? — eu segurava o rosto dele nas minhas mãos, ele fazia que sim sem conseguir falar, limpou o rosto e me abraçou forte.

Nas duas semanas quese seguiram ficamos todos em clima de paz, apesar de a tristeza nos rondar eu me esforçava pra que eles tivessem motivos pra rir. Eu precisava que eles estivessem bem uns com os outros, só assim se apoiariam e dariam o apoio que eu sei que o Nam vai precisar. Terminei de escrever as cartas de todos. E terminei finalmente a tapeçaria com o retrato do Nam. Modéstia à parte, ficou sensacional. Era uma sexta à noite quando em um embrulho eu entreguei a ele toda solene. Ele riu apertando aqueles olhos lindos e depois ao abrir ficou com eles arregalados. Ele tocava a tapeçaria e não acreditava. Eram tantas interjeições que eu tive que rir alto dele.

RM: — Nina, como você fez isso? Não era uma pintura? Ohhh caramba, que trabalhão. Wow eu tô muito impressionado. Ficou maravilhoso! Obrigada amor!

Eu: — Que bom que você gostou, agora só precisa colocar em uma moldura. Você achou que eu estava pintando? Mas como? — e eu ria— nunca reparou em mim bordando? Até pros ensaios eu levava.

RM: — Eu via você bordando mas achei que era outra coisa, nunca pensei que fosse meu retrato. Nossa, que demais.

Eu não me continha de alegria vendo o quanto ele tinha gostado. Ele me abraçou e disse que merecia uma comemoração. Abriu champagne e nos serviu. Tirou foto do quadro e mandou pros outros 6. As mensagens que eles trocavam eram bem engraçadas, ele teve que explicar do que o quadro era feito e ninguém acreditava, menos o Tete. Esse mandou de cara " ela fez o colete pra mim", só rindo mesmo. Nam largou as mensagens pra lá e me tirou pra dançar como tinha se tornado hábito desde o nosso Natal.

 No dia seguinte à tarde haveria o leilão das roupas, o primeiro dos sete e depois um coquetel. RM me levou ao salão onde fiz cabelo e maquiagem. Ele tinha comprado um macacão lindo pra mim. Parecia uma roupa grega com as alças torcidas e um decote profundo, era azul-turquesa e usei acessórios dourados. Deixei os cabelos soltos com os cachos nas pontas do jeito que o Nam mais gostava. No evento todos os meninos foram e ficaram com RM no pequeno palco pra discursar antes de o Leilão propriamente dito começar. Fiquei ali na frente vendo ele lindo de terno azul e admirando como ele sempre falava bem. No discurso dele ele incentivava a todos doarem o que não mais usavam, não importando se fosse apenas uma peça de roupa. Fui pega de surpresa quando ele endereçou o agradecimento principal a mim por tê-lo ajudado a organizar aquilo, por ter dado a idéia e por tê-lo feito colocar a mão na massa. Olhou diretamente pra mim e disse que por minha causa ele era um homem melhor. Tive que me segurar não só por estar com vergonha mas por quase cair mais uma vez no choro.

Eu: — Amor, não precisava falar essas coisas — eu disse a ele quando desceu do palco e o leilão começou.

RM: — Precisava, e eu nem disse tudo que queria. — ele me deu um beijo na bochecha e ficamos sentados juntos assistindo.

Os lances no leilão foram um sucesso tendo algumas peças sido bastante disputadas. O valor arrecadado ultrapassou as estimativas e ele voltou ao palco pra agradecer a todos. No coquetel V se aproximou de mim sem parecer envergonhado ou triste.

V: —Eu sei que fui medroso e egoista, não pensei em você, só sei que eu vou ficar com saudade. — fez cara de Tata mic por um tempo — Noona, você acredita que a gente vai se ver de novo?

Eu: — Acredito Tete, seria muito desperdício a gente não poder ver mais quem a gente ama né? — ele então do nada me abraçou forte.

V: — É, acho que você tem razão. — e assim do nada Tete deu aquele assunto por encerrado, me tirou pra dançar e rimos muito.

Acabei dançando um pouco com todos eles. Que delícia. Meus meninos vão ficar bem. Eu estava feliz porque todos estavam sorrindo ali. Por último veio finalmente meu amor dançar comigo, o homem mais lindo da festa, o melhor homem do mundo estava ali nos meus braços.

O Tempo da LeoaOnde histórias criam vida. Descubra agora