O Tempo da Leoa

Capítulo 58

Quando voltamos pra Coréia o tempo estava ótimo, um calorzinho gostoso que aparentemente só eu gostava e todos ao meu redor detestavam. Eu e Nam saíamos para apreciar a natureza quase todos os finais de semana quando ele estava livre. Quando eu estava sozinha eu pedia dicas a ele de onde ir para não ficar trancada em casa. Um dos destinos que ele me indicou era um parque bem família, não era muito longe e às vezes eu ia à pé, outras de bicicleta. Era legal ver as avozinhas sentadas com algum trabalho manual no colo, fosse crochê, trico ou bordado.

Uma vez, apesar da minha aparência de estrangeira consegui me aproximar e conversar com uma que achou impressionante eu ser do Brasil. Ela me contou que um dos filhos dela morava no Canadá e que ela não via a hora de poder visitá-lo. Começamos a falar sobre o bordado dela e acabei perguntando onde eu poderia comprar materiais como aqueles e ela me indicou uma boa loja, bem grande ali na região mesmo. Um dia resolvi dar uma passada lá pra ver o que eu encontrava. A loja era maravilhosa. Fiquei louca com as telas em talagarça para fazer tapeçaria. Vi que eles tinham um serviço que tranformava em gráfico qualquer foto e na hora pensei em fazer um retrato do Nam. Precisava escolher uma foto dele pra fazer.

Um dia fiquei no computador na casa dele e pedi que ele escolhesse uma foto bem boa dele pra mim. Ele perguntou pra que era, eu disse que ia colocar num porta-retratos ao lado da minha cama. Ele disse que tinha que ser uma foto nossa então. Pedi então que ele escolhesse duas: uma digital só dele e depois uma de nós dois entre as fotos da Polaroid. Fiquei bem feliz que ele escolheu uma foto dele em que ele sorri, os olhos estão semicerrados, a covinha de um lado aparece, ele está com cabelo loiro sem o mullet e solto natural. A nossa foto juntos ele escolheu uma na montanha de nós dois sentamos no trenó e rindo com força. Fiquei com o arquivo da foto dizendo que iria imprimir.

Levei na loja e a moça que me atendeu riu perguntando se eu era ARMY, respondi que sim, claro. Comprei tudo que precisava só não esperava que o gráfico saísse com tantas cores, eram quase 70. Mas ia valer a pena. A talagarça seria pra um quadro de 50X80, eu pretendia fazer para o aniversário dele, mas comecei a pensar que não daria tempo. Também tive que imprimir a foto e comprar dois porta-retratos e que também ficaram muitos bons. RM estava lá em casa, viu e disse que precisava fazer o mesmo na casa dele, mas que não tinha foto minha sozinha. Estávamos na cama comendo um doce direto do pote e conversávamos.

Eu: — Eu não gosto muito de fotos minhas, nunca me acho bonita.

RM: — Eu também não gostava até que vi como uma produção de cabelo, luz e maquiagem fazem uma diferença. Você devia tentar. Pede para o fotógrafo residente lá da empresa. Você pode dizer que é pra colocar em um app de namoro. — e riu.

Eu: — É? Vai todo mundo ficar sabendo que estou procurando namorado. Provável que alguém se candidate — eu adorava essas nossas brincadeiras.

RM: — Hmm, retiro o que disse, melhor não. Procura um estúdio então. Só faz a maquiagem e cabelo e vai. Ou você pode pedir pros meninos te ajudarem. Eu tenho certeza que você vai ficar linda de cabelo azul e com a roupa de algum super-heroi — rimos com vontade.

Eu: — Eu pensei em um cesto de frutas na cabeça... — e contiuei rindo.

RM: — Mudando de assunto — ele se virou de frente pra mim — Amor, eu queria ir pra Europa, por pelo menos uma semana com você.

Eu: — Wow, quando?

RM: — Pela nossa agenda de compromissos a semana do seu aniversário em outubro seria viável, o que você acha? Consegue uma folga? Você não tem direito a férias?

Eu: — Eu vou procurar saber, mas é sério mesmo?

RM: — Claro que é sério. Tem lugares que quero voltar porque não vi tudo que queria da primeira vez, queria ir com você a Milão. Desde a sua descrição da sua visita lá, não paro de pensar em ver aquilo com seus olhos. E a gente podia ir a Paris também, eu iria com você naquele Museu da Idade Média.

Eu: — Nossa eu ia adorar.

RM: — Tenta ver se consegue a semana livre. Só não pode dizer pra ninguém pra onde você vai. A gente podia sair numa sexta à noite e voltar no domingo da semana seguinte. Dá pra passar uns bons dias lá, o que acha?

Eu: — Adorei. Vou correr atrás disso sim. Nossa que legal... — já fiquei sonhando com aquilo.

RM: — Nina, eu quero muito que essa viagem dê certo. Na Europa eu consigo andar livremente, o risco de alguém me reconhecer é mínimo. Eu vou com meu cabelo natural pra chamar o menos de atenção possível. Vou poder andar de mão dada com você em todos os lugares e te beijar em público — deu uma risadinha. — A gente tem tempo pra planejar tudo.

Eu: — Sim, temos. — e o beijei sorrindo com a ideia daquela viagem.

Primeiro teríamos os 4 shows na Coréia em setembro, nos dois últimos finais de semana do mês. Depois realmente poderíamos viajar. Com essa agenda em mente fui procurar o RH para saber das minhas férias e descobri que eu podia tirar duas semanas já que uma tinha sido contada nas férias coletivas do inicio do ano. Para quem perguntava o motivo da viagem eu só dizia que tinha resolvido me dar um presente de aniversário. E que só decidiria pra onde iria depois de consultar uma agencia de viagens, que o primeiro passo era ter os dias livres. Como consegui os dias eu e RM começamos a nos preparar, estávamos bem empolgados. Teríamos que ir em voos separados pois na Coréia com certeza ele seria visto. Na volta seria mais tranquilo. Ele reservou hotéis, tudo em meu nome pra ele poder ficar escondido. Ele iria um dia antes de mim e me esperaria no aeroporto no dia seguinte. Fizemos uma lista de lugares que gostaríamos de ir, RM comprou muitos filmes de polaroid. Comprou também sandálias de passeio iguais pra nós dois e jaquetas para caso de frio e chuva, também iguais. Essas coisas fofas dele me deixavam nas nuvens. Com tudo planejado e gente focou nos afazeres em Seul. Tudo que envolvia os shows, as promoções, os programas de TV e rádio. Num desses programas de TV eu fui. Que loucura que é. Fiquei impressionada, são muitas coisas envolvidas. Nesse eu fui porque o JK ia entrar no palco pendurado igual no show. Eu não ia deixar mais ninguém olhar o equipamento que iria içá-lo. Com toda a movimentação que antecedia os shows também tinha muitas sessões de foto em grupo e individuais.