Capítulo 29

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Acordei no domingo com o rosto inchado e dolorido, olhei na sala e RM não estava mais lá. Eu estava ansiosa demais, precisava saber se ele lembrava ou não, mas nem sabia se ele estava no quarto ou tinha saído. Apareceu duas horas depois, completamente encharcado de suor por ter andado tempo demais de bicicleta. Eu estava na sala com meu material do curso estudando quando ele entrou e foi direto pra geladeira tomou uma garrafa inteira de água e vi que ele pegou um remédio no armário. Devia estar de ressaca. Eu não conseguia tirar os olhos dele com a camiseta colada no corpo e um pouco ofegante. Yoongi apareceu e começou a falar que ele detonou uma garrafa de whisky. Ele rebateu que não estava cheia, só pela metade, mas sabia que era muito, disse que era o segundo remédio que tomava pra ressaca e que parou três vezes pra comprar água. Ambos checaram meu rosto e disseram pra eu colocar mais gelo.

Sabia que depois daquele beijo nada mais seria igual, era impossível vê-lo e não desejá-lo. Sentia-me fraca. Naquele momento mesmo em que ele se aproximou pra ver meu rosto de perto, tudo que eu queria era me perder no toque suave dele no meu rosto. Meu coração disparou e temi que pudessem escutar tão alto quanto soava dentro do meu corpo. Eu apertava as mãos pra não ceder à vontade de tocá-lo. Cada vez que fechava os olhos eu revivia aquele momento do beijo, e ao fazê-lo, frio e calor se alternavam dentro de mim e eu sentia choques nas palmas das mãos como se aquela sensação me energizasse. Aquele beijo acontecendo provocou uma onda de vaidade em mim. Eu queria estar bonita pra ele. Aproveitando o calor usei vestidos o tempo todo, passei a usar mais saltos altos, usava mais acessórios, e me rendi aos cuidados com a pele. Meu cabelo mais ondulado também estava mais bonito.

Estávamos em Agosto, V parecia estável, dizia que gostava de conversar com a Dra. Han e continuava indo vê-la de terno. Um dia quis ir visitar um abrigo para cães e achei bem interessante. Em nenhum momento ele pareceu se estressar com as pessoas desconhecidas de lá e achei aquilo bem promissor. Perguntei a ele se ele não queria ir visitar velhinhos que não tinham família em um asilo, como forma de homenagear a avó dele. Ele pareceu gostar da ideia, mas talvez com muita gente ele ainda se sinta ameaçado e não concordou de cara. Eu disse que não precisava ser agora, que quando ele quisesse eu iria com ele.

Depois de Yoongi, tanto Jin quanto Jimim lançaram musicas e foram muito bem sucedidos e assim havia muito que se comemorar e muitos compromissos individuais dos três. V tinha avançado com o trabalho dele, contou com o apoio de todos os outros inclusive RM, mas às vezes parecia que ele nunca terminava porque sabia que o resultado seria ele ter que se expor, e ele ainda não estava pronto. Conversei com ele e disse pra ele imaginar qual seria o cenário ideal pra lançar o trabalho dele se sentindo confortável e seguro. Nem que fosse apenas uma Live, ou um MV.

Enquanto isso na empresa o PD me convidou a começar a trabalhar na parte da produção dos shows principalmente na parte mais ligada a engenharia (estrutura do palco). No começo era só pra eu conhecer o trabalho que eles faziam lá e avaliar as empresas que eles contratavam com a finalidade de montar o palco. Então toda vez que o V estava em studio ou reunião eu estava na Engenharia. Foi um período bem complicado por causa do idioma e levei bastante tempo até entender tudo. Mas foi ótimo como experiência, colocou meus parcos conhecimentos de coreano a prova, me fez me aproximar de outros funcionários da empresa e o principal distrair minha mente irrequieta, pois eu só pensava nele: RM.

Se ele se lembrava do beijo não deixou transparecer. O mais próximo que ficamos foi quando ele mais uma vez me viu de cabelo molhado e me trouxe o secador, só que de forma mais simpática que as anteriores. Teve também uma vez em que ele derrubou um monte de coisas no quarto dele, algumas coisas quebraram, com o barulho fui ver o que era. Ajudei a varrer o chão e ele estava desolado com dois bonequinhos na mão que tiveram partes quebradas. Fiquei separando o lixo no chão com ele até encontrarmos os pedaços dos bonecos e aparentemente encontramos todas. Todos os dias eu pegava um pedacinho e ia tentando colar. O resultado não ficou perfeito, mas ele já estava feliz. Perguntei a ele se eu podia usar as tintas dele de pintura que já tinha visto por ali. Lixei as rebarbas nas partes coladas com uma lixinha de unha fina e consegui pintar delicadamente de forma a esconder os remendos. Ele ficou feliz como criança, me agradeceu e ficou com a aquela covinha à mostra por um bom tempo. Era tudo o que eu precisava.

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