A data do voo chegou e nada do meu passaporte. Eu os acompanhei até o aeroporto e tive que prometer umas 10 vezes que assim que ficasse pronto eu iria. V iria aguardar minha chegada ficando na casa dos pais e só iria pra casa do grupo quando eu chegasse. Reforcei com ele todos os procedimentos com remédios, suplementos, limpeza da perna. Ele disse que faria tudo direito e que se não fizesse eu podia bater nele quando chegasse na Coréia. Como se eu conseguisse bater naquele menino absolutamente lindo. Nós nos despedimos e eles seguiram viagem. Meu carinho por V era imenso, ele já era tão importante e tudo tão de repente tão de repente.
Mandei mensagem para RM perguntando como ele estava e avisando que V estava a caminho. Ele só me respondeu: OK.
Meu passaporte ficou pronto na quinta-feira depois da partida deles. Entrei em contato com o advogado e ele me retornou dizendo que no dia seguinte havia um voo, se eu poderia embarcar. Eu disse que sim e passei o dia verificando tudo que deixaria pra trás, e finalizei a mala. Mandei mensagem pro V avisando e ele me respondeu todo feliz. Disse que então iria pra casa do grupo na segunda de manhã, assim eu teria pelo menos um dia pra descansar e começar a acostumar com o fuso. Eu ia avisar o RM, mas dada a última resposta eu resolvi que era melhor não.
E lá fui eu para o voo mais longo da minha vida. Como bagagem de mão levei uma mochila grande com notebook e outros apetrechos eletrônicos, uma muda de roupa completa para trocar no meio da viagem, um livro, itens de higiene pessoal, gorro, luvas uma meia calça de lã extra, cachecol e um casaco pesado. A temperatura lá provavelmente seria bem baixa mesmo já sendo final de março. No meio do voo que parecia que nunca ia terminar troquei toda a minha roupa, já não aguentava mais. Gastei quase um pacote inteiro de lenços umedecidos. Nunca pensei que algum dia iria tomar tal banho de gato, mas ainda assim me deu uma grande sensação de alívio. Quando finalmente desembarquei em Seul eu estava morrendo de dor nas costas, eu não conseguia ver, mas provavelmente com as pernas inchadas, cara de muito cansada. Não via a hora de me deitar em uma cama quentinha e dormir já que no avião e com minha insônia foi quase impossível. No banheiro do aeroporto lavei o rosto, escondi os cabelos agora alisados no gorro enorme que comprei pra esse propósito e fui buscar as bagagens. Passou uma hora e nada. Um funcionário da companhia aérea veio me avisar que a busca tinha sido feita e o fato era que minhas malas foram extraviadas. Eu queria chorar. Preenchi o formulário que o funcionário me deu e fui pra saída buscar o motorista que deveria estar me aguardando. Acho que eu choraria de verdade se ele não estivesse mais ali. Era sábado à noite e eu estava no auge do cansaço. Chegando lá fora um senhor simpático me esperava com uma plaquinha. O nome dele era Lee. Ele não falava inglês, só um hello e fomos para o carro. Acho que ele perguntou das bagagens e mostrei a ele o papel. Ele parece ter entendido e fomos para a casa do grupo.
Como era noite eu só via as luzes da cidade, logo ficou claro que a casa era numa área mais residencial e começamos a subir algumas ruas. O carro entrou em um portão de garagem e seguiu por um caminho até perto de uma casa que estava com poucas luzes acessa dentro. Dava pra ver, pois havia muitas janelas grandes de vidro. Ele me apontou a porta que eu deveria ir e assim fui. Chegando lá dei duas batidinhas esperando que algum funcionário, nada feliz, estivesse ali me esperando. Quando a porta se abriu era o RM na minha frente, sério dizendo: "Bem vinda."
Ao ver que era ele me enchi de alegria e sem pensar o abracei. Percebi que ele não esperava por aquilo. Não se esquivou, mas não foi caloroso. Fiquei envergonhada e me afastei pedindo desculpas. Ele me convidou a entrar e ficou olhando pela porta procurando alguém e me perguntou:
RM: — Onde está o motorista com sua bagagem?
Eu: — Minha bagagem foi extraviada —peguei o papel na bolsa e mostrei pra ele.
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O Tempo da Leoa
ספרות חובביםEsta é a história de uma mulher madura que por um acidente do destino acaba se envolvendo com o BTS e vai parar na Coreia do Sul. Ela acaba se apaixonando por um homem inatingível: mais novo, lindo, famoso, rico e pra piorar não a vê com bons olhos...