Capítulo 1

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Após um ano, voltando a republicar, realmente escrever é uma arte, de onde pode se refugiar das sombras.
Irei dar uma revisada, e melhorar esta obra que gosto tanto. ♡

Em memória de Lucas Santos.

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Infância

Você é o meu herói.

Bruno e eu crescemos juntos, nascemos no mesmo ano, com apenas três meses de diferença, tornando o Bruno mais velho que eu. De alguma forma, astrológica ou destinada, eu e ele nos possuímos, com linhas que nem eu e o Bruno sabíamos quais eram, ou como eram, a única coisa que sei é que nascemos um para o outro, e não sei até que ponto.

Somos filhos de dois casais de melhores amigos, com um fator ímpar e primordial em suas amizades, que é aquele tipo de amizade que te faz sentir e sorrir como ninguém mais faz, irmãos é o que sempre pareceram, e foram nossas mães que escolheram os nossos nomes juntas, Lucas e Bruno.

Lucas significa luz, e Bruno escuro, castanho, devido ao Bruno ter nascido com o cabelo castanho, dotado de uma linda escuridão perpetuante no brilho envolvente dos cachos dele, ao final de cada fio.

Grudados o tempo inteiro, indo a escola, brincando obviamente, tomando banho, e até dormindo.
Bruno, eu guardo suas respirações mais profundas comigo, o ar e o calor do seu corpo me faziam decair no sono.

Com o crescimento fui me apegando a você, ao seu abraço quente, a sua respiração, ao seu olhar, e ao seu toque, inevitavelmente ele.

Esse apego se transformou em "quero você sempre", e queria ele comigo em todos os momentos.

Eu tinha medo do escuro quando era criança, e isso não colaborava com nada, e não queria ficar sozinho também, uma luz acesa e os meus pais comigo resolviam isso, entretanto o que desejava pra estar comigo era ele, o meu Bruninho.

Eu pedia pra ele dormir comigo por conta disso, não só por isso também, ficar longe dele era como se me sentisse sozinho e sem ninguém, abandonado.

Dessa forma, quando ele ia pra a casa dele, mesmo sendo bem ao lado da minha, eu sentia falta dele a cada segundo, doía, era dolorosamente difícil, ficava triste e afogado em água de choro.

Foi quando em uma noite nessa mesma situação, repentinamente comecei a suar, e depois minhas mãos começaram a tremer, coisa que nunca aconteceu. E meus pais imediatamente me levaram ao hospital, onde fui precocemente diagnosticado com princípio de ansiedade, e comecei a me cuidar.

Com isso, o Bruno passou a dormir mais na minha casa, a tia Carla e o tio Ben ficaram muito preocupados, e o levava mais vezes, e outras me levavam até lá, e o Bruno queria isso também, ele gostava igual, e embora criança igual eu, com oito anos, passou a cuidar de mim da forma que sabia.

Os nossos pais eram um jeito raro e incondicional de família, onde haviam dois casais, e uma relação de conexão inconfundível e única de amor.

Bruno e eu era como se fôssemos irmãos, só que em casas e pais diferentes, e não era como se fôssemos, pois a gente era, e por fração de segundo até mais que isso.

Nossas almas estavam entrelaçadas sem precisar de uma gota de laço sanguíneo, o que havia correndo nele era o que importava, o que você representava pra mim diante de ter algum traço sanguíneo ou não era basicamente um nada, você era o meu sangue Bruno, o que mais percorria nele era você, e na maior parte dele só havia concentrações de você.

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O meu melhor amigo héteroOnde histórias criam vida. Descubra agora