Capítulo 24

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 Na sexta, já me sentindo melhor, fui com o V pra academia E para o dia ficar emocionante os outros meninos estavam lá. JK e Jimim disputando quantos abdominais faziam. Foi difícil ficar indiferente com o RM ali de camiseta bem cavada e de bermuda. Tentei ficar longe o máximo que pude, mas o local não era tão grande assim que não nos cruzássemos. Eu tentava disfarçar mas não conseguia tirar os olhos dele malhando braço, só me senti um pouco melhor quando o peguei me olhando quando eu fazia um exercicio em que eu levantava os braços e a camiseta subia deixando uma pequena parte da minha cintura à mostra. Eu usava camiseta sobre o top pra tampar o quadril, mas levantando os braços não adiantava nada. Fui ficando sem graça e terminei minha série bem rapidamente. Quando fui me alongar nas barras o treinador falou pra eu colocar a perna na mais alta quase com um espacate completo de pé. Jimim viu e veio pra perto chamando o J-Hope,foi o que bastou pra todo mundo ficar me olhando e comentando.

J-Hope: — Noona, que alongamento hein? Você dança?

Eu: — Eu dancei quando era adolescente, ballet, jazz e sapateado, mas nunca mais dancei. E apesar de ter treinado pra ficar melhor você sabia que alongamento é um traço genético? — eu ainda ria com as expressões deles que faziam um monte de "o".Saí daquela posição e continuei seguindo as orientações do treinador. Que me fez alongar braços, e mostrei ao J-Hope que não sentia puxar nada fazendo aquilo. Pra coroar meu dia RM se aproximou e o treinador me fez juntar as pernas e tocar o chão. Fiquei ali com as mãos espalmadas no chão e bunda ao alto, que vergonha, e aí minha camiseta escorregou deixando minhas costas à mostra. O roxo ainda estava ali, Yoongi e levantou minha camiseta percebendo meu mal estar e RM não gostou, mas não sei se do roxo, da camiseta ter descido ou se do contato do Yoongi comigo. Eu já não conseguia disfarçar que aquilo me afetava, sempre fui muito transparente e ficava triste de verdade.

V: — Noona eu já acabei, vamos? — me salvando de continuar ali.

Eu: — Sim, vamos.

Mais tarde naquele dia o pai de V veio buscá-lo, quando chegou ficou conversando com RM e o arrepio na minha nuca me dizia que falavam de mim. Eu estava de pé próxima a janela os observando e V apareceu ao meu lado pegando minha mão. Ele olhou os dois conversando e disse: "eu preciso tentar entender isso". Não fez muito sentido pra mim, mas deixei pra lá.

Acabei ficando sozinha durante o fim de semana inteiro. Consegui arrumar tudo das malas, estudei bastante, coloquei no papel todas as minhas dúvidas, observações e sugestões aos protocolos de segurança. Para ajudar no estudo de coreano comecei a assistir uma série chamada True Beauty e foi assim que Jimim me encontrou na noite de domingo quando apareceu. Foi bem engraçado, ele disse que sentiu minha falta porque não tinha ninguém pra conversar e eu fiquei feliz dele querer estar comigo. Depois me contou que o ator da série é amigo dele. Fiz um escândalo com aquilo, zoando com ele. Disse que aquele cara devia ser o homem mais bonito da Coréia e que ele tinha que me apresentar. Ele se fez de ofendido e ainda disse que ia contar pro V que eu achava o cara mais bonito que eles. Foi bem divertido. Nós dois cozinhamos algo simples juntos, mas eu acabei quebrando um prato na cozinha. Quando estava varrendo achei um parafusinho minúsculo no chão, mostrei ao Jimim dizendo que parecia ter caído de alguma armação de óculos. Aí ele disse que provavelmente era do RM que sempre quebrava ou desmontava as coisas. Eu entrei no quarto do RM pra deixar o parafusinho quando de fato vi os óculos na mesa com uma haste solta. Peguei meu canivete suíço e eu mesma coloquei a haste no lugar, mostrei pro Jimim e ele falou que o RM iria ficar feliz. Pensei bem naquilo e algo me dizia que talvez não ficasse. De qualquer jeito deixei os óculos consertados ali na mesa.

A vida seguia, e eu ficava a cada dia mais próxima dos meninos. Na maior parte do tempo nas zoeiras deles. Um dia resolvi pintar minhas unhas e eles quiseram também. Todos quiseram. Acabamos com meu esmalte. Outra vez ficamos todos de máscara facial no rosto vendo TV. Na maior parte do tempo os outros meninos se juntavam ao V e eu quando estávamos estudando inglês e francês. Na aula de português o J-Hope passou a ser assíduo. Quase todos os dias à noite fazíamos algo juntos: jogávamos cartas, víamos algum filme, brincávamos de algo. Eles começaram a tentar falar comigo em coreano e eu pedia que eles sempre me corrigissem pra que eu melhorasse. Legal também era perceber o quanto eram sensíveis, e assim testemunhei eles chorarem muitas vezes, como quando assistimos Moulin Rouge. Escolhi o filme porque é um musical que adoro e acabei vendo como eles não escondiam o que sentem. RM nunca participava dessas atividades e percebendo isso eu decidi que iria ficar mais reservada porque eu estava atrapalhando a relação entre eles e isso não podia acontecer. Em uma semana o máximo que ele me dirigiu a palavra foi um obrigada com os óculos que consertei nas mãos. 

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