Capítulo 88

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Depois do almoço voltamos a empresa e eu e RM fomos tratar do leilão das roupas que finalmente iria sair. Escolhemos a causa que receberia a doação e hoje fecharíamos com o leiloeiro. Uma pessoa do marketing iria participar pois haveria uma grande divulgação. Foi bacana ver que com isso os outros quando souberam também queriam fazer, e claro o que mais tinha roupas a doar era J-Hope. De cara ficou combinado que cada um escolheria uma causa diferente pra ajudar. Quando a reunião terminou nós fomos embora e RM disse que aquela noite não queria olha pro V, então não fomos pra casa do grupo e sim pra nossa casa mesmo.

Eu: — Amor, você não vai poder ficar sem ir lá, você sabe. Você quer ir e eu fico aqui? — falei mas não era o que eu queria e pela cara que ele fez ele também não. Nem me respondeu.

RM: — A gente tenta fazer melhor amanhã.

Já estávamos deitados quando o celular do RM tocou, era o Suga. RM só ouviu e ao final só agradeceu ao Suga. Ele desligou e não falou nada.

Eu: — Aconteceu alguma coisa?

RM: — Não, só uns lembretes pra amanhã. Vamos dormir.

No dia seguinte quando chegamos Suga estava nos esperando, me abraçou e chamou RM de lado para conversar. Eu fui andando na frente pra dentro da empresa e RM me alcançou, colocando o braço sobre meus ombros, e assim fomos pra sala de ensaio. Quando entrei estavam JK, Jimim, e J-Hope ao redor de V e Jin conversando com o coreógrafo.
Eles se viraram pra ver quem estava entrando e eu vi V com um bolo de post-its nas mãos. A julgar pela quantidade parecia que ele tinha encontrado todos os 250.

Eu: — Tete! — falei num impulso mas RM fez que não pra mim.

V começou a caminhar na minha direção quando me ouviu. Estava com rosto inchado, de choro e de falta de sono, todo desarrumado. RM andou até ele e o manteve longe de mim, eu só escutei " fique longe dela até conversarmos". V voltou pra perto de Jimim que o ajudou a guardar os post-its numa bolsa. Que situação, eu nem conseguia entender se ele tinha gostado ou não do que fiz.

O ensaio foi pior que no dia anterior,mas tão ruim que o coreógrafo encerrou uma hora antes. V se sentou encostado na parede com o rosto afundados entre os joelhos e os braços. Eu olhava pra ele e pra RM querendo saber o que ia acontecer. Todos os outros começaram a se sentar próximo ao V formando um círculo. RM pediu ao coreógrafo que ficasse comigo em outro lugar e assim fomos tomar um café na copa.

Eu fiquei apreensiva mas como estavam todos juntos achei que não devia me preocupar. Por respeito ao coreógrafo que teve seu trabalho afetado eu acabei contando pra ele o que estava acontecendo. Ele estava me perguntando porque V não falava comigo e eu falei sem pestanejar. Ele ficou muito sem graça e pedia desculpas e disse que sentia muito. Falei pra ele que ele era muito querido e que provavelmente RM precisaria do apoio dele quando eu partisse. Ele disse que estaria ali pra ajudá-lo com certeza, e eu agradeci, não só por aquilo, mas por tudo que vi nesses três anos. Elogiei o trabalho dele, disse que me considerava uma fã.

Meia hora depois RM apareceu, tinha se emocionado claro, dizendo que por hoje iríamos pra casa.

Eu: — Vocês brigaram?

RM: — Não, mas combinamos de estar mais calmos primeiro pra poder deixar vocês conversarem.

Eu: — Obrigada amor.

RM: — Fica calma com o que vou te falar, ok? O V surtou ontem quando achou seus post-its. Acho que caiu a ficha dele ontem. Mas ele estava muito alterado ainda. Deixei clara a minha preocupação pra ele, de como ele te afeta e que você não está em condições de suportar nada disso. — RM começou a chorar — eu não estou contra ele amor, eu só quero te proteger enquanto eu posso e eu disse isso pra ele.

Eu: — Tudo bem. — vai ficar tudo bem eu repetia pra mim mesma. — eu não posso ir embora com ele me odiando.

RM: — Nina, ele não te odeia, de jeito nenhum, amor.

No dia seguinte estavam todos com um astral muito melhor, mas ainda assim eu e V não nos falamos. RM já falava com ele bem mais calmo mas quando me olhava V já ficava nervoso. RM me disse que ele preferiu não falar hoje.

 Fomos novamente pra casa e não pra casa do grupo. Um pouco antes do jantar a campainha tocou. RM foi ver quem era e voltou sério.

RM: — Nina é o V. Ele perguntou se pode entrar. Eu disse que ia ver se podia com você. Você vai ficar bem com ele aqui?

Eu: — Vou ficar bem, deixa ele entrar, Nam. Tô com saudade.

Fui até a porta com RM, V chegou com flores, chocolates, um coração de pelúcia, uma caixa de presente e uma sacola na mão. Eu olhei tudo aquilo e fiquei com cara de interrogação.

Ele foi todo formal e me entregou tudo aquilo.

V: — Eu não sabia o que dizer então...

Eu: — Tá tudo bem Tete, você não precisa dizer nada. Obrigada pelos presentes. — E não me segurei mais, o abracei apertado, estranhamente quem precisava ser consolado era ele, ele chorou um pouco, eu o fiz entrar e sentar à mesa para jantar conosco. Eu o observava, ele comeu pouco, quase não levantava o olhar nem pra mim nem pra RM. Ele ainda estava com vergonha. Mas aquilo ia passar.

Após o jantar levantei pra colocar as flores na água, sorri apertando a pelúcia. Abri a caixa de presentes, era um kit gigante de post-its eu ri pro RM e ele fez cara de culpado. Peguei a sacola e vi que todos os papéis com música estavam ali.

Eu: — Tete? Você tá me devolvendo as músicas?

V: — Não. Não Noona, não é isso, é que eu queria escolher uma pra gente cantar junto, aí trouxe todas.

Eu: — Ah, então tá bom. — fechei os olhos e enfiei a mão na sacola e peguei um papelzinho colorido daqueles. — Hmmm saiu Man in the Mirror do Michael Jackson, muito boa, coloca aí. V colocou no celular, sentei do lado dele e cantamos junto com a letra. RM cantava alguns versos com a gente. Quando acabou V me deu um sorriso tímido.

V: — Amanhã cantamos outra. É melhor eu ir e deixar vocês descansarem. — ele se levantou e já foi pra porta me deu um abraço rápido e saiu.

O Tempo da LeoaOnde histórias criam vida. Descubra agora