Capítulo 22

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O domingo amanheceu um dia lindo. E eu estava péssima. Os primeiros sinais de uma enxaqueca já se mostravam. Levei o V pro Sol, mas tive que usar óculos pra me proteger pois a claridade martelava minha cabeça. Tomei apenas um suco no café da manhã. Tentei dar aula de Francês pro V, mas minha cabeça não estava funcionando bem e não consegui prender a atenção dele. Deixei-o então ouvindo musicas do Djavan enquanto eu colocava roupas pra lavar. 

Teoricamente Domingo é meu dia de folga, mas V estava ali eu não ia conseguir ignorá-lo. Fui limpar de novo a perna dele e o cheiro do produto me deu náuseas. Minha cabeça doía tanto que eu não conseguia pensar. V percebeu que eu não estava bem, disse que eu estava com olheiras fundas. Eu disse que estava com muita dor de cabeça. Ele falou que ia pedir pro Jimim fazer aquilo por mim e que eu devia ir me deitar.

Era mais ou menos 1h da tarde e Yoongi veio me ver falando que o almoço estava pronto. Sem condições de eu comer nada, perguntei se ele poderia me trazer água. Tomei um analgésico que a princípio me deixou dormir um pouco, mas me fez acordar mais enjoada. A tarde passou assim até que eu senti que não dava mais pra segurar. Tranquei a porta do quarto pra ter mais privacidade e fui sentar de cara pro vaso sanitário. Vomitei um pouco, mas o mal estar não passava. E fiquei sentada no chão ali mesmo. 

Quando tenho enxaqueca parece que todos os sentidos no meu corpo fazem uma greve: cheiros me incomodam, não importa se são bons ou ruins, claridade incomoda, frio ou calor excessivos incomodam, barulhos incomodam, e nem falar direito eu conseguia. Escutei a voz do V de longe mas eu só respondia mexendo a boca não saia som nenhum. 

Ouvi um barulho e em instantes apareceram RM e Yoongi no banheiro com JK e Jimim atrás. Eles falavam sem parar, colocavam a mão na minha testa, e nas minhas bochechas. Acenderam a luz e eu na hora coloquei a mão nos olhos tentando dizer "luz não", alguém deve ter entendido porque apagou. RM se abaixou pertinho de mim, mas estava de perfume e eu já não conseguia mais me segurar e disse baixinho "seu perfume me dá náuseas". Eu sabia que aquilo tinha soado muito mal, mas eu não tinha condições de fazer melhor naquele momento. Ele com certeza ouviu e saiu do banheiro, e apenas Yoongi ficou ali comigo. Escutei ele falar com alguém e daqui a pouco colocaram algo no meu pulso. Sentou no chão do meu lado me segurando. 

Eu sinceramente não sei como ele aguentou. Meu estômago se contraiu muitas vezes, eu vomitei muito, uma meia dúzia de vezes. Quando parecia que meu estomago tinha se acalmado escutei ele falando de novo com alguém que trouxe um copo d'água que usei pra lavar a boca. Só agora eu percebi que meu rosto estava molhado de chorar. E agora eu estava com frio. Yoongi leu meu pensamento e pediu a alguém uma manta. Ele tentava falar comigo, mas eu não conseguia ainda responder. Escutava ele dizer "Nina, você tá tão gelada, vamos sair desse chão frio". 

Eu não sei exatamente que grau de consciência eu fiquei, mas pra mim eu apaguei. Voltei a perceber algo quando senti um pano úmido ser passado no meu rosto. Ouvi Yoongi chamando Jimim. Eles estavam tentando me levantar do chão. Tadinho do Jimim, logo ele. Eu queria ajudar mas não conseguia. Aí escutei a voz do RM "Eu tomei banho" e depois "sai Jimim, eu faço isso". Ele me pegou no colo, — era tão quentinho e confortável, pensei se não poderia dormir ali mesmo — e me levou até a cama onde um ansioso V esperava ao lado puxando as cobertas pra mim.

V: — Noona, você tá tão gelada— e esfregava meus braços e segurava minha mãos entre as dele pra aquecer.

Jin: — Gente, minha mãe tem enxaquecas assim, depois que vomita apaga e acorda bem melhor. Deixem-na dormir. —eu consegui ouvir o Jin e queria dizer "isso, exatamente".

Escutei V dizendo que ficaria comigo um pouco e Jimim dizendo que viria em seguida. Escutei alguém dizendo: vamos nos revezar. E apaguei.

Quando acordei a casa estava em completo silêncio, deveria ser de madrugada. Vi que estava com o tal relógio no pulso e o tirei. Deve ser do JK. Imaginei que eles estavam tentando aferir minha pressão. Levantei me sentindo um pouco tonta, não comi nada o dia inteiro e depois de vomitar até a alma com certeza estava desidratada. Estava louca por um banho porque com o mal estar suei um bocado. Tinha que comer primeiro, só me faltava desmaiar no banho. Fui abrir a porta e a maçaneta estava quebrada. Lembrei que eu tinha trancado a porta. Já imagino quem a arrombou. Fui em silêncio até a cozinha, quase tudo escuro, não quis acender as luzes pra não acordar ninguém. Peguei um copo de água e bebi devagar. Alcancei um pacotinho de biscoito que estava aberto e comi, mas só tinham os dois últimos. Levantei a tampa do cesto de lixo e quando fui descartar o pacote vi um vidro de perfume quase cheio. Na hora entendi: com certeza o perfume do RM. Ele não deve ter entendido nada e devia estar chateado com o jeito que falei come ele. Isso ia piorar ainda mais a forma como ele tem me tratado. Senti que alguém se aproximava e me virei.

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