Um dia V disse que tinha um anúncio a fazer e nos juntamos todos na sala. Foi engraçado a cerimônia que ele fez, mas achei bem interessante ele ter juntado todo mundo.
V: — Eu pensei sobre a terapia e decidi que vou tentar. Mas Noona você tem que ir comigo.
Eu: — V, você sabe que irei junto e te esperarei a cada sessão do lado de fora. Você sabe que por lei os médicos são obrigados a manter sigilo, não sabe?
V: — Ah... — ficou fazendo aquelas caras fofas de quem está ponderando algo... E enquanto esperávamos todos segurávamos o riso. — Tá, já que é lei, mas eu só vou se for de terno. — e a gargalhada geral aconteceu.
Eu: — Tá bom, vamos providenciar os ternos. E você precisa escolher um terapeuta. O PD já tinha mandado os contatos de tres opções pra gente lembra?
V: — Eu já escolhi, vai ser a Dra. Han, ela é como a minha avó.
Eu: — Então está tudo certo. — Sem combinarmos começamos a bater palmas. E eu chorei de alívio, eu sabia que ele precisava de ajuda. Só senti a mão de RM tocando meu ombro e sorrindo pra mim e pela primeira vez em muito tempo não me esquivei.
V juntou a todos os seus compromissos uma sessão com a Dra. Han por semana. A estação mudou, esquentou, e muitas atividades ao ar livre podiam ser feitas. Eu incentivava o V a ir pelo menos assistir quando os outros iam jogar bola. RM estava sempre ou indo correr ou andando de bicicleta. JK e Jimim também por serem os mais vaidosos e estarem sempre competindo sobre quem tinha o abdômen mais sarado. Eu zoava com eles dizendo que era o meu e afundava meu dedo na barriga mostrando que era mole. Eles riam muito. Apesar de não estar sarada eu tinha emagrecido muito. Perdi seis quilos desde que vim morar na Coréia e pra alguém que lutou com o sobrepeso eu estava ficando bem feliz. Com as atividades ao ar livre começaram a falar de trazer os cães e eu amei a ideia. Pedi que, por favor, trouxessem sim. V me perguntou se estava tudo bem mesmo o cachorro tendo me mordido. Eu disse que amaria os cães mesmo que arrancassem minha mão. Ficou combinado então que trariam os cachorros um a cada semana. Primeiro V trouxe o seu. Aquele bebê pititico me deixou doida. Sem ninguém saber eu esfreguei bacon nas mãos e na lateral do rosto, o bichinho só corria pro meu colo. E ficava me lambendo direto. V estava enciumado e eu ria muito. Fiz a mesma coisa com o cachorro do JK, mas ele ficou tão louco que me derrubou na primeira vez que me viu. Os meninos estavam loucos com o quanto seus cães gostavam de mim, me seguiam pra todo lado e sempre vinham deitar no meu colo. Por último RM veio me perguntar se ele devia trazer o cachorro dele. Eu disse que sim, séria. Quando aquele ursinho branco chegou abanando o rabo e me lambendo eu fiquei louca mais uma vez. RM só sorria enquanto o cachorro dele me lambia e pulava em mim, foi mais um que eu ganhei com o perfume do bacon. Nem eu mesma acreditava que esse truque tinha dado certo com todos eles. Um dia Jimim estava falando que eu era uma encantadora de cães, que ficou muito impressionado em como todos me adoraram. Eu comecei a rir sem parar, e eles não entendiam nada. Eu me conhecia e sabia que tinha segurado o segredo por muito tempo e que tinha que contar. Ainda rindo fui até a geladeira, peguei um pedaço de bacon e esfreguei no Jimim igual fazia comigo mesma. Falei pra ele chamar o cachorro do RM, o bichinho veio correndo me cheirou primeiro e depois pulou no Jimim. A gargalhada foi geral, todos me acusando de enganá-los. Eu argumentei dizendo que queria causar uma boa primeira impressão. V estava sorrindo e me disse "então Yeontan ainda me ama"! E RM surpreendentemente acrescentou: "acho que todos iriam amá-la de qualquer jeito, mesmo sem o bacon", e eu olhei pra ele gostando de ouvir aquilo, mas não queria me enganar com a simpatia dele.
Com o calor mais gente ficava na rua até tarde e o trânsito piorava. Eu estava levando mais de uma hora pra voltar pra casa das aulas de coreano. Um dia desses RM estava do lado de fora quando cheguei.
RM: — Está tudo bem com você? Você demorou e fiquei preocupado.
Eu: — Foi só o trânsito mesmo, está tudo mais engarrafado que o normal — eu olhava pra ele a procura de alguma insinuação maldosa, mas só vi uma preocupação mesmo. — Não precisa se preocupar. Obrigada.
Com o calor algumas chuvas fortes caíam as vezes e éramos pegos de surpresa. Mais de uma vez RM chegou ensopado de sua corrida ou volta de bicicleta. Uma dessas vezes coincidiu comigo voltando da aula. Peguei uma carona com o pessoal do curso que gentilmente desviaram do caminho e me deixaram nas proximidades. RM me viu descer do carro a uma quadra de distancia mais ou menos do portão de casa. Depois que o carro se afastou ele pedalou até mim, me assustei um pouco porque era noite. Só disse "Oi". Ele foi pedalando devagar na chuva ao meu lado.
Eu: — Eram colegas de curso que me deram uma carona no caso de você estar pensando algo...
RM: — Imaginei. Por que eles não te deixaram no portão de casa?
Eu: — O contrato me proíbe de revelar pra quem trabalho, achei melhor que não soubessem onde moro.
RM: — Ah, eu não sabia disso.
Eu: — Eles me convidaram pra ir a um karaoke, será que tem problema eu ir? É uma das coisas típicas da Coréia que eu queria experimentar.
RM: — É bem típico mesmo. Pra quem gosta de cantar é bem divertido e ainda vale algumas risadas.
Eu: — Entendi. Vou pensar então aí falo com o V.
RM: — Você devia ir, você nunca saiu pra se divertir.
Eu: — Saí sim, fui almoçar na casa dos pais do Jin aquela vez e também fui à cafeteria do pai do Jimim com o V.
RM: — Isso não conta. Você nunca foi a nenhum museu, ou saiu pra dançar, ou visitou algum ponto turístico.
Eu: — Verdade. Vou pensar nisso. — e chegamos em casa encontrando todo mundo eufórico.
Y: — Tá tudo bem? —ele me perguntou quando me viu chegar com RM.
Eu: — Sim! Por que estão assim tão eufóricos?
Y: — Uma música nova minha tá bombando e vai ter uma festa pra comemorar.
Eu: — Ah! Que legal! Meus parabéns! Aposto que é aquela que eu gosto que dá vontade de dançar.
Y: — Sim, essa mesmo! — respondeu todo feliz. — Você devia ir à festa comigo.
RM: — Eu acabei de dizer a ela que ela devia sair pra se divertir. — Yoongi me olhou querendo entender.
Eu: — Não sei se é uma boa ideia, deve ser um lugar cheio de gente famosa, eu não tô acostumada com isso não ia saber nem como me vestir. Deve ter milhares de pessoas mais adequadas pra você levar, você gato e solteiro... Vocês vão. Divirtam-se
Jimim: — Ah não Noona, ia ser bem legal e além do mais só o Yoongi vai. Você podia fazer
companhia a ele. Quanto à roupa, vai de rapper que fica tudo certo— e começou a rir.
Eu: — Eu de rapper Jimim? Nem sei como fazer isso.
Jimim: — Sabe sim. Usa aquela sua calça cargo verde musgo, tênis, um top de cor clara e os acessórios e gente arruma. Um brincão, relógio grande e uma corrente. Deixa o cabelão solto.
Eu: — Você tá doido. — e saí rindo.
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O Tempo da Leoa
Fiksi PenggemarEsta é a história de uma mulher madura que por um acidente do destino acaba se envolvendo com o BTS e vai parar na Coreia do Sul. Ela acaba se apaixonando por um homem inatingível: mais novo, lindo, famoso, rico e pra piorar não a vê com bons olhos...