Capítulo 23

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Hoje é o meu primeiro dia de aula sem a presença do Bruno. Desde ontem, todo o conteúdo dos meus pensamentos são formados por ele, quando dormi era ele em todos os sonhos, os bons e os não tão bons assim. Até quando não penso em nada, ele está aqui.

E pensar que há alguns dias atrás ele estava inteiramente dentro de mim. Eu sentia o cosmos em toda a transa, especificamente nos movimentos em que o pau dele entrava e depois voltava para mim, infinitamente, tudo de novo, por uns vinte minutos. Os minutos em que eu mais me senti vivo, em toda a minha vida. No dia da transa com o Bruno eu senti que estava aqui, nesse planeta, conectado a existência. O Bruno fez eu me sentir que estou aqui, por meio do que há de mais precioso nele além dele, o órgão genital dele, enfurecido e pulsante dentro de mim.
Me sentia inegavelmente a um vampiro, quando sulga todo o sangue de sua presa mais ambiciosa, letal e perigosa, incontrolável e infecciosa. O pau do Bruno, especialmente o movimento que ele executa é infeccioso, impossível de reverter, um extermínio.

Levanto, e o resto do dia será uma repleta incógnita.

- Bom dia! - digo, ao descer as escadas.

- Bom dia amor. - a minha mãe responde em pé, preparando algo para o café, ao eu beijar a bochecha dela, e o meu pai está sentado, comendo.

- Bom dia filho, senta que a sua mãe está fazendo panquecas. - ele diz.

Hmm.. panquecas.. - eu já as sinto na boca, antes de comer.

- Os pais do Bruno ligaram? Ou o Bruno? - interrogo.

Eles se entreolham.

- Sim. - a minha mãe mesquinhamente responde.

- E o que disseram? - com expressão de interrogação eu questiono.

- Queriam saber de você, como você está. - ela fala, muito pouca coisa, de novo.

Balanço a cabeça, querendo dizer: "E?".

- Só isso? - insatisfeito eu digo.

- O Bruno não quis falar, ela ainda está triste, processando a informação. - ela me surpreende no que diz.

- Presumo que ele vai ficar longe um tempo então? - rebato.

- Acredito que sim. - a minha mãe diz calmamente.

Não gosto do que ouço, e volto para o quarto correndo, tentar ligar para ele. Ele não respondeu as minhas mensagens desde ontem.

Ligo, porém ele não atende.

Eu até posso entender ele ter precisado se distanciar um pouco, mas em questão a me ignorar me nego a entendê-lo.

- O Bruno não me responde.. - digo, rolando as mensagens no celular, ao caminhar com as minhas amigas pela escola.

- Normal ele querer isso agora né? - a Brenda diz.

- Eu não acho muito. - a Carine rebate, e fica entre elas duas a conversa, enquanto o meu foco está nas mensagens que enviei.

- Lucas? - a Brenda me cutuca. - Volta para a escola. - ela completa, se referindo a minha consciência distante dali.

- Desculpa. - eu solto o ar. - Eu não estou conseguindo entender. - termino a frase, perdido em mar de niilismo.

- É só esperar ele voltar, não é? Ele não vai demorar a voltar. Afinal, ele não se transferiu de escola. - a Carine cirurgicamente traz claridade a minha mente, acendendo até faróis.

- Verdade, ele não vai demorar muitos dias, afinal de contas estamos no último mês de aulas. - eu me reconforto.

- Problema resolvido. Não precisa pensar mais nisso, agora vamos para a aula. - Brenda diz, nos puxando em direção ao corredor da nossa sala.

Ao entrarmos, já vejo os irmãos ruivos de longe. O Carter e a Vivian. O Carter está no assento ao lado do meu, o lugar do Bruno. Eu e as minhas amigas nos direcionamos aos nossos respectivos lugares, e sento, de costas para o Carter. Sinto uma mão no meu ombro, e me viro.

- Lucas, você está bem? - ele gentilmente pergunta.

- Oi Carter, eu estou sim. Foi só um susto. - digo, sorrindo de canto.

- Eu quis ir visitar você, mas estive ocupado. - ele explica.

- Tudo bem. - respondo, no momento em que o professor de biologia chega.

- O que vai fazer hoje a tarde? - ele indaga.

- Ainda não sei. - converso, enquanto ainda o professor não dá início a aula.

- O Bruno não vai vim hoje? - Carter questiona.

- Não. - digo, e prefiro pensar que não disse isso.

- O que acha de ir jogar boliche a noite? Encontrei um lugar bem legal esses dias. - ele me convida.

- Eu topo. - respondo, sem hesitar.

- Fechado. - o mesmo responde, ao professor dar início a aula, e ele se virar para a frente.

...

- O Carter me convidou para ir jogar boliche hoje a noite. - revelo as meninas, quando caminhamos em direção até a saída da escola.

- Você vai? - a Brenda pergunta.

- Vou. Estou precisando me distrair. - digo, reflexivo.

- Faz um bom tempo que nós não curtimos uma noite no boliche, vamos todos? - Carine sugestiona.

- Eu gostei, boa ideia! - Brenda aceita, animada.

- Ótimo. Assim será bem melhor. - falo, ao entrar no carro dos meus pais, me despedindo delas com um sorriso, e acenando.

O meu melhor amigo héteroOnde histórias criam vida. Descubra agora