Com o alívio da resposta de Yoongi resolvi que a vida tinha que continuar e com o dinheiro da venda dos imóveis em SP eu decidi que iria comprar ou construir algo pequeno e aconchegante pra mim aqui na cidade mesmo e me livraria de ficar naquela casa. Todos os dias eu ia a alguma imobiliária e visitei alguns imóveis, não gostei de nenhum. Comecei então a procurar empreiteiros para construir. Antes de fechar eu tinha também que achar um terreno então voltei a rondar as imobiliárias a procura de um terreno em local adequado. Um dia quando voltava para casa havia um carro parado à porta, e vi um homem de pé falando com minha vizinha. Quando cheguei mais perto era o advogado que tinha tratado da minha ida para a Coréia no ano anterior.
"Boa tarde Dona Nina, como vai?
Vi que ele me analisava vendo meu rosto, colo e braços descascados do sol. Pior era o rosto inchado das noites de bebedeira e insônia. Super mal arrumada, cabelo desgrenhado. Eu não me parecia com a mulher que ele conheceu antes que tinha que manter a aparência para trabalhar no resort.
Eu não sabia o que pensar daquilo. Meu coração disparou de ansiedade, quase pânico. Convidei-o a entrar e como estava com um pacote de cerveja gelada na mão perguntei se ele queria. Eu precisava daquela bebida. Ele agradeceu, mas não quis.
A conversa foi até curta, ele não enrolou. Perguntou se eu sabia do acidente e eu respondi que só o que vi na mídia. Ele me explicou que a empresa que o PD contratou agiu de má fé forjando um documento sobre a qualidade dos materiais usados no palco. Disse que é claro que o PD se arrepende de tê-los contratados, mas na época era o que precisavam fazer pra reduzir os custos. Contou que um processo a respeito do acidente está em andamento.
"Assim nesse cenário venho com uma proposta da Big Hit para você. Eles querem te contratar por dois anos, como consultora, isso porque seu diploma daqui não é válido lá. Você trabalharia supervisionando a engenharia e também a área de segurança já que não sei se você sabe o Sr. Choi faleceu no acidente. Há também a questão do processo separado dos membros contra a BigHit e a empresa terceira."
"Você receberia um salário compatível com o mercado de Seul. Não moraria na casa do grupo, pois com certeza com esse salário você poderia ir para um lugar só seu com privacidade. Caso você aceite a condições neste contrato — me passando um envelope— eu comprarei suas passagens e providenciarei seu visto de trabalho. A Big Hit também disse que pagaria uma semana de Hotel enquanto você escolhe um lugar pra morar caso você não queira ficar na casa do grupo enquanto procura um imóvel."
Abri o envelope e estava tudo ali. Era real. Eu podia voltar. Virei uma lata inteira de cerveja sem me preocupar com o que o advogado pensaria. E sem conseguir me controlar eu comecei a gargalhar. O advogado me olhava como se eu estivesse louca. E eu parecia mesmo não o culpo.
Eu: — Você tem uma caneta?
***
RM: — Você conseguiu falar com ela?
Advogado: — Tive que ir umas três vezes lá porque ela nunca estava em casa.
RM: — E então, ela aceitou?
Advogado: — Aceitou sim, assinou os papéis ali mesmo, mas tenho que te avisar. Ela não parece bem.
RM: — Eu imaginei.
Advogado: — Acho que não imaginou o que eu testemunhei. Ela está muito descuidada, desarrumada. A pele com certeza completamente queimada pelo sol, tem olheiras enormes e estava bebendo muito quando a encontrei. Na verdade quando a vi de longe chegando em casa ela estava andando toda estranha.
RM: — Tudo bem, ela vai melhorar. O importante é que ela está voltando. Obrigada por ter cuidado de tudo aí.
Advogado: — Ah ela quis o hotel.
RM: — Eu já imaginava, não se preocupe, eu cuido disso por aqui. Só me passa os dados do vôo dela pra eu saber os detalhes.
Advogado: — OK.
Com a decisão de partir meus planos de construir uma casa foram cancelados, mas decidi que ali onde estava eu nunca mais voltaria. Organizei em caixas apenas o que achei mais relevante guardar, fiz as malas com cuidado. Minha dificuldade em dormir aqueles dias saiu da tristeza para uma ansiedade imensa e assim não consegui largar a bebida que ainda me ajudava a descansar um pouco. Eu naqueles poucos dias caminhei ainda mais na praia até cansar o que não ajudava a minha aparência melhorar e ainda piorou o incomodo na parte interna das coxas, que acabou ficando em carne viva pelo atrito, sal e sol. Na véspera do voo fui para casa de Dona Marcia e Marina me aguardava lá. Elas guardariam meus pertences na garagem. Marina me levou ao aeroporto feliz por mim, mas preocupada. "Você tem certeza? Ter ido pra lá te destruiu.".
Eu: — Amiga, o que me destruiu foi ter deixado o amor da minha lá e ter voltado pra cá.
A ansiedade de revê-los me agitava completamente. E rever Namjoon me deixava ainda mais ansiosa e com medo. Não conseguia parar quieta no embarque e fiquei andando pelas lojas do aeroporto tentando me distrair. Acabei encontrando um quiosque que vendia peças lindas de borracha cortadas a laser e acabei comprando ali os presentes que tinha ficado devendo. Escolhi pulseiras, anéis e brincos.
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O Tempo da Leoa
FanfictionEsta é a história de uma mulher madura que por um acidente do destino acaba se envolvendo com o BTS e vai parar na Coreia do Sul. Ela acaba se apaixonando por um homem inatingível: mais novo, lindo, famoso, rico e pra piorar não a vê com bons olhos...