Capítulo 87

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Ao chegarmos em Seul estávamos muito cansados e fomos direto pra casa. Eu e Nam passamos um dia inteiro descansando. Naquela semana o grupo estava de folga.

RM: — Amor eu queria que você fosse ao médico.

Eu: — Vamos sim. Se vai te tranquilizar, vamos. — e assim fomos.

Quem me atendeu foi o médico especializado em cuidados paliativos, ou seja, quando não há muito o que se fazer. Ele disse que é muito comum o que eu sentia. A ansiedade gerada pela morte iminente causa crises agudas de ansiedade que tem como um dos principais sintomas a hiperventilação, por isso eu não consigo respirar direito e eventualmente desmaio. Ele me receitou um ansiolítico leve que poderia me ajudar. E eu resolvi tomar. Funcionou bem. Eu estava disposta e queria fazer muitas coisas. Fomos de novo ao restaurante árabe, eu fui ao salão mais vezes, queria ficar bonita pro Nam, me maquiava e me arrumava até sem motivo. 

Fomos a umas duas livrarias, exposição de artes, museus e galerias. Eu ficava feliz de estar com ele naqueles lugares, naqueles momentos a gente esquecia de tudo. Tirávamos fotos, passeávamos de mãos dadas. Os seguranças tinham que ir conosco mas era perfeito assim mesmo. Ele me levou pra jogar boliche, coisa que eu nunca tinha feito na vida, e com a sorte de principiante eu arrasei. Nesse dia JK e J-Hope foram conosco. Esperei até que RM não estivesse por perto e perguntei do Tete.

JK: — Noona, ele tá muito triste e mal falou com a gente esses dias até onde eu sei.

J-Hope: — Também não falou comigo, mas da última vez que o vi, no aeroporto ele parecia estar com raiva. Acho que ele absorveu a notícia de forma diferente. Dê um tempo pra ele.

Eu: — Eu tô dando. Obrigada meninos.

Pedi pro Nam me levar a uma papelaria, mas dessa vez eu sabia exatamente o que comprar: post-it's. Achei que aquele bloco de 250 folhas daria.

RM: — Só isso?

Eu: — Só. Deve ser o remédio — eu quis fazer uma piadinha mas não colou, Nam andava muito sério.

Não levei nem dois dias pra usar o bloco todo e quando terminei pedi ao Nam que me levasse na casa do grupo.

RM: — Não Nina, você não vai atrás do V. A atitude dele é imperdoável. Eu tô com raiva dele e não quero você se estressando de novo como naquele dia. Nina eu achei que você estava morrendo ali na minha frente. — ele quase engasgou pra falar aquilo então eu o abracei e pedi desculpas. — Você não tem que se desculpar, o V tem.

Eu: — Nam, sinto muito mesmo. Eu não consegui me controlar, é muito difícil. Olha aqui no meu celular, ainda tenho os informes da segurança. V tá na casa dos pais dele, ok? Por favor me leva lá? Não vou demorar nem meia-hora, prometo. Só quero cumprir o que prometi.

RM: — OK Batatinha se ele não vai estar lá, tudo bem. — agradeci lhe dando um beijo e fomos.

Era estranho estar naquela casa vazia. Nam entrou comigo, peguei na bolsa o bloco de post it que estava todo escrito e perguntei.

Eu: — Quer me ajudar?

RM: — O que é pra fazer?

Eu: — Colocar esses post-is colados por toda parte no quarto do Tete. Eu prometi a ele uma lista de músicas e vou cumprir.

RM: — Tá bom. Como você quer fazer?

Eu: — Só sair colocando em todo lugar pra ele ir achando.

Assim começamos pelo armário dele. Colocamos post-its em todas as gavetas e até dentro de roupas que estavam penduradas. Colocamos dentro de cadernos e gavetas da mesa que ele usava pra trabalhar nem o armário do banheiro nem as caixas de sapato escaparam. Com a ajuda do Nam fiz tudo rápido e ao final coloquei um post it sobre a mesa dele com um bilhete que dizia:

O Tempo da LeoaOnde histórias criam vida. Descubra agora